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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

O MELHOR DE 2021: LIVROS



20. “Azulejos Pretos”,
de Pedro Bidarra
Ed. Guerra & Paz Editores, Novembro de 2020

“(...) Com brilhantismo, o autor faz da casa de banho o lugar democrático e diverso por excelência. O mosaico antigo e desirmanado é um modelo de diversidade, a manta remendada é uma metáfora do comodismo, as mamas são um ícone do firmamento digital, a estátua grega é um salvo conduto para o delicado sabor a ambrósia, a cabeçada no nariz é um argumento honesto a pontuar o discurso em momentos em que o verbo não chega e a lambidela de cu é o garante da glória eterna do poeta (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/02/livro-azulejos-pretos.html.



19. “António Variações – Entre Braga e Nova Iorque”,
de Manuela Gonzaga
Ed. Bertrand Editora, Junho de 2018

“(...) Numa escrita cuidada, reveladora de um enorme respeito e carinho pelo artista, Manuela Gonzaga mostra-nos um António Variações “de uma genuína delicadeza, de uma imensa sensibilidade e de um enorme sentido de humor a raiar o cáustico”, ao mesmo tempo que recorda um tempo e uma sociedade a erguer-se das sombras da ditadura e a abraçar a novidade com um misto de desconfiança e ilusão (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/01/livro-antonio-variacoes-entre-braga-e.html.



18. “A Morte não É Prioritária - Biografia de Manoel de Oliveira”,
de Paulo José Miranda
Edição | Rui Couceiro
Ed. Contraponto Editores, Setembro de 2019

“(...) É um trabalho minucioso em busca dos fios de uma meada complexa, unidos com sabedoria e paixão para formar a peça de uma vida. Uma peça tornada mais bela ainda graças aos conhecimentos que o biógrafo demonstra sobre o cinema em geral e sobre os filmes de Oliveira em particular, permitindo-lhe mostrar que, mais do que a obra em si, está o homem e o seu pensamento, os conceitos ontológicos que defendia, as correntes artísticas como forma de expressão e, sobretudo, as convicções mais íntimas das quais nunca abdicou (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/07/livro-morte-nao-e-prioritaria-biografia.html.



17. “Um Passo para Sul”,
de Judite Canha Fernandes
Edição | Guilherme Valente
Ed. Gradiva Publicações, Setembro de 2019

“(...) A autora é exímia em fazer viver em nós as personagens deste seu livro. São elas que nos pedem que abracemos “toda essa margem sem sentido aparente, vinda do resto do corpo, da mística, da batida de um sentimento, das vidas anteriores”, que juntemos outras moléculas e aceitemos que o universo é uma coincidência. São elas que nos provam que os acasos são sempre consequentes, que a racionalidade é uma arrogância. E são ainda elas que nos incitam a dar valor ao tempo de uma espera, porque no fim da linha encontraremos, enfim, a paz (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/01/livro-um-passo-para-sul.html.



16. “O Delfim”,
de José Cardoso Pires
Ed. Herdeiros de José Cardoso Pires e Publicações Dom Quixote, 1968 (Ed. Editora Planeta DeAgostini para a presente edição, 2001)

“ (...) Falando a várias vozes, a vários tempos, recorrendo às monografias, aos cadernos de apontamentos ou à sua própria memória, reproduzindo as conversas dos outros ou o seu pensar em voz alta, Cardoso Pires oferece um conjunto de camadas narrativas que se interpenetram e complementam, adensando a trama e deixando o leitor cada vez mais preso ao livro. Personagens, tempos e lugares de um enredo labiríntico são aqui “espremidos até ao tutano”, a essência de cada um dispensada gota a gota, exigindo do leitor um trabalho de desconstrução com tanto de laborioso como de fascinante (...). Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/08/livro-o-delfim.html.



15. “Movimento”,
de João Luís Barreto Guimarães
Edição | Francisco José Viegas
Ed. Quetzal Editores, Outubro de 2020

“(...) “Movimento” é uma extraordinária colecção de poemas que exaltam os nadas de que a vida é feita: uma aspirina que se dissolve num copo de água esquinado, um gato deitado sobre uma campa no cemitério, a chuva que cai nos telhados, a barba de uma semana que se escoa pelo ralo do lavatório, um velho guarda-chuva preto que não resiste ao temporal, o canto das cigarras, um bar em Veneza (não propriamente um bar mas uma dessas trattorias). E discussões absurdas. E instruções quanto ao uso de uma faca. E conselhos para quando precisarmos de engolir a fúria (...). Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/04/livro-movimento.html.



14. “Almoço de Domingo”,
de José Luís Peixoto
Edição | Francisco José Viegas
Ed. Quetzal Editores, Março de 2021

“(...) Porque é de tempo que o livro nos fala, ele é também um convite a percebermos o valor que damos ao nosso próprio tempo e àquilo que com ele fazemos. O que o conforma e o que o condiciona. O porquê de passar tão devagar em certos momentos e de correr noutros à velocidade da luz. As memórias que nele cabem e quanto de verdade existe nessas memórias. Quanto desse tempo é partilhável e quanto desapareceu, perdido para sempre na inevitabilidade das suas dobras (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/03/livro-almoco-de-domingo.html.



13. “Vamos Então Falar de Árvores”,
de António Canteiro
Ed. Edições Húmus e Autor, Novembro de 2020

“(...) Na terra lavrada vemos “as arvéolas a andarem de cá para lá, saltitantes, a ciscarem seus bichos” e com a tempestade trememos, “as árvores, abrigos e outros ventos a seguirem com força, a caírem, a ficarem destelhadas as casas”. E depois há toda uma riqueza de vocabulário que nos faz bem, seja numa tardada de gente ou no dar à tramela, nas norças dos dedos ou no ir às sortes, no de-comer, nos lomedros e pegamasso e engaranhado e zamborrada, nos rinzes. No antes e no agoramente (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/02/livro-vamos-entao-falar-de-arvores.html.



12. “Caderno de Memórias Coloniais”,
de Isabela Figueiredo
Ed. Editorial Caminho, Julho de 2015 (9ª edição, Setembro de 2020)

“(...) Tal como em “A Gorda”, Isabela Figueiredo demonstra não ter papas na língua na altura de arrumar dentro de si um passado onde abundam mentiras e contradições. Um passado cuja dor não se esgota no deixar para trás uma África de todas as cores, antes se agrava nos tons cinza que a esperam à chegada ao rectângulo, retornada sem o ser. “Andaste a roubar os pretos e julgas que havemos de te servir camarão num prato de ouro!”, escuta, ao mesmo tempo que lhe põem à frente um prato de bofe com arroz (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/04/livro-caderno-de-memorias-coloniais.html.



11. “Quarto de Despejo”,
de Carolina Maria de Jesus
Ed. VS. Editor, 2020

“(...) Pintadas de cores amargas, as paisagens da favela surgem totalmente desprovidas de luz ou de brilho, excepção feita aos instantes que Carolina Maria de Jesus dedica à leitura e à escrita. A parca instrução recebida revelou-se suficiente para que a autora desenvolvesse em si o gosto pela literatura, adoptando-a como arma de denúncia de uma sociedade profundamente desigual. É pela escrita que Carolina Maria de Jesus sai em busca de uma espécie de redenção, em rasgos de génio que mostram o quão libertadoras podem ser as palavras (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/07/livro-quarto-de-despejo.html.



10. “Flecha”,
de Matilde Campilho
Ed. Edições Tinta-da-china, Agosto de 2020

“(...) Inscrito na tradição oral de passar as histórias de geração em geração, “Flecha” abre-se em recados de amor à vida, nos seus “milhões de feitiços, não isentos de medo”, os sonhos apontados ao dia seguinte. Preenchendo um território tão vasto quanto o universo, as histórias brilham com o fulgor de um cometa, deixando no seu rasto símbolos, premonições, visões ou apelos. Delicadas e sensíveis como a flor da peónia, reflectem o olhar de quem vê com a alma, as imagens a nascerem de mil formas e cores, a vingarem muito além das palavras e a alojarem-se no nosso mais profundo, nesse lugar a que chamamos coração (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/03/livro-flecha.html.



9. “Contra Mim”,
de Valter Hugo Mãe
Ed. Porto Editora, Outubro de 2020

“(...) Este mergulho de Valter Hugo Mãe no seu mais íntimo é um convite ao leitor para que o faça também. Sem embaraços nem reservas. Mais do que de verdade, é de bondade e de espiritualidade que estão carregadas as palavras do autor, naquilo que revelam do eu mais fundo. Este é o tempo da curiosidade que se sobrepõe aos medos, dos mitos derrubados um por um, das fronteiras imaginárias vencidas, do fruto proibido tomado nas mãos, levado à boca e saboreado com deleite e demora. Tal como Valter Hugo Mãe, não somos mais os meninos de belíssimas intenções que fomos, essas crianças de uma pureza que ainda hoje nos inspira (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/04/livro-contra-mim.html.



8. “Maremoto”,
de Djaimilia Pereira de Almeida
Ed. Relógio D’Água Editores, Abril de 2021

“(...) No grande teatro da vida, com anjinhos a voar num céu pintado de azul e nuvens, Boa Morte, Fatinha e tantos iguais a eles são actores ante uma plateia vazia. Por muito nobre que seja o carácter de uns, por muito belos e inocentes que sejam os gestos de outros, ninguém paga para entrar, todos preferem continuar a viver a sua vida de mentira, dentro de muros cada vez mais altos, fazendo rolar por baixo da porta um ou dois euros “só para não ter chatices (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/12/livro-maremoto.html.



7. “Deus Pátria Família”, 
de Hugo Gonçalves
Edição | Clara Capitão
Ed. Companhia das Letras, Maio de 2021

É de uma enorme inteligência a forma como, a seu bel prazer, o autor se permite subverter os acontecimentos, mantendo uns e alterando outros, por vezes de forma drástica face àquilo que foi o curso da História. Piscando o olho ao leitor, convida-o a passear-se no campo das suposições e a remexer nas suas memórias, equilibrado nessa imprecisa linha que separa o real do ficcionado (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/12/livro-deus-patria-familia.html.




6. “Integrado Marginal - Biografia de José Cardoso Pires”,
de Bruno Vieira Amaral
Edição | Rui Couceiro
Ed. Contraponto Editores, Junho de 2021

“(...) Bruno Vieira Amaral soube resistir estoicamente àquilo que terá sido uma enorme tentação e tudo o que nos é dado a ler é factual e resulta de milhares de horas de pesquisa exaustiva e das muitas conversas que manteve com figuras directa ou indirectamente implicadas na história de Cardoso Pires, nomeadamente a sua mulher, Edite, e as suas duas filhas, Ana e Rita. Por outro lado, “Integrado Marginal” fornece um conjunto de ferramentas essenciais para uma melhor leitura e compreensão da obra de José Cardoso Pires, fazendo de nós leitores mais capazes (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/08/livro-integrado-marginal-biografia-de.html.



5. “O Retorno”,
de Dulce Maria Cardoso
Ed. Edições Tinta-da-china, 2011
Edição comemorativa Outubro de 2021 (14ª edição)

“(...) A escrita directa, os relatos factuais de um conjunto de momentos de grande tensão, os conflitos interiores dominados pela raiva e pela revolta e a enorme franja de emoções tintadas de nostalgia e saudosismo fazem deste livro um dos mais importantes documentos para a compreensão de um período que lançou portugueses “de cá” e portugueses “de lá” uns contra os outros (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/12/livro-o-retorno.html.



4. “O Anjo Pornográfico - A Vida de Nelson Rodrigues”,
de Ruy Castro
Ed. Tinta-da-china, Agosto de 2017

“(...) Na sua extraordinária forma de percorrer os fios da História, o autor oferece-nos a possibilidade de entrever as linhas com que Nélson Rodrigues coseu 68 anos de uma vida plena. Para uns um génio ou um santo, para outros um canalha, um tarado, um reaccionário, Nélson Rodrigues fez parte dos jornais e revistas no berço, na plenitude e na morte. Atravessou todas as revoluções gráficas, estilísticas e empresariais da imprensa naquele período e acompanhou de perto todas as transformações políticas do Brasil. Numa delas, a de 1930, esteve no lugar da vítima (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/06/livro-o-anjo-pornografico-vida-de.html.



3. “Cartografias de Lugares mal Situados (10 Contos da Guerra)”,
de Ana Margarida de Carvalho
Ed. Relógio D’Água Editores, Junho de 2021

“(...) Ao longo destes “10 Contos da Guerra”, a autora explora a bestialidade, o absurdo e a maldade que se espalham em cada conflito, pondo a nu o pior da natureza humana. O seu olhar rasga fronteiras, entra nas casas e penetra no íntimo das pessoas, expondo-o mais as suas feridas de guerra. De súbito, os actos heróicos da resistência francesa ficaram lá longe, sobrando umas mãos como tentáculos desarticulados de um polvo seco; os ecos da Guerra Civil de Espanha diluem-se no toque rijo e são de uma prótese de madeira; a Guerra da Síria é um homem com cheiro a salgado, olhos de urgência e dedos de ganância (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/10/mal-situados-10-contos-da-guerra.html.



2. “As Doenças do Brasil”,
de Valter Hugo Mãe
Ed. Porto Editora, Setembro 2021

“(...) Impregnado de uma forte espiritualidade, repleto de homens e mulheres “imprudentemente poéticos”, “As Doenças do Brasil” é um livro poderoso, tanto pelas imagens que convoca como pela mensagem que pretende espalhar. Ao proclamar ideias de pureza e humildade, mas também de coragem e justiça, na figura de dois adolescentes muito diferentes entre si, Valter Hugo Mãe estabelece um fortíssimo contraponto à maldade e ignomínia que preenchem os corações daqueles que tomam a cor da pele como um sinal de superioridade, para desprezar, humilhar, oprimir e aniquilar (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/11/livro-as-doencas-do-brasil.html.



1. “ - Hífen - “,
de Patrícia Portela
Ed. Editorial Caminho, Abril de 2021

“(...) Entre notas de um caderno, entradas de um muito particular alfabeto e ementas peculiares, o que Patrícia Portela nos vem dizer é que os hífens estão em toda a parte. Juntam coisas e pessoas, fazem a ponte para novos caminhos, multiplicam-se em conceitos, dão sentido aos sonhos e carregam às costas os males do mundo. Têm as costas largas, os hífens. São arautos da desgraça e bodes expiatórios. Mas são imprescindíveis, fazem parte da nossa vida, até nas mais pequeninas coisas. Estão no nosso código genético e trazem consigo a marca da sobrevivência (...)”. Tudo para ler em https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2021/07/livro-hifen.html.

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