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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

EXPOSIÇÃO: "O Castelo Surrealista de Mário Cesariny"



EXPOSIÇÃO: “O Castelo Surrealista de Mário Cesariny”
Curadoria | João Pinharanda, Afonso Dias Ramos, Marlene Oliveira
MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia
05 Out 2023 > 04 Mar 2024


Poeta e pintor - para além de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal -, Mário Cesariny de Vasconcelos nasceu em 09 de Agosto de 1923 e morreu em 2006, aos 83 anos, sendo considerado o principal representante do surrealismo português. Para assinalar o centenário do seu nascimento, várias instituições desenharam um programa variado de eventos cujo início teve lugar em Vila Nova Famalicão, na Fundação Cupertino de Miranda e que encontra no MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, um dos seus pólos mais significativos. É aqui que pode ser visto “O Castelo Surrealista de Mário Cesariny”, exposição que celebra não apenas o centenário do artista, mas que assinala também a data histórica dos cem anos da publicação do primeiro manifesto surrealista por André Breton, em 1924.

“O Castelo Surrealista de Mário Cesariny” é inspirado no livro que o artista, trabalhando entre Lisboa, Paris e Londres, dedicou à vida e obra de Vieira da Silva e Árpád Szenes. O próprio Cesariny fora buscar o seu título ao manifesto de Breton, na referência ao lugar imaginário no qual habitamos com todos aqueles, passados e presentes, que amamos e admiramos. Esta exposição procura, da mesma forma, pensar a obra de Cesariny no contexto alargado da genealogia (autoral, temporal, geográfica, disciplinar) que, para si mesmo (e para o Surrealismo) reclamou. Na exposição celebra-se a sua vida e a sua obra poética e plástica no contexto dos tempos e obras díspares que reivindicava como fonte de inspiração, das obras que lhe foram coevas, dos artistas que conhecia, daqueles de quem foi companheiro ou de outros que prolongaram diálogos com a sua obra, mas também dos retratos que lhe foram feitos, das culturas que admirava, dos amantes que conheceu e dos objetos de que se rodeava.

A legitimidade das filiações propostas nesta exposição só deve ser questionada poeticamente. Recua-se, por isso, à Antiguidade, à Idade Média, ao romantismo e ao simbolismo para chegar aos tempos e às poéticas coincidentes com as afinidades eletivas de Cesariny, colocando tudo isto em diálogo com os seus amigos ou companheiros de geração e com os estratos culturais populares e extra-ocidentais que tanto lhe importavam. Os desenhos e a pintura de Mário-Henrique Leiria, Cruzeiro Seixas, António Maria Lisboa, Alexandre O’Neill, Marcelino Vespeira, Gonçalo Duarte ou Malangatana, a fotografia de Vitor Palla e Fernando Lemos ou a escultura de Reinata Sadimba aí estão para o comprovar. Cada obra evoca e convoca um universo de outras obras a explorar, e remete para novos e mais vastos tabuleiros de jogo, dentro e fora do surrealismo, da Europa e do seu tempo histórico - ou, principalmente, no avesso de tudo isso.

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