EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Vozes”,
de Muhammed Muheisen
Prémio Estação Imagem 2021 Coimbra
Edifício Chiado, Coimbra
29 Mai > 25 Jul 2021
O Prémio Estação Imagem está de volta a Coimbra onde, até ao próximo dia 24 de Julho, pode ser visto um conjunto de exposições fotográficas de enorme qualidade e alcance. Distribuídas por sete espaços distintos, as mostras documentam alguns dos mais duros flagelos que o mundo experimenta, do impacto da pandemia COVID-19 nas nossas vidas ao drama da guerra civil na Síria, do teste à democracia americana despoletado pelos dislates da administração Trump à crise dos refugiados que tentam chegar à Europa ou às fragilidades que a jovem democracia do Quirguistão revelou na era pós-soviética, entre 2007 e 2010.
Sobre a crise dos refugiados, “Vozes”, do jordano Muhammed Muheisen - fotógrafo da National Geographic e vencedor do Prémio Pulitzer por duas vezes – é uma exposição absolutamente imperdível e é sobre ela este apontamento.
«Ninguém sai de sua casa a menos que seja obrigado, é o que tento mostrar nas minhas imagens», diz Muheisen, para quem aquilo que verdadeiramente importa é dar a conhecer as muitas histórias que nunca foram contadas e as tantas vozes que nunca foram escutadas. Enquanto fotojornalista, ele vai ao encontro de histórias com pessoas dentro, documentando-as e partilhando-as com o mundo. É desta forma que, mais do que apreciar, podemos sentir a solidão, a tristeza e o desespero, numa praia do Mediterrâneo, numa estação de caminho de ferro ou no interior de uma tenda, ao mesmo tempo que vemos um balão suspenso no ar trazendo o sorriso ao rosto de uma criança, como que a dizer-nos que ainda há lugar para a esperança.
Com mais de quinze anos de vida desta busca incessante, Muhammed Muheisen sabe bem que “se algo aconteceu e nunca foi documentado, é como se nunca tivesse acontecido”. Por isso não baixa os braços e continua a contar o drama dos refugiados, trazendo a lume o seu quotidiano e os desafios que enfrentam em diferentes partes do mundo, ao mesmo tempo que mostra os esgotantes périplos em busca de um novo lar seguro e a tentativa de estabelecimento numa nova casa, numa nova pátria. Ao falar do drama dos refugiados, o artista está também, de certa forma, a contar a história da sua vida. “Eles fazem parte da minha vida, assim como eu faço parte da vida deles”, diz, lembrando que uma imagem não se resume a si mesma: “É uma voz, é um testemunho, é uma mensagem de uma criança ou um adulto de uma qualquer parte do mundo para uma outra parte do mundo, que vive para sempre”. São vozes!
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