TEATRO: “Actores”,
de Marco Martins
Encenação | Marco Martins
Interpretação | Bruno Nogueira,
Carolina Amaral, Miguel Guilherme, Nuno Lopes, Rita Cabaço Produção
| Arena Ensemble, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Nacional S. João e Centro de Arte de Ovar
Centro de Arte de Ovar | 25 Fev
2018 | dom | 17:00
Após a sua estreia no São Luiz
Teatro Municipal e passagem pelo Teatro Nacional de S. João, foi
agora a vez do Centro de Arte de Ovar receber a peça “Actores”,
com dramaturgia e encenação de Marco Martins. Casa cheia para três
dias de espectáculo – uma raridade no panorama concelhio - e um
público em delírio, absolutamente rendido à qualidade da peça e às
interpretações de Bruno Nogueira, Carolina Amaral, Miguel
Guilherme, Nuno Lopes e Rita Cabaço, são as marcas distintivas
deste verdadeiro acontecimento cultural por terras de Ovar.
Baseada em relatos autobiográficos
dos intérpretes – à excepção de Carolina Amaral que interpreta
as vivências de Luisa Cruz, actriz que integrava inicialmente o
projecto –, incluindo textos que os próprios já representaram ao
longo da sua carreira, “Actores” lança um olhar retrospectivo sobre a
profissão de palco e sobre os actores, identificados como “atletas
emocionais”. Em cena, os cinco dão corpo à proposta de Marco
Martins, levando o espectador a olhar para o trabalho de actor de
forma desconstruída, como se de um ensaio aberto ao público se
tratasse. Vemos, por exemplo, os tiques que os actores têm durante o
aquecimento, vemo-los de fato-de-treino, com papéis nas mãos e
vemo-los a repetirem o mesmo texto com diferentes entoações,
percorrendo a paleta de emoções humanas na íntegra.
Recuperando algumas das muitas
memórias, os actores lembram vitórias e derrotas, chamam para
primeiro plano o início da sua caminhada na arte de representar,
falam de audições em que participaram e expõem abusos de
encenadores, realizadores e professores de teatro, recordam a
figuração, os anúncios de TV ou as festas privadas que têm, por vezes, de
suportar. Ao de cima vem o desgaste emocional que a profissão
acarreta – não é por acaso que se fala em “desistir e partir
para outra”, se descrevem pesadelos, se contam histórias de
“brancas”. São três horas em que acompanhamos o trajecto
daquelas cinco personagens, fazendo de si próprias ou do “vizinho
do lado”. São histórias e são memórias que fazem rir e chorar. É o jogo do gato e do
rato entre o real e o ficcionado, na certeza de que é no meio que
está a virtude. É o teatro na sua condição natural, centrípeto,
máquina que sofre e faz sofrer, que contraria, que contagia. É o teatro no seu melhor!
[Foto: Jorge Gomes, Câmara
Municipal de Loulé / facebook.com/cineteatrolouletano/]
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