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sábado, 3 de outubro de 2020

CONCERTO: China Moses & Orquestra de Jazz de Espinho



CONCERTO: China Moses & Orquestra de Jazz de Espinho
Direcção musical | Daniel Dias e Paulo Perfeito
FIME – Festival Internacional de Música de Espinho
Auditório de Espinho | Academia
02 Out 2020 | sex | 21:30


Nestes tempos confusos, em que o “novo normal” tomou conta do nosso quotidiano e pede que nos reinventemos, foi bom regressar ao Festival Internacional de Música de Espinho e ao belíssimo Auditório da Academia, ao encontro da música e das emoções que sempre convoca. Voltando a pisar os palcos da sua própria casa, a Orquestra de Jazz de Espinho aperaltou-se para receber uma convidada de respeito e o resultado não poderia ter sido melhor. Senhora de uma enorme voz e uma comunicadora de excelência, China Moses proporcionou momentos inesquecíveis, arrancando palmas e gargalhadas ao público, cativando-o com a sua forte presença em palco, com a catadupa de histórias sempre divertidas que fez questão de partilhar e com uma versatilidade vocal incomum, que se sente à vontade tanto nas ondas da Soul como no bater do Jazz ou dos Blues.

Extraída desse álbum de referência que é “This One’s For Dinah” (Blue Note France, 2009), tributo à diva Dinah Washington, “Dinah’s Blues” abriu a parada em grande, logo seguida de um dos maiores êxitos de Donna Summer e tema icónico da Disco, “Hot Stuff”. Estas duas músicas não só apontaram caminhos para um alinhamento que privilegiou a variedade de géneros musicais e pôs em evidência a versatilidade da cantora, como revelaram, desde os primeiros acordes, a forte empatia de China Moses com a Orquestra dirigida por Daniel Dias e Paulo Perfeito e onde se destacaram o teclista Carlos Azevedo, o contrabaixista Filipe Teixeira, o guitarrista AP Neves, o trompetista Luís Macedo, o trombonista Hugo Caldeira, o saxofonista Rafael Gomes e, “last but not least”, o baterista João Cunha, para além de um largo naipe de metais de grande afinação e aprumo.

Entre histórias delirantes – à volta de copos, amigos, amantes e “things” –, e deliciosos temas como “Breaking Point”, “Whatever”, “Lobby Call” ou “Running”, onde pontificaram os arranjos de Theo Croker, Mike Gorman, François Biensan e Marco Pasquariello, decorreu um tempo de felicidade que, pelo espaço de uma hora e meia, fez esquecer o incómodo das máscaras nos rostos. “Se, no final, para além desta Orquestra maravilhosa, puderem levar algo daqui, que seja: Não julgues!”, referiu a cantora numa das fases mais intensas deste seu concerto. Uma cantora que se confessou maravilhada com a cidade de Espinho e com esta oportunidade única para “fugir” de Londres, que não se cansou de condenar os estúpidos deste mundo e que, com a sua presença, nos mostrou que devemos tirar o melhor partido de cada momento que a vida tem para nos oferecer. Já no “encore”, como um brinde com champanhe, “I Just Want To Make Love To You”, “hit” popularizado na voz de Etta James, foi um desses momentos. Tchin, tchin! 

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