O Museu Municipal de Espinho acolhe, até 30 de Agosto, o seu evento de referência no âmbito das grandes exposições de artes plásticas nacionais e internacionais - a Bienal Internacional de Arte de Espinho. Mostra de expressões artísticas que se realiza a cada dois anos, a Bienal deu o pontapé de saída no ano de 2011 e vai já na sua 8.ª edição, assumindo-se como a grande “imagem de marca” do Museu. Ao mesmo tempo, constitui-se cada vez mais como plataforma alargada de divulgação e promoção das artes plásticas, bem como de reconhecimento das respectivas criadoras e criadores. O desígnio volta a repetir-se na edição deste ano, com um conjunto de cerca de duas centenas de obras a merecerem um lugar de destaque nas Galerias Amadeo de Souza-Cardoso, a valência do Museu dedicada a exposições de Arte. São essas obras que o visitante vai poder apreciar, percebendo a grande variedade de géneros, estilos e suportes que as distinguem entre si e tornam a mostra extraordinariamente eclética, abrangente, desafiante e emotiva.
Com a obra “Caminhos: Arquivo de experiências urbanas”, lápis de pastel sobre papel, 2024, Alejandra Pardo conquistou o Grande Prémio Cidade de Espinho. Nela, a artista traça um conjunto de momentos que mimetizam, com engenho e imaginação, aquilo que podemos interpretar como um conjunto de negativos de um rolo fotográfico, testemunho de particulares vivências. O segundo prémio, “Bienal Internacional de Arte de Espinho”, foi entregue a Diana Costa, com a obra “Além do Conflito: A Mão que Une e Constrói”, acrílico e colagem sobre tela de 2024. Através dela, a artista oferece-nos o seu olhar pleno de simbolismo sobre os memórias doces de um tempo que se saboreava com deleite, em contraciclo com o mundo de hoje, a correr a mil à hora. O terceiro prémio, “Prémio Especial do Júri”, distinguiu a obra “Objetos Pesados, 2024/25”, de Cecília Lima, uma instalação dada a múltiplas interpretações e que representa, em última análise, uma cidade imaginária com um conjunto de edifícios unidos por aquilo que os separa.
O júri decidiu atribuir menções honrosas a Maria Meijide, com “Memórias, blá, blá… 2023”, Nicoleta Sandulescu, com “Habitar o Corpo, 2022/2023”, Susana Bravo, com “Joint Present, 2023”, Benedita Kendall, com “Esforços Construtivos, 2024”, Rita Paupério, com “Where the Wind, 2025”, José João, com “CUM LAUDE, 2023”, Mariana Laginha, com “Colchões, 2024” e Carlos Trindade, com “Em Tempos de Guerra (Ucrânia) II, 2023”. É bom cruzar o olhar com as obras enunciadas, mas a Bienal não se esgota nelas e há todo um conjunto de outros trabalhos igualmente dignos de nota. Ao contrário de anos anteriores, há menos “caras conhecidas” este ano, o que é sinónimo de vitalidade e renovação. Destacaria a presença de Mariana Duarte Santos e da Inês Pargana, duas extraordinárias artistas que nos oferecem a excelência do seu trabalho. Vale a pena, ainda, espreitar a explosão de cor de “Setênios”, de Joana Antunes, a geometria de “Desconstrução dos Cristais”, de Ari Vicentini, um excelente “N.1 (Piedade pela Carniça)”, de Luís Rodrigues ou o trabalho têxtil de Marita Setas Ferro. Boas visitas!
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