10. “Medeia é Bom Rapaz”,
de Luis Riaza
Encenação e Dramaturgia | Fernanda
Lapa
Interpretação | André Leitão e
Ruy Malheiro
Produção | Escola de Mulheres
“ (…) Centrando a acção no
episódio de Corinto – no qual a maldade atinge o paroxismo, a
própria Medeia a matar os filhos antes de fugir para Atenas, não
num acesso de loucura, mas num acto de fria e premeditada vingança
em relação ao marido infiel –, a peça de Luis Riaza releva a
função do próprio teatro naquilo que ela tem de questionamento dos
conceitos de realidade, de verdade, de existência. É genial a forma
como o autor se apodera do mito clássico e o actualiza, o teatro
centrado nas questões do poder, o jogo de representação baseado
nas normas e convenções, nos mecanismos da ordem e das hierarquias.
O modo como a relação entre Medeia e a Ama passam do formal para o
íntimo, cada uma das personagens tornada espelho da outra, funciona
como um convite ao espectador a que espreite para o interior do seu
próprio mundo e seja ele também o outro de si mesmo, representação
e jogo, ficção e realidade, verdade e mentira ao mesmo tempo
(...)”. Tudo para ler em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/09/teatro-medeia-e-bom-rapaz.html
9. “Ivone, Princesa de Borgonha”,
de Witold Gombrowicz
Encenação | António Pires
Interpretação | Maria João Luís,
Marcello Urgeghe, João Barbosa, Mário Sousa, Alexandra Sargento,
Hugo Mestre Amaro, Cláudia Alfaiate, Nuno Casanovas, Francisco
Vistas e Carolina Campanela
Produção | Teatro do Bairro
“ (…) Comédia? Drama? Farsa? Conto
de fadas? É difícil classificar “Ivone, Princesa de Borgonha”
de forma assim tão linear. Imaginativa e provocadora, a peça
revela-se duma riqueza e actualidade extraordinárias, apontando o
dedo acusador aos poderosos deste mundo, ao mesmo tempo que vai
desmontando questões tão pertinentes como inteligência e poder,
estatuto e competência, os espaços de manobra, as bases do poder,
auto-confiança e domínio ou, ainda, a questão do poder como um
vício. A peça é também uma reflexão na ampla esfera das
liberdades, onde tudo se permite a quem detém o poder e tudo é
negado aos mais pobres e desfavorecidos, obrigados ao mutismo e ao
vazio de ideias, habituados a que os poderosos pensem pela cabeça de
todos e falem pelas suas próprias bocas (…)” Tudo para ler em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/04/teatro-ivone-princesa-de-borgonha.html
8. “Veneno”,
de Cláudia Lucas Chéu
Direcção | Albano
Jerónimo
Interpretação | Albano Jerónimo, Luís Puto
Produção
| teatronacional21
“ (…) Não descurando o mérito de
Cláudia Lucas Chéu no desenvolvimento duma narrativa crua e
implacável, com tanto de intenso como de actual, é para Albano
Jerónimo que vai uma enorme ovação pela forma como encarna a
personagem principal. Metamorfoseando-se na figura dum homem
desequilibrado e doente, que se refugia na bebida para escapar de si
próprio e dos seus fantasmas, ele é o vínculo vivo entre o texto,
as directivas do encenador (no caso o próprio actor) e o olhar e
sentir do público. À sua capacidade interpretativa se deve a forma
como a peça se derrama sobre o espectador, desarmando-o, primeiro,
para de seguida o arrasar com uma sequência precisa e inclemente de
murros no estômago (…) “. Tudo para ler em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/11/teatro-veneno.html
7. “Otelo”
A partir de | “The Tragedy of
Othello, the Moor of Venice” (1604), de William Shakespeare
Encenação | Nuno Carinhas
Interpretação | João Cardoso,
Maria João Pinho, Pedro Frias, Dinarte Branco, António Durães,
Diana Sá, Joana Carvalho, Jorge Mota, Paulo Freixinho, Pedro
Almendra
Produção | Teatro Nacional de S.
João
“ (…) Tragédia do ciúme, Otelo é
uma peça de construção perfeita, a psicologia do Mouro ciumento e
a maldade diabólica de Iago – bem como a lógica dos
acontecimentos – a conduzirem o espectador ao clima dos grandes
modelos das tragédias gregas citadas por Aristóteles. Ao longo das
suas quase três horas, a peça mergulha no preconceito racial e
religioso, reflecte no contraste entre a realidade e as aparências,
denuncia o ciúme injustificado e prova o quão tortuosa pode ser a
mente humana. Se, por um lado, Iago tem o talento de perceber quais
os maiores receios de Otelo, agindo sobre eles mediante a criação
duma realidade que não existe, já o mouro constrói obsessivamente
uma interpretação a partir de meias-verdades e insinuações, o uso
retórico da linguagem a revelar-se fundamental na forma como se
consolida este jogo de enganos (...)”. Tudo para ler em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/10/teatro-otelo.html
6. “Montanha-Russa”,
de Inês
Barahona e Miguel Fragata
Encenação | Miguel
Fragata
Interpretação | Anabela Almeida, Bernardo Lobo Faria,
Carla Galvão, Miguel Fragata, Hélder Gonçalves, Manuela Azevedo,
Miguel Ferreira, Nuno Rafael
Produção | Formiga Atómica
“(...) Ser adolescente é viver numa
permanente montanha-russa. É esta a imagem que atravessa o
espetáculo criado por Inês Barahona e Miguel Fragata, um musical
destinado a todos os públicos onde se impõem temas como a amizade,
a descoberta, os ajustes de contas, a agressividade e a passividade
em relação à família, uma relação muito forte com os amigos ou
a pertença a um grupo. As quatro histórias estão unidas por uma
montanha-russa, a Ciclone, a maior alguma vez construída, com 26
metros de altura. Nesta fase da vida, em que se vai “do topo do
mundo ao lugar mais profundo”, como diz uma das canções, as
vivências e as angústias que os quatro jovens experimentam em palco
não destoam das que os adolescentes vivem na realidade. Ali se fala
do primeiro cigarro (e de todas as primeiras vezes), da vontade de
morrer, das loucuras, do medo de crescer, de muito mais (...)”.
Tudo para ler em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/06/teatro-montanha-russa.html
5. “Teatro”
Texto, Encenação e Espaço Cénico
| Pascal Rambert
Interpretação | Beatriz Batarda,
Cirila Bossuet, João Grosso, Lúcia Maria, Rui Mendes
Produção | Teatro Nacional D.
Maria II
“ (…) O efeito de vermos uma coisa
e depois darmo-nos conta de que se trata de algo diferente é, também
isso, teatro. E “Teatro” está cheio deste jogo entre o real e o
aparente, a dúvida sempre presente a pedir ao espectador que faça
uma leitura muito atenta das relações que se estabelecem em palco,
das falas, dos gestos, das roupagens que uns e outros vão vestindo
ou das quais se vão libertando. Quando Beatriz Batarda entra pela
primeira vez em cena, uma fúria com tudo aquilo em que Lisboa se
está a transformar, isso é teatro ou é real? Ou quando João
Grosso interpreta duas versões da “Ode Marítima”, como
destrinçar o que é real e o que é teatro? (...)”. Tudo para ler
em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/10/teatro-teatro.html
4. “Actores”,
de Marco Martins
Encenação | Marco Martins
Interpretação | Bruno Nogueira,
Carolina Amaral, Miguel Guilherme, Nuno Lopes, Rita Cabaço Produção
| Arena Ensemble, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Nacional S. João
e Centro de Arte de Ovar
“(...) Recuperando algumas das muitas
memórias, os actores lembram vitórias e derrotas, chamam para
primeiro plano o início da sua caminhada na arte de representar,
falam de audições em que participaram e expõem abusos de
encenadores, realizadores e professores de teatro, recordam a
figuração, os anúncios de TV ou as festas privadas que têm, por
vezes, de suportar. Ao de cima vem o desgaste emocional que a
profissão acarreta – não é por acaso que se fala em “desistir
e partir para outra”, se descrevem pesadelos, se contam histórias
de “brancas”. São três horas em que acompanhamos o trajecto
daquelas cinco personagens, fazendo de si próprias ou do “vizinho
do lado”. São histórias e são memórias que fazem rir e chorar.
É o jogo do gato e do rato entre o real e o ficcionado, na certeza
de que é no meio que está a virtude. É o teatro na sua condição
natural, centrípeto, máquina que sofre e faz sofrer, que contraria,
que contagia (...)”. Tudo para ler em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/02/teatro-actores.html
3. “Caranguejo Overdrive”
Encenação | Marco André Nunes
Interpretação | Carolina Virguez,
Alex Nader, Eduardo Speroni, Matheus Macena, Fellipe Marques
Produção | Aquela Cia. de
Teatro
“(...) Conjugando o brilhantismo dum texto
apoiado na estética e sonoridade do movimento artístico
“manguebeat”, de Chico Science (meados da década de 90), com a
capacidade interpretativa dos cinco actores e três músicos em palco
– sublime Carolina Virgüez no “monólogo da visita guiada”,
toda ela rigor, expressividade, humor e encantamento -, “Caranguejo
Overdrive” é uma lição de teatro intensa e profunda, como um
sopro vital. A energia que emana dum forte vínculo ao teatro
experimental, a força da sua mensagem política e de intervenção e
a riqueza das imagens que convoca, resultam em momentos de teatro
únicos, modelares, inspiradores. Esta é uma daquelas peças que
arrastam o espectador numa torrente emocional de palavras, gestos e
ideias, obrigando-o a envolver-se numa realidade que também é sua,
na certeza de que qualquer transformação social só ganha sentido
como acto solidário (...)”. Tudo para ler em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/06/teatro-caranguejo-overdrive.html
2. “Provisional Figures”
Texto | Isabela Figueiredo e Gonçalo
M. Tavares
Encenação e Dramaturgia | Marco
Martins
Interpretação | Ana Moreira, Ivan
Ammon, Maria do Carmo Ferreira, Pedro Cassimo, Pete Dewar, Richard
Raymond, Robert Elliot, Sérgio Cardoso de Pinho, Victoria River
Produção | CCTAR – Centro de
Criação para o Teatro e Artes de Rua
“(…) Com “Provisional Figures”,
Marco Martins volta a privilegiar o teatro do real, oferecendo-nos
uma peça de enorme significado e alcance, em nome da crise, uma
verdade que não pode ser esquecida. Uma crise que se revelou
tremenda para milhões de pessoas sobretudo nos países do Sul da
Europa, desestruturou famílias, comunidades inteiras, levou ao
desemprego em massa, encerrou milhares de micro, pequenas e médias
empresas... mas que deu muito jeito a alguns. E que pode estar aí ao
virar da esquina, doa a quem doer, porque pode vir a dar jeito a
alguns outros, afinal os mesmo de sempre. A presença dos não
actores em palco reforça a mensagem, espicaçando recorrentemente o
público com essa ideia tão querida ao encenador de que “todo o
mundo é um palco” (…)”. Tudo para ler em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/06/teatro-provisional-figures.html
1. “Mendoza”
Ideia original e direcção | Juan
Carrillo
Interpretação | Marco Vidal,
Mónica del Carmen, Erandeni Durán, Leonardo Zamudio, Martín
Becerra, Germán Villarreal, Ulises Martínez, Alfredo Monsivais,
Roam León y Yadira Pérez
Produção | Los Colochos Teatro
“ (…) Da sábia forma como funde o
clássico com o moderno, retira “Mendoza” a sua grande força e
fascínio. É que não se trata apenas de reinterpretar um texto
maior da literatura, algo feito pela enésima vez em teatro. É
sobretudo na encenação, na forma como Juan Carrillo se apega ao
detalhe, coreografa os movimentos e tira o maior partido da
intensidade do brilhante texto - uma adaptação sua e de Antonio
Zúñiga -, que reside a marca distintiva desta peça. E há, claro,
os actores, rigorosos na forma como encarnam as personagens,
convincentes na sua enorme expressividade, comoventes na musicalidade
das suas palavras, emocionantes na naturalidade com que interagem com
o público (...)”. Tudo para ler em
https://errosmeusmafortunaamorardente.blogspot.com/2018/06/teatro-mendoza.html
Sem comentários:
Enviar um comentário