CONCERTO: “An Evening with Avishai
Cohen”
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música convida
Avishai Cohen Trio
Matosinhos em Jazz
Praça Guilhermina
Suggia, Matosinhos
27 Jul 2019 | sab | 22:00
Foi
com chave de ouro que encerrou a edição deste ano do Matosinhos em
Jazz. Num concerto a roçar a perfeição, a Orquestra Sinfónica do
Porto Casa da Música e o Avishai Cohen Trio proporcionaram ao vasto
público que, na noite do passado sábado, acorreu à Praça
Guilhermina Suggia, momentos únicos, de fruição e deleite.
Composto quase exclusivamente por peças da sua autoria, Avishai
Cohen propôs um alinhamento representativo do seu universo musical,
onde cabem uma grande mistura de tradições, culturas, línguas e
estilos. Assim, numa “soirée” única, o público bebeu o melhor
do Jazz contemporâneo e das músicas do mundo, envolto nas
sonoridades classicistas de uma Orquestra que, sob a direcção do
maestro Bastien Stil, soube adequar-se na perfeição a tão
estimulante espaço de modernismo.
Honrando as suas origens
sefarditas, “Puncha Puncha” e “Morenika” foram temas cantados
em ladino – uma língua que conserva partes próprias do espanhol
medieval final –, num sussurro quente e sensível, a arranhar a
alma de todos os presentes. Intimista e de uma enorme beleza, “Kumi
Venetse Hasadeh” contrastou com um ritmado “Arab Medley”, fusão
de três temas originários do Líbano e da Síria popularizados por
Samira Tawfiq e que nos veio mostrar que, por muito grandes que
possam ser as diferenças que separam os povos, a música aí está
para os unir. Com “A Child is Born”, Cohen trouxe-nos um dos mais
belos standards do Jazz, composto pelo trompetista Thad Jones,
enquanto “Two Roses” e “Alon Basela” fizeram brilhar,
respectivamente, o piano de Elchin Shirinov e a bateria de Noam
David.
Após uma breve pausa para uma saúde aos presentes com
um copo vinho tinto português levantado bem alto, “agora que já
nos conhecemos”, Avishai Cohen “dispensou” a Orquestra e os
restantes membros do trio, brindando os presentes com “Motherless
Child”, um vibrante canto de escravos negros do Sul dos Estados
Unidos e ainda “Alfonsina y el Mar”, essa zamba doce e
melancólica composta pelo pianista argentino Ariel Ramirez e
popularizada pela voz de Mercedes Sosa. Com “Remembering”,
melodioso e ritmado momento de grande música, chegava ao fim o
programa de uma noite mágica, que haveria de se estender ainda pelo
inefável “Seven Seas”, um dos temas mais conhecidos do artista,
num muito reclamado “encore” que foi ouro sobre azul. A pensar já
em 2020, diríamos que a fasquia está a um nível galáctico e que
vai ser muito difícil esquecer o marcante ponto final da edição
deste ano do Matosinhos em Jazz. Até para o ano!
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