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terça-feira, 4 de março de 2025

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Jamaika" | José Sarmento Matos



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Jamaika”,
de José Sarmento Matos
Curadoria | Magda Pinto
Leica Gallery Porto
11 Jan > 04 Mar 2025


Oficialmente conhecido como Bairro de Vale de Chicharos, o bairro da Jamaica tornou-se um símbolo controverso das tensões sociais e das dinâmicas culturais que marcam o país depois de ali se terem registados confrontos graves entre populares e agentes da PSP em finais de Janeiro de 2019. Situado no Seixal, na margem sul do Tejo, o bairro consistia numa construção de finais dos anos 70 que, por falência da construtora, ficou por concluir. Deixada ao abandono, a infraestrutura foi sendo ocupada por famílias portuguesas e imigrantes, vindas na sua maioria de S. Tomé e Príncipe, Angola, Cabo-Verde e Guiné. As péssimas condições de habitabilidade e salubridade aliaram-se à pobreza material que ali se vivia e ao estigma e discriminação da sociedade para com os seus moradores. Em 2022 foi retomado o processo de realojamento da população que havia sido anunciado quatro anos antes, sendo terminado em 2023, a que se seguiu a demolição do bairro e requalificação da área que o mesmo ocupava.

Foi no contexto da pandemia que, em 2020, José Sarmento Matos iniciou o seu contacto com o bairro, o qual veio a acompanhar de forma íntima durante três anos. Retrato profundo e sensível da vida no bairro, “Jamaika” dá-nos a conhecer, em imagens de enorme riqueza e significado, não o bairro como espaço geográfico, mas enquanto microcosmos social. A exposição fala sobre as pessoas que fizeram do bairro aquilo que foi, como se organizaram e interagiram, como se ergueram em comunidade. “Jamaika” fala-nos da vida que estas pessoas levaram, das suas alegrias, das suas lutas, dos seus desejos e sonhos, das suas frustrações e tristezas. Das desigualdades e preconceitos de que foram alvo, de como isso foi sentido no seio das famílias e da comunidade. Ao mesmo tempo, lembra-nos um passado ainda hoje muito presente e fala-nos do futuro: Do futuro destas pessoas, do futuro do bairro, mas principalmente do futuro da sociedade, que convive com tantos “Bairros da Jamaica” diariamente.

Ao mostrar-nos o bairro e ao fazer-nos sentir as agruras sofridas pelos seus habitantes, José Sarmento Matos deixa-nos um conjunto de testemunhos visuais que são uma homenagem aos seus habitantes, celebrando a sua força e resiliência e incitando à reflexão e empatia de quem vê estas fotografias. Os desafios sociais e culturais a que os moradores do bairro estavam constantemente expostos, despertam-nos para um diálogo sobre questões como inclusão, identidade e pertença, bem como a força gerada no seio das comunidades marginalizadas, verdadeira mola propulsora de revoluções. Com este trabalho, o artista desafia-nos, enquanto público, a uma compreensão mais ampla e inclusiva da diversidade social em Portugal. Acrescente-se que “Jamaika” é uma narrativa visual que combina humanidade e reflexão social e que deu origem a um documentário e mais tarde a um livro com o mesmo nome. A exposição encerra hoje.

sábado, 4 de fevereiro de 2023

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: Prémio Estação Imagem Coimbra 2022


[Clicar na imagem para ver mais fotos]

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: Prémio Estação Imagem Coimbra 2022
Vários autores
Centro Português de Fotografia
19 Nov 2022 > 05 Fev 2023


A “Estação Imagem” é uma associação cultural criada em 2007 e tem como finalidade estudar, debater e divulgar todos os aspectos ligados à imagem, com particular incidência na fotografia. Prestigiada iniciativa da associação, o prémio internacional de fotojornalismo voltou para a sua décima terceira edição, com um júri presidido por David Furst e constituído ainda por Newsha Tavakolian e Daniel Berehulak, todos eles personalidades conceituadas do meio do fotojornalismo. O grande destaque vai para Adra Pallón que arrebatou o Prémio Estação Imagem 2022 com um trabalho intitulado “Lume e Cinza”. Trata-se de uma série de dez imagens que retratam o flagelo dos incêndios de Verão na Galiza, um flagelo que se replicou por toda a Europa no pior ano deste século e onde a área ardida triplicou em relação à média dos últimos quinze anos.

A desolação e o desespero, cidade após cidade, vila após vila, de Irpin a Bucha, de Bashtanka a Mykolaiv, de Zalyssia a Kharkiv e em tantos outros lugares é o tema de “Ucrânia. Marcas da Guerra”, que deu a Rui Duarte Silva o Prémio na categoria “Notícias”. Já o Prémio na categoria “Assuntos Contemporâneos” coube a Leonel de Castro com a série “Corredores da Morte”, através da qual o prestigiado fotojornalista traz à superfície os testemunhos, vivos e silenciosos, de 13 anos de guerra colonial. Ainda nesta categoria, Adra Pallón volta a estar em destaque com as reportagens “Da Ilha à Galiza” e “Geração Perdida”, ambas contempladas com Menção Honrosa. A primeira reportagem narra o calvário de muitos dos 23.000 migrantes que chegaram às ilhas Canárias no ano passado e acabaram na Galiza, muitos meses depois. Já a segunda reportagem pode ser vista como uma reflexão sobre o brusco agravamento da precariedade laboral e do fosso social, com muitas famílias a perderem as suas casas e os jovens impedidos de pensar num futuro que lhes possa oferecer o mínimo de segurança.

José Sarmento Matos, com a reportagem “A Vida no Bairro da Jamaica: Desigualdade Habitacional em Tempos Pandémicos”, recebeu o Prémio na categoria “Vida Quotidiana”. Trata-se da abordagem íntima a um bairro dos arredores de Lisboa, onde o dia a dia da comunidade é marcado pela precariedade das habitações, situação profundamente agravada com a crise pandémica. Brais Lorenzo Couto foi distinguido nesta categoria com uma Menção Honrosa pelo seu trabalho “Crise Energética no Líbano”, uma revisitação dos tempos terríveis da guerra civil, da qual subsistem muitas feridas por cicatrizar. Este fotógrafo esteve igualmente em destaque ao conquistar o Prémio na categoria “Ambiente” com “Terra Queimada”, uma abordagem aos fogos florestais em Espanha em 2022. O Prémio na categoria “Série de Retratos” coube a Alex Paganelli com “Onde Acaba a Cidade”, documento geográfico do fim da linha ferroviária que liga o centro da capital a Sintra, uma das zonas periféricas mais afastadas de Lisboa. Finalmente, o Prémio na categoria “Desporto” coube a David Tiago com “Invictus”, uma reportagem que incide sobre dois atletas do Clube de Escalada de Braga, ambos portadores de deficiência, movidos pela sua capacidade de superação e vontade de vencer.