CONCERTO: Ensemble Vocal EPME
Ensemble Vocal da Escola Profissional de Música de Espinho
Direcção musical | Luís Castro, Miranda Sinani
Com | Luís Duarte (piano)
ReabilitaSons 2025
Centro de Reabilitação do Norte
27 Mar 2025 | qui | 17h30
Foi um final de tarde feliz, aquele vivido no Centro de Reabilitação do Norte na passada quinta feira. Perante um numeroso público, que encheu de alegria e sorrisos o espaço luminoso onde decorreu o evento, o Ensemble Vocal da Escola Profissional de Música de Espinho teve para oferecer um programa dedicado à voz e à expressão vocal, tanto numa vertente próxima do canto popular e, em particular, dos cânticos de trabalho, quanto numa vertente mais lírica, com abordagens a vários géneros musicais, em particular à música clássica. Integrando o ciclo “ReabilitaSons”, conjunto de cinco momentos musicais do qual este foi o segundo (depois do Combo de Jazz, no passado dia 06 de Março), o concerto juntou à vertente de saúde, pela importância das actividades deste âmbito no processo de reabilitação dos doentes, as componentes artística e educacional, reunindo um coro de quinze alunos da EPME, sob a direcção musical de Luís Castro e Miranda Sinani e com acompanhamento ao piano de Luís Duarte.
Os dois temas que abriram o concerto levaram os presentes numa viagem à Bulgária, ao encontro da sua tradição vocal e dos seus executantes, geralmente conhecidos por vozes búlgaras. “Bre Petrunko” e “Vecheryai, Rado” mostraram um conjunto de vozes de grande harmonia, capazes de transmitir as particularidades de uma música muito influenciada pela história trácia, otomana e bizantina da Bulgária, com os seus maravilhosos timbres inconfundíveis, escalas modais, ritmos irregulares e harmonias dissonantes. O momento teve o condão de conquistar o público e predispô-lo para os registos a solo ou em duo que se seguiram, com acompanhamento do piano. Numa bonita voz, Joana Pereira trouxe-nos “Heart of Stone”, um tema composto por Toby Marlow para o musical da Broadway, “Six”, viagem de cinco séculos entre a Inglaterra dos Tudor (o título remete para “As Seis Mulheres de Henrique VIII”) e os actuais ícones da pop.
Guilherme Oliveira mostrou-se convincente nas interpretações de “La Conocchia”, de Gaetano Donizetti, “Die Nacht”, de Richard Strauss e “Quero Cantar, Ser Alegre”, de Francisco de Lacerda, temas integrantes dos repertórios de alguns dos mais importantes cantores líricos do mundo e que, no Centro de Reabilitação do Norte, foram merecedores de vivos aplausos. Em crescendo, Polina Arkhanhelska interpretou, com grande segurança, “Mandoline”, de Fauré, para de seguida protagonizar, com Guilherme Oliveira, o mais aclamado momento do concerto, graças à apaixonada interpretação de “Love Unspoken”, da opereta “A Viúva Alegre”, de Franz Lehár. O coro voltou ao palco para novo tema do cancioneiro tradicional búlgaro, “Dilmano Dilbero”, as sonoridades arrebatadoras a tomarem de novo conta dos presentes. A fechar o concerto, a escolha recaiu sobre um tema da nossa tradição, o “Coro das Maçadeiras”, com a expressão corporal e a percussão a juntarem-se às vozes, num final enérgico e particularmente apelativo. Bravíssimo!