TEATRO: “Montanha-Russa”,
de Inês Barahona e Miguel Fragata
Encenação | Miguel Fragata
Dramaturgia | Inês Barahona
Texto e letras | Miguel Fragata
Música original | Hélder Gonçalves
Interpretação | Anabela Almeida, Bernardo Lobo Faria, Carla Galvão, Miguel Fragata, Hélder Gonçalves, Manuela Azevedo, Miguel Ferreira, Nuno Rafael
Produção | Formiga Atómica
Teatro Nacional de S. João
09 Jun 2018 | sab | 19:00
de Inês Barahona e Miguel Fragata
Encenação | Miguel Fragata
Dramaturgia | Inês Barahona
Texto e letras | Miguel Fragata
Música original | Hélder Gonçalves
Interpretação | Anabela Almeida, Bernardo Lobo Faria, Carla Galvão, Miguel Fragata, Hélder Gonçalves, Manuela Azevedo, Miguel Ferreira, Nuno Rafael
Produção | Formiga Atómica
Teatro Nacional de S. João
09 Jun 2018 | sab | 19:00
Ter 15 anos e querer fugir de casa para
dar um beijo no rapaz da feira. Ter 16 anos e perder a voz de menino
e passar a ter uma voz de cana rachada. Ter 13 anos e, de um dia para
o outro, ser uma menina crescida e não se sentir nada confortável
naquele corpo que é seu. Ter 18 anos e uma vontade louca de conhecer
o mundo e não ficar parado. A adolescência é aquele período da
vida em que deixamos de ser crianças e ainda não somos adultos. Em
que os pais não nos compreendem e só queremos estar com os nossos
amigos. Ou então ficar fechados no quarto a ouvir aquela música
muitas vezes. Em que precisamos desabafar com alguém a angústia de
não sabermos bem quem somos e de nos enrolarmos na intimidade de
escrever um diário.
Ser adolescente é viver numa
permanente montanha-russa. É esta a imagem que atravessa o
espetáculo criado por Inês Barahona e Miguel Fragata, um musical
destinado a todos os públicos onde se impõem temas como a amizade,
a descoberta, os ajustes de contas, a agressividade e a passividade
em relação à família, uma relação muito forte com os amigos ou
a pertença a um grupo. As quatro histórias estão unidas por uma
montanha-russa, a Ciclone, a maior alguma vez construída, com 26
metros de altura. Nesta fase da vida, em que se vai “do topo do
mundo ao lugar mais profundo”, como diz uma das canções, as
vivências e as angústias que os quatro jovens experimentam em palco
não destoam das que os adolescentes vivem na realidade. Ali se fala
do primeiro cigarro (e de todas as primeiras vezes), da vontade de
morrer, das loucuras, do medo de crescer, de muito mais.
Mergulhando vertiginosamente na
adolescência, retirando-a do lugar dos lugares-comuns e procurando
aproximá-la da dimensão da intimidade, “Montanha-Russa” retrata
a vivência e as preocupações, os picos de euforia e de depressão
da adolescência, viajando “do topo do mundo ao lugar mais
profundo”, como diz a “Canção da Primeira Vez”, interpretada
por Manuela Azevedo. Abrindo um parêntesis, importa dizer que, se os
músicos em palco são “meio espectáculo”, Manuela Azevedo é um
espectáculo por completo, de tal forma a peça gira em torno de si,
da sua capacidade musical mas, sobretudo, teatral. Tal como na vida
dos adolescentes, a música (composta por Hélder Gonçalves) tem em
“Montanha Russa” um papel importantíssimo, podendo ser
superdepressiva ou mostrar-se “a abrir”, ajudando a acompanhar o
crescimento destes adolescentes e levando o público “para outras
zonas, mais densas”. Crescer é como andar numa montanha-russa:
queremos que aquilo acabe depressa mas, depois, quando acaba,
gostaríamos de poder continuar. “A viagem vai continuar? Será que
isto não vai parar?”
[Foto: Filipe Ferreira]
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