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segunda-feira, 12 de maio de 2025

CONCERTO: "Voz e Guitarra" | Carolina Deslandes



CONCERTO: “Voz e Guitarra”
Com | Carolina Deslandes (voz), Feodor Bivol (guitarra)
Cineteatro António Lamoso
09 Mai 2025 | sex | 21:30


“É que eu não gosto cá de meias coisas; eu gosto de coisas, coisas. Eu, se não gosto, não suporto, e se gosto, amo perdidamente. Não há cá meias coisas. Eu nunca entendi gente que é toda ‘nhahm’. O que é queres? É-me indiferente. Vamos para ali? É o que tu quiseres. Então, o que é que te apetece? Não, nada de especial. Daaa-se!” Provocadora, descomplexada, mordaz, sem papas na língua e profundamente verdadeira, Carolina Deslandes mostrou-se ela mesma ao público da Feira, num concerto intitulado “Voz e Guitarra”, mas que bem poderia chamar-se “Palavras e Música”, de tal forma os momentos de reflexão, intimidade e partilha com o público rivalizaram com a (belíssima) música da cantora. E foi perfeito que assim fosse. Perante uma plateia carregada de uma “afición” muito jovem, aquilo que Carolina Deslandes teve para dizer faz a diferença. Querem um exemplo? “Eu não sou uma senhora, eu sou uma mulher, e não tenho de corresponder às expectativas de absolutamente ninguém. Mais importante do que eu, que vou fazer 34 anos, são as miúdas que nascem e que se não gostam de cor de rosa e de purpurinas ou se têm um corpo que não é igual ao da Cláudia Schiffer, ficam a achar que há alguma coisa de errado com elas. Está na altura de não perpetuarmos esta sociedade que é uma fábrica de fazer miúdas inseguras.”

“Eu gosto muito deste formato de concertos, porque acho que o mundo nos anda a convencer de que é preciso viver a uma velocidade em que já ninguém conversa com ninguém, em que as canções devem ter até xis minutos porque as pessoas, dizem, já não têm capacidade de atenção para ouvir mais tempo, em que se quer coisas mais curtinhas, mais vazias, mais fáceis de decorar, mais rápidas, mais… E eu sinto que estamos a caminhar para a cultura do vazio e da superficialidade.” Cruzando canções que ilustram treze anos de uma carreira recheada de belíssimos momentos, com alguns exemplares de um novíssimo álbum a sair ainda este mês, Carolina Deslandes provou que os sonhos de uma artista e uma artista de sonho podem ser uma e a mesma coisa. “Dois Dedos de Testa” abriu as hostilidades de forma afirmativa - “Quero ser dona da festa / Tenho dois dedos de testa” - e deu o mote para um concerto fortemente intimista, de emoções à flor da pele. Temas como “Adeus Amor Adeus”, “Avião de Papel”, “Aleluia”, “A Vida Toda”, “Borboletas”, “Vai Lá” ou “Tento na Língua” preencheram a primeira parte do concerto e mostraram os vários “heterónimos” da cantora, entre o apaixonado fofo, o interventivo zangado e o “já te superei mas espero que não me tenhas superado”.

“Algures no tempo, achou-se que a arte era uma coisa de vaidade, de roupas caras, passadeiras, carros caros. E a arte é um exercício de proximidade, de aproximação. Arte é dizer uma coisa e pô-la cá fora - seja a cantar, seja a escrever, seja a pintar -, e descobrir onde é que nós todos, que somos não sei quantos biliões, somos exactamente iguais uns aos outros.” Extraordinariamente acompanhada pelo “mágico” Feodor Bivol, Carolina Deslandes prosseguiu no mesmo registo, fazendo com que a atenção do público se centrasse nas mensagens implícitas em cada uma das letras - “um acto de muita coragem, um mundo em que dizem que a capacidade de atenção das pessoas é de sete segundos, dizer que o amor é para a vida toda” - e o seu valor explícito: “A beleza da tentativa e o requinte de saber dizer adeus”, “se os poetas tivessem farmácias as pessoas curavam-se com poesia” ou “exponho-me demasiado, mas esse é o compromisso com aquilo que eu faço; se não for para dizer a verdade, não abro a boca.” “Por um Triz”, “Ruas de Lisboa”, “Como é Linda”, “Não me Importo” e “Saia da Carolina”, completaram o alinhamento, num concerto que não teve direito a “encore”, mas que teve uma explicação: “Não vale a pena [o encore], é uma dança de carência e já estamos todos fartos desta brincadeira.” Uma vez mais, só temos que lhe dar razão. E agradecer-lhe pelo tanto que nos trouxe numa noite para lembrar por muito tempo.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

TEATRO: “À Primeira Vista (Prima Facie)”



TEATRO: “À Primeira Vista (Prima Facie)”,
de Suzie Miller
Tradução | Ana Sampaio
Encenação | Tiago Guedes
Cenário | Catarina Amaro
Figurinos | Rita Alves
Interpretação | Margarida Vila-Nova
Produção | Força de Produção
90 Minutos | Maiores de 14 Anos
31º Encontro de Teatro do CiRAC
Cine-Teatro António Lamoso
15 Fev 2025 | sab | 21h30


A ideia subjacente a “Prima Facie” esteve na cabeça da dramaturga Suzie Miller desde os tempos na Faculdade de Direito, à espera do momento certo para ser escrita. O movimento #MeToo veio dar o empurrão decisivo e a peça pôde finalmente ser concretizada. Anos de prática como advogada de direitos humanos e defesa criminal reforçaram o questionamento feminista e as interrogações da autora do texto acerca do sistema jurídico. Embora acreditasse firmemente que “inocente até prova em contrário” é a base dos direitos humanos, Miller sentiu sempre que a sua aplicação em casos de agressão sexual servia mais para minar do que para defender qualquer ideia de justiça real. Denunciar o crime, suportar a morosidade da Justiça, comparecer a uma acusação, ser contra-interrogada e amesquinhada publicamente nos meios de comunicação social, exige uma coragem extraordinária. Ironicamente, é um processo que revela uma imensa fé na justiça do sistema. Mas será que o sistema jurídico merece esta fé? Ou será que silencia ainda mais as mulheres? Como é que a sociedade - e, por conseguinte, a lei - evoluíram para reformar esta área do Direito?

Quando “À Primeira Vista (Prima Facie)” foi encenado pela primeira vez em 2019 no Griffin Theatre, - uma companhia de teatro de autor baseada em Sidney -, houve uma noite especialmente dedicada a mulheres juristas. O público era composto por juízas, advogadas de defesa e acusação de vários níveis, solicitadoras e mulheres políticas dos parlamentos estaduais e federal da Austrália. Apenas e só mulheres. Na qualidade de criadora, Miller sentou-se no palco depois da peça e o que se seguiu foi uma longa e emocionante discussão que se desenrolou numa autêntica intersecção entre arte e mudança social. Ainda nessa semana, os membros da Comissão de Reforma Legislativa assistiram também a uma representação da peça. Escolas masculinas em grupos, acompanhados por professores e pais, tiveram igualmente oportunidade de ver apresentações da peça em sessões especiais. A compaixão e a curiosidade expressas no final foram um sinal de esperança para as gerações futuras.

No António Lamoso, em Santa Maria da Feira, não houve lugar a debate no final da peça, mas estou certo que espectador algum terá ficado indiferente àquilo a que teve oportunidade de assistir, obrigado a reflectir nas muitas questões que “À Primeira Vista (Prima Facie)” levanta. A peça faz passar, de forma admirável, a mensagem de que o sistema jurídico é moldado pela experiência masculina, os casos são decididos por gerações de juízes homens e as suas normas estabelecidas por gerações de políticos do sexo masculino, num contexto em que as mulheres foram em tempos classificadas como propriedade dos seus maridos, pais e irmãos. Por isso, a legislação sobre a agressão sexual está desajustada da experiência real vivida pelas mulheres. São sempre as vítimas, normalmente mulheres, que são “julgadas”, interrogadas e obrigadas a reviver a sua experiência humilhante, e depois postas em causa acerca dos motivos que as levaram a denunciar um crime hediondo contra a sua pessoa. No entanto, e significativamente, a investigação demonstrou que as pessoas simplesmente não acreditam nas mulheres que testemunham em casos de agressão sexual. Mesmo outras mulheres!

A peça narra a história de Teresa Correia, uma talentosa advogada que vai acumulando sucessos nos casos que defende. Todavia, a sua cuidadosa tentativa de lidar com as partes discricionárias deste mundo começa a parecer perigosa, apanhando-a entre a própria vida e as suas convicções. Subitamente empurrada para uma situação em que é ela que tem de testar o sistema, Teresa descobre que as paredes desta estrutura aparentemente inatacável e em que confiava começam a desmoronar-se e que não há nada seguro a que se agarrar. Ver a lei como ela é, uma construção humana imperfeita, em constante evolução com as mudanças sociais, liberta-a para encontrar a sua voz e convocar-nos a todos a agir. Margarida Vila-Nova encarna a personagem de Teresa, num monólogo vibrante, intenso, avassalador. Preso às suas palavras, aos seus gestos, à forma como se desdobra em várias outras personagens, o espectador vê-se esmagado pelo peso da verdade que sobre si se derrama, cobrindo de culpa e de vergonha a sociedade da qual fazemos parte. O ritmo que a actriz imprime à peça, acrescenta-lhe uma fisicalidade inesperada que vem reforçar a sua dureza psicológica, mergulhando o espectador num caldeirão de emoções difíceis de conter. Uma peça absolutamente essencial, com uma interpretação consistente e convincente, vertiginosa, arrebatadora. Bravo!

[Foto: © Filipe Ferreira | Força de Produção]

segunda-feira, 13 de março de 2023

CONCERTO: "Fado do Meu Cante" | Luís Trigacheiro



CONCERTO: “Fado do Meu Cante”
Luís Trigacheiro
Cineteatro António Lamoso, Santa Maria da Feira
11 Mar 2023 | sab | 21:30


“Fado do Meu Cante” saiu para a estrada em Maio do ano passado e tem vindo, desde então, a mostrar-se um pouco por todo o lado com grande sucesso. Na noite do passado sábado, Luís Trigacheiro esteve no Cine-Teatro António Lamoso, onde foi recebido por uma sala a abarrotar de um público carinhoso e acolhedor, que não regateou nas palmas com que brindou o cantor ao longo de todo o concerto. Trigacheiro chegou mesmo a confessar-se “sem jeito” face ao entusiasmo do público, correspondendo com o que de melhor tem: o seu cante e o seu fado. Distintos nas suas origens e na forma como se exprimem, o fado e o cante encontram na voz do artista um meio de se fundirem, de se darem a escutar envoltos num mesmo sentimento, quiçá indissociável desta alma de “ser português”, deste estado de espírito que tudo impregna e contamina. Mas também pela emoção que Luís Trigacheiro coloca em cada uma das músicas, carregando-as de inquietação, comoção e despojamento.

O início do concerto foi marcado pelo insólito. Depois de cantar “Amanhã é Melhor”, Luís Trigacheiro despediu-se com um “obrigado Santa Maria da Feira, até à próxima”, abandonando o palco com os restantes músicos, Francisco Pereira na guitarra portuguesa, Bernardo Viana na viola de fado, Diogo Alexis no baixo eléctrico e João Ferreira na percussão. Voltaria dois minutos depois, pronto para fazer do concerto um longo encore ou do “encore” um concerto que acabaria por se revelar demasiado curto, expondo as fragilidades de um repertório limitado. Este “fait divers” teve o condão de reforçar a empatia com o público e “Meu Nome É Saudade” foi aclamado com entusiasmo. Seguiu-se “Oceano”, uma canção de Djavan, com a qual o artista prestou homenagem a uma das suas maiores influências musicais. Todavia, entre temas de raiz popular e composições de autor, a verdade é que o concerto parecia não descolar de uma certa monotonia, que nem as palmas a compasso que acompanharam “Eu Pedi-Te a Mão Na Escola” conseguiram quebrar.

“São Saias, Senhor, São Saias” foi um ponto de viragem no concerto. Luís Trigacheiro enveredou por temas mais “musculados”, dando finalmente a escutar o calor e envolvência de uma voz belíssima. A “ousadia” de abraçar “O Amor a Portugal” veio mostrar que a interpretação desta música de Ennio Morricone não é exclusiva de Dulce Pontes. A par da voz, as palavras alcançavam um maior significado, o fado “castiço, mestiço”, misturado com o cante, “do meu povo trago pranto / No meu canto a Mouraria”. Até ao fim ainda foi possível viver dois momentos inéditos - uns parabéns cantados ao “manager” David Rodrigues, que só faz anos em Abril, e o “Nobre Vagabundo” da Daniela Mercury e “A Paixão” de Rui Veloso a ocuparem um dos dois momentos do “encore” -, e escutar os últimos temas, “Meu Fado Meu”, “O Meu Alentejo”, sobre um poema lindíssimo de Florbela Espanca, “Trocas-Me a Mim” e o inevitável “Mondadeiras” (quem não se lembra desta interpretação nas provas cegas do Programa The Voice Portugal, considerada uma das melhores do mundo em 2021?). Um concerto simpático, de um jovem cantor fadado para uma bem sucedida carreira.

domingo, 18 de novembro de 2018

CONCERTO: Dead Combo



CONCERTO: Dead Combo
Cineteatro António Lamoso, Santa Maria da Feira
17 Nov 2018 | sab | 22:00


Apesar da doença que continua a impedir Pedro Gonçalves de dar o seu contributo à banda que ajudou a criar, os Dead Combo prosseguem com a digressão de promoção do seu mais recente álbum, “Odeon Hotel”. Ao aportarem na noite de ontem ao Cineteatro António Lamoso, tinham à sua espera uma sala repleta de fãs incondicionais, que vibraram incessantemente com o alinhamento escolhido para duas horas de concerto e que, se incidiu sobretudo no novo trabalho, não deixou de fora os clássicos duma banda a soprar dezasseis velas e com seis álbuns de originais no seu currículo. Em palco, ao lado do “cangalheiro” Tó Trips (guitarras), António Quintino (guitarras, contrabaixo e melódica) mostrou-se à altura da espinhosa tarefa de substituir Gonçalves, Gui, dos Xutos & Pontapés - “um puto novo”, diria Tó Trips –, trouxe mais força ao conjunto atrás do saxofone e das teclas, Gonçalo Leonardo foi um gigante no contrabaixo e Guilherme Melo brilhou bem alto num lugar normalmente ocupado por esse “monstro” da bateria que dá pelo nome de Alexandre Frazão.

Retirados os panos brancos que escondiam os instrumentos, abriu-se a magnífica sala de baile deste “Hotel” bem cosmopolita. Tocados de uma assentada, “Deus Me Dê Grana”, “Mr. & Mrs. Eleven”, “The Egyptian Magician” e “As Quica As You Can” foram o fôlego inicial do novo trabalho, no qual se percebe um maior apuro das guitarras e uma maior vibração da bateria, o todo temperado pelo calor da “voz” do saxofone, num sopro que abraça, com igual enlevo, a morna e o bolero, o merengue e o fado. Fazendo a ponte com os seus trabalhos anteriores, a banda interpretou de seguida “Rumbero”, recuperando uma das faixas emblemáticas de “Vol. 1”, o seu álbum de estreia, ao qual se seguiu “Waits” e “Cuba 1970”, dos álbuns “A Bunch of Meninos” e “Lusitânia Playboys”, respectivamente, numa música muito Buena Vista Social Club e plena de sugestões cinematográficas.

Na segunda metade do concerto manteve-se a mesma toada, com a banda a oferecer ao público mais quatro temas do seu novo trabalho - “In a Mellotron”, “Dear Carmen Miranda”, “Desassossego” e “Theo's Walking” - e a prosseguir na revisitação dos seus álbuns anteriores, recuperando clássicos como “Quando A Alma Não É Pequena”, “Mr. Eastwood”, “Rodada” e “A Menina Dança”, do álbum “Quando a Alma Não é Pequena Vol. II”, “Povo Que Cais Descalço” e “Miúdas e Motas”, do álbum “A Bunch of Meninos”, ou ainda “Lusitânia Playboys”, do álbum com o mesmo nome. Em batidas vigorosas ou por acordes refreados, os Dead Combo trouxeram-nas a marca inconfundível da sua música, ligando Lisboa a La Habana ou à Cidade da Praia em mais um abraço sentido à diáspora. No ar fica a certeza de que a viagem prossegue e vale a pena embarcar nela!

domingo, 18 de fevereiro de 2018

CONCERTO: Carminho



CONCERTO: Carminho
Cineteatro António Lamoso, Santa Maria da Feira
17 Fev 2018 | sáb | 22:00


Se me pedissem para eleger a melhor voz do fado em Portugal nos dias de hoje, aquela que melhor interpreta esta forma de estar tão nossa vestida de música, a resposta seria Carminho. Tal como dizia Pedro Alborán, as palavras na sua voz “arranham a alma”. Viver e sentir o fado intensamente, modelar a voz ao encontro das emoções mais vivas e ter uma presença em palco que dignifica o próprio fado são imagens de marca desta que é, inegavelmente, a maior embaixadora da nossa música.

Ontem, no Cineteatro António Lamoso, com casa cheia, a fadista confirmou uma vez mais o seu carisma, através duma revisitação dos seus álbuns “Fado (2009), Alma (2012) e “Canto” (2014), numa viagem ao que de mais puro há na sua arte. Acompanhada pelos músicos Luís Guerreiro, na guitarra portuguesa, Flávio Cardoso, na viola, Marino de Freitas, na viola baixo, Ivo Costa, na percussão, e Rúben Alves, nos teclados, acordeão e xilofone, Carminho encheu a sala com o olhar, o sorriso, o seu jeito único de dizer coisas sérias a brincar. A cantar e a bailar, falou de si e das suas origens, do excelente fadista que é o pai, de esquizofrenia e outras manias, de derbies, do tempo que passa a correr e que nos modifica sem darmos conta (“às vezes para melhor”), até da última corda da viola baixo de fado onde Marino de Freitas descansa o dedo. Hora e meia de fado do melhor, mas também de muita partilha e cumplicidade.

Apesar das músicas mais mexidas, como “Bom dia, amor”, “Saia rodada” ou “Bia da Mouraria” (fado criado por Ary dos Santos e Fernando Tordo para a voz de Beatriz da Conceição, mãe de Carminho), e que arrancaram palmas do público a compasso, o tom da noite foi de intimismo. “Escrevi teu nome no vento”, “As Pedras da minha rua”, “Senhora da Nazaré” ou “Chuva no Mar”, esta última com música da brasileira Marisa Monte, mostraram uma Carminho com o canto na alma, deixando o público totalmente rendido à sua arte. Mas foi com “As Minhas Penas”, um fado de D. António da Câmara e Carlos da Maia, que a fadista cantou “a cappella” já no “período de desconto”, que o Cineteatro “veio abaixo”. À emoção contida na voz nua de Carminho, respondeu o público com a maior ovação da noite. O momento mais alto dum concerto memorável!