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quinta-feira, 13 de abril de 2023

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Os Insubmissos" | James Nachtwey


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Os Insubmissos”,
de James Nachtwey
Centro Português de Fotografia
04 Mar > 30 Abr 2023


“A barbárie e a insensatez do ataque russo são inacreditáveis, mesmo quando eu vejo com os meus próprios olhos. O bombardeamento de residências civis, os disparos dos tanques à queima-roupa sobre casas e hospitais, o assassínio de não-combatentes em áreas ocupadas militarmente, fazem parte das tácticas usadas numa guerra que foi desencadeada sobre um estado soberano vizinho e não ameaçador... Pessoas “comuns” continuam a demonstrar uma coragem e determinação extraordinárias, se não mesmo teimosia, diante da imensa perda de vidas e destruição.” No final de mais um dia extenuante em cenário de guerra na Ucrânia, James Nachtwey enviou este texto no qual se adivinha o título da exposição. As palavras do multipremiado fotojornalista mostram-se em linha com o que dizem e revelam os fotógrafos de guerra em Bucha, Irpin e noutras localidades, reportando aquilo que Vladimir Putin insiste que o povo russo chame de «operação militar especial». Recusando-se a desviar o olhar dos verdadeiros custos do conflito, Nachtwey posiciona-se nessa missão maior que consiste em impedir que o mundo o faça.

Mostradas anteriormente em Coimbra, no âmbito do Prémio Estação Imagem 2022, as dez fotografias que compõem esta exposição preenchem o espaço de uma das enxovias da Cadeia da Relação, abrindo-se ao nosso olhar em desolação e dor. Trata-se de um “regresso” a Bucha, cenário de numerosos crimes de guerra, denunciados há escassos meses neste mesmo espaço pela lente do fotojornalista australiano Daniel Berehulak [ver “O Inverno Vermelho de Bucha”]. Na mulher que se ajoelha junto ao corpo do marido morto com um tiro na cabeça, no olho aberto e baço de mais uma das vítimas mortais do conflito que “espreita” de um saco para cadáveres ou no olhar perdido de um voluntário ucraniano que, de arma a tiracolo, ampara e abraça um idoso, após o ter ajudado a atravessar um rio, encontramos a mesma estupefacção e horror que preencheu o nosso olhar e a nossa mente face às dezenas de corpos exumados de uma vala comum e outros caídos nas ruas, nos quintais ou no interior das suas casas, abatidos de forma indiscriminada, que Berehulak já nos mostrara. Em qualquer dos casos a mesma interrogação: Porquê?

Considerado uma lenda viva do fotojornalismo, James Nachtwey mostra, aos 74 anos, um forte apego à sua profissão. Tímido e reservado, gosta de mergulhar em pensamentos filosóficos, usando a fotografia como uma arma pacífica para documentar a desigualdade e os conflitos sociais. Mas reconhece que a sua é uma luta inglória, patente na cada vez menor aceitação e interesse pelo seu objecto de trabalho, face a uma sociedade obcecada por imagens de entretenimento, celebridades e moda. Embora reconheça que perseguir a dor, a morte e a desgraça alheia possa ser visto como uma forma de exploração e sensacionalismo, o fotógrafo  contrapõem com uma verdade insofismável ao dizer-nos que seria ainda pior permitir que a miséria humana permanecesse clandestina e fora do alcance de uma acção. Duas curtas frases preenchem o rosto da sua página pessoal [AQUI]: “Tenho sido uma testemunha, e estas imagens são o meu testemunho. Os eventos que registei não devem ser esquecidos e não podem repetir-se”. “Os Insubmissos” prolonga-se até ao dia 30 de Abril e é uma exposição a não perder.

sábado, 4 de fevereiro de 2023

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: Prémio Estação Imagem Coimbra 2022


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: Prémio Estação Imagem Coimbra 2022
Vários autores
Centro Português de Fotografia
19 Nov 2022 > 05 Fev 2023


A “Estação Imagem” é uma associação cultural criada em 2007 e tem como finalidade estudar, debater e divulgar todos os aspectos ligados à imagem, com particular incidência na fotografia. Prestigiada iniciativa da associação, o prémio internacional de fotojornalismo voltou para a sua décima terceira edição, com um júri presidido por David Furst e constituído ainda por Newsha Tavakolian e Daniel Berehulak, todos eles personalidades conceituadas do meio do fotojornalismo. O grande destaque vai para Adra Pallón que arrebatou o Prémio Estação Imagem 2022 com um trabalho intitulado “Lume e Cinza”. Trata-se de uma série de dez imagens que retratam o flagelo dos incêndios de Verão na Galiza, um flagelo que se replicou por toda a Europa no pior ano deste século e onde a área ardida triplicou em relação à média dos últimos quinze anos.

A desolação e o desespero, cidade após cidade, vila após vila, de Irpin a Bucha, de Bashtanka a Mykolaiv, de Zalyssia a Kharkiv e em tantos outros lugares é o tema de “Ucrânia. Marcas da Guerra”, que deu a Rui Duarte Silva o Prémio na categoria “Notícias”. Já o Prémio na categoria “Assuntos Contemporâneos” coube a Leonel de Castro com a série “Corredores da Morte”, através da qual o prestigiado fotojornalista traz à superfície os testemunhos, vivos e silenciosos, de 13 anos de guerra colonial. Ainda nesta categoria, Adra Pallón volta a estar em destaque com as reportagens “Da Ilha à Galiza” e “Geração Perdida”, ambas contempladas com Menção Honrosa. A primeira reportagem narra o calvário de muitos dos 23.000 migrantes que chegaram às ilhas Canárias no ano passado e acabaram na Galiza, muitos meses depois. Já a segunda reportagem pode ser vista como uma reflexão sobre o brusco agravamento da precariedade laboral e do fosso social, com muitas famílias a perderem as suas casas e os jovens impedidos de pensar num futuro que lhes possa oferecer o mínimo de segurança.

José Sarmento Matos, com a reportagem “A Vida no Bairro da Jamaica: Desigualdade Habitacional em Tempos Pandémicos”, recebeu o Prémio na categoria “Vida Quotidiana”. Trata-se da abordagem íntima a um bairro dos arredores de Lisboa, onde o dia a dia da comunidade é marcado pela precariedade das habitações, situação profundamente agravada com a crise pandémica. Brais Lorenzo Couto foi distinguido nesta categoria com uma Menção Honrosa pelo seu trabalho “Crise Energética no Líbano”, uma revisitação dos tempos terríveis da guerra civil, da qual subsistem muitas feridas por cicatrizar. Este fotógrafo esteve igualmente em destaque ao conquistar o Prémio na categoria “Ambiente” com “Terra Queimada”, uma abordagem aos fogos florestais em Espanha em 2022. O Prémio na categoria “Série de Retratos” coube a Alex Paganelli com “Onde Acaba a Cidade”, documento geográfico do fim da linha ferroviária que liga o centro da capital a Sintra, uma das zonas periféricas mais afastadas de Lisboa. Finalmente, o Prémio na categoria “Desporto” coube a David Tiago com “Invictus”, uma reportagem que incide sobre dois atletas do Clube de Escalada de Braga, ambos portadores de deficiência, movidos pela sua capacidade de superação e vontade de vencer.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: Prémio Estação Imagem 2021 Coimbra


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: Prémio Estação Imagem 2021 Coimbra
Vários autores
Centro Português de Fotografia
04 Dez 2021 > 06 Mar 2022


Tal como vem acontecendo de há uns anos a esta parte, o Prémio Estação Imagem 2021 Coimbra mostra-se no Centro Português de Fotografia. Reunindo obras de onze artistas, entre prémios principais e menções honrosas, a mostra reflecte o olhar dos premiados nas categorias “Notícias”, “Assuntos Contemporâneos”, “Vida Quotidiana” e “Retratos”, para além dos grandes prémios para a melhor fotografia e melhor série de imagens. Começando por esta última, o Prémio Estação Imagem 2021 foi atribuído a Gonçalo Delgado com o trabalho “ReGenesis”, conjunto de imagens que pude ver anteriormente na Casa dos Crivos, no âmbito dos Encontros da Imagem de Braga [comentário AQUI]. No tocante à “Fotografia do Ano”, o prémio foi atribuído a Brais Lorenzo Couto com uma foto intitulada “Aniversário” que representa um grupo de trabalhadoras do lar de idosos San Carlos de Celanova, Galiza (Espanha), celebrando o 98.º aniversário de Elena Pérez, duas semanas depois de esta ter recuperado da infecção por coronavírus. Ainda nesta categoria, “Incêndio Florestal”, de Nuno André Ferreira, obteve uma Menção Honrosa.

João Porfírio conquistou o prémio na categoria “Notícias” com uma série intitulada “Manifestações Contra o Racismo”. As imagens documentam as manifestações violentas que se seguiram à morte do afro-americano Walter Wallace, de 27 anos, abatido pela polícia de Filadélfia com pelo menos 10 tiros, que se justificou com o facto de que Wallace teria supostamente empunhado uma faca no meio da rua. Na categoria “Assuntos Contemporâneos”, Ana Brígida com os seus “Super-Heróis” foi a grande vencedora, mostrando os trabalhadores da Junta de Freguesia de Santo António em Lisboa vestidos de super-heróis enquanto trabalham durante o primeiro confinamento devido à pandemia do covid-19. Ainda nesta categoria, “Surda Cegueira”, de José Fernandes, acompanha o quotidiano de César Casanova que nasceu surdo e aos 9 anos começou a perder a visão. Hoje com 29 anos, ele estuda Matemática na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e tem o sonho de um dia escrever um livro e dar aulas a surdos e cegos. Este trabalho valeu ao seu autor uma Menção Honrosa.

“O Buraco”, de Tiago Fonseca, leva-nos até Agrações, pequena aldeia a cerca de 25 quilómetros de Chaves, onde apenas doze pessoas a habitam em permanência. Vivem da agricultura, dos animais que criam, e também da apanha da castanha. Não há horas de folga ou fins de semana, como também não há saneamento básico nem água corrente. Retrato de um país cheio de desigualdades, “O Buraco” conquistou o Prémio na categoria “Vida Quotidiana”. Com “Mãe”, uma história sobre vida e resiliência, Francisco Romão Pereira conquistou uma Menção Honrosa nesta categoria. Por último, na categoria “Série de Retratos”, Leonel de Castro arrebatou o Prémio com o trabalho intitulado “Despojos de Guerra” que reflecte sobre a forma como a Guerra Colonial hipotecou ou aniquilou o futuro de milhares de jovens portugueses, deixando cicatrizes, físicas e psicológicas, em quem lá andou. Nesta categoria foram atribuídas Menções Honrosas a Pedro Gomes Almeida, com “Entre as Margens do Ser”, e a Paulo Nunes dos Santos com “Home: Projetando o Intangível em Tempo de Isolamento”. Para ver até ao próximo dia 06 de Março.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Vozes" | Muhammed Muheisen


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Vozes”,
de Muhammed Muheisen
Prémio Estação Imagem 2021 Coimbra
Edifício Chiado, Coimbra
29 Mai > 25 Jul 2021


O Prémio Estação Imagem está de volta a Coimbra onde, até ao próximo dia 24 de Julho, pode ser visto um conjunto de exposições fotográficas de enorme qualidade e alcance. Distribuídas por sete espaços distintos, as mostras documentam alguns dos mais duros flagelos que o mundo experimenta, do impacto da pandemia COVID-19 nas nossas vidas ao drama da guerra civil na Síria, do teste à democracia americana despoletado pelos dislates da administração Trump à crise dos refugiados que tentam chegar à Europa ou às fragilidades que a jovem democracia do Quirguistão revelou na era pós-soviética, entre 2007 e 2010.

Sobre a crise dos refugiados, “Vozes”, do jordano Muhammed Muheisen - fotógrafo da National Geographic e vencedor do Prémio Pulitzer por duas vezes – é uma exposição absolutamente imperdível e é sobre ela este apontamento. «Ninguém sai de sua casa a menos que seja obrigado, é o que tento mostrar nas minhas imagens», diz Muheisen, para quem aquilo que verdadeiramente importa é dar a conhecer as muitas histórias que nunca foram contadas e as tantas vozes que nunca foram escutadas. Enquanto fotojornalista, ele vai ao encontro de histórias com pessoas dentro, documentando-as e partilhando-as com o mundo. É desta forma que, mais do que apreciar, podemos sentir a solidão, a tristeza e o desespero, numa praia do Mediterrâneo, numa estação de caminho de ferro ou no interior de uma tenda, ao mesmo tempo que vemos um balão suspenso no ar trazendo o sorriso ao rosto de uma criança, como que a dizer-nos que ainda há lugar para a esperança.

Com mais de quinze anos de vida desta busca incessante, Muhammed Muheisen sabe bem que “se algo aconteceu e nunca foi documentado, é como se nunca tivesse acontecido”. Por isso não baixa os braços e continua a contar o drama dos refugiados, trazendo a lume o seu quotidiano e os desafios que enfrentam em diferentes partes do mundo, ao mesmo tempo que mostra os esgotantes périplos em busca de um novo lar seguro e a tentativa de estabelecimento numa nova casa, numa nova pátria. Ao falar do drama dos refugiados, o artista está também, de certa forma, a contar a história da sua vida. “Eles fazem parte da minha vida, assim como eu faço parte da vida deles”, diz, lembrando que uma imagem não se resume a si mesma: “É uma voz, é um testemunho, é uma mensagem de uma criança ou um adulto de uma qualquer parte do mundo para uma outra parte do mundo, que vive para sempre”. São vozes!

sábado, 28 de novembro de 2020

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Prémio Estação Imagem 2020 Coimbra"


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Prémio Estação Imagem 2020 Coimbra”
Vários autores
Centro Português de Fotografia
21 Nov 2020 > 10 Jan 2021


Até ao dia 10 de Janeiro de 2021, encontram-se expostos no Centro Português de Fotografia os trabalhos vencedores do Prémio Estação Imagem 2020 Coimbra. Presidido por Patrick Chauvel, o mais antigo repórter de guerra em exercício, e composto ainda por Brent Stirton, Felipe Dana e João Silva, o júri atribuiu o grande prémio desta edição ao fotojornalista José Sarmento Matos pela reportagem intitulada “Abandonando o Sonho Venezuelano” e que documenta os dois lados da vida de uma mesma família entre a Venezuela e Portugal. Destaque também para Leonel de Castro, o grande vencedor do Prémio Estação Imagem Coimbra 2019, que arrebatou, pelo segundo ano consecutivo, o galardão Fotografia do Ano, com uma imagem intitulada “Voo de Esperança”. Nela, uma rapariga moçambicana, brinca num baloiço, na cidade da Beira, atingida pelo ciclone Idai. Na mesma categoria, a menção honrosa foi atribuída a Ana Brígida por “Sem Luz”, imagem colhida no Bairro da Torre, em Camarate, e que mostra uma mulher acendendo velas dentro de casa, devido à falta de fornecimento de eletricidade.

Ana Brígida e Leonel de Castro foram, igualmente, os vencedores dos prémios nas categorias de Arte e Espectáculos e Assuntos Contemporâneos, respectivamente. No primeiro caso, “Touros” fala-nos dos primeiros passos no toureio, uma actividade que resiste em nome da tradição. Quanto ao trabalho de Leonel de Castro, com o nome “Os Continuadores”, mostra-nos a destruição de um orfanato pela intempérie que o ano passado se abateu sobre Moçambique. O fotojornalista do Jornal de Notícias recebeu ainda uma menção honrosa, na categoria Vida Quotidiana, com imagens actuais do Grande Hotel da Beira, o maior hotel de luxo de África nos tempos do colonialismo. Outras menções honrosas foram atribuídas a João Porfírio, por “O fogo voltou a incendiar a angústia no centro de Portugal”, e a Sebastião Almeida, por “Nacionalidade N/A”, respectivamente nas categorias Notícias e Assuntos Contemporâneos.

Nas diferentes categorias que completam o palmarés desta décima primeira edição do Prémio Estação Imagem, o fotojornalista do Expresso Rui Duarte Silva arrebatou a de Notícias com “Derrotado”, conjunto de retratos de campanha de Rui Rio na corrida às legislativas de 2019. Em Vida Quotidiana, o distinguido foi Gonçalo Fonseca com “Nova Lisboa”, um trabalho sobre a capital portuguesa tornada “o mercado imobiliário mais popular da Europa”. O documentarista galego Carlos Folgoso Sueiro venceu na categoria de Ambiente com “A terra brilhante”, um trabalho que retrata duas cidades da Sibéria onde se produzem cerca de 28% dos diamantes de todo o mundo. Na Série de Retratos, António Pedro Santos foi o vencedor com “O amor de mãe não é cego”, retrato de Andrea, uma mãe jovem e quase cega. Finalmente, “Cegueira Olímpica” valeu a Rodrigo Antunes o prémio na secção Desporto com um conjunto de imagens do judoca português Miguel Vieira nos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.