EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Pinheiro da Rocha – 130 anos do nascimento”,
de Manuel Pinheiro da Rocha
Direcção | Bernardino Castro
Centro Português de Fotografia
18 Nov 2023 > 11 Fev 2024
Manuel Pinheiro da Rocha é natural de Britiande, Lamego, onde nasceu a 04 de Setembro de 1893. Após completar a instrução primária, empregou-se na alfaiataria do seu pai, manifestando desde logo uma estética e um sentido artístico muito elevados, que viriam a fazer dele um enorme profissional da arte. Em 1920, funda a Alfaiataria Pinheiro da Rocha, na Rua de Santa Catarina, coabitando com o célebre fotógrafo Domingos Alvão. Por certo, esta proximidade terá despertado nele o gosto pela fotografia, que não cessará de desenvolver, montando para tal um laboratório fotográfico numa dependência da sua loja e colhendo em revistas estrangeiras da especialidade conhecimentos de ordem científica e técnica que tiveram um grande impacto na sua evolução. Se, como alfaiate, foi um homem de sucesso, não o foi menos como fotógrafo, vendo os seus trabalhos expostos nos mais importantes salões nacionais e internacionais.
Numa altura em que se comemoram os 130 anos do nascimento de Pinheiro da Rocha, o Centro Português de Fotografia seleccionou, do legado de mais de cinco mil imagens, um conjunto importante de fotografias representativas do universo do artista. Paisagem, tipos humanos, vida campesina e urbana, fainas rurais e fluviais, festas e artes e ofícios dão conta da panóplia de interesses que moveram esta personalidade única. Na sua obra são patentes os sinais da modernidade, casos da instalação da electricidade e do telefone, no que se associa a modernistas como o Mário de Sá-Carneiro de “Manucure”, poema em que irrompem os caracteres tipográficos e os anúncios. Pinheiro da Rocha foi dos primeiros a recorrer à publicidade, sendo promotor do primeiro filme publicitário intitulado “A Pedra” – filme produzido pela “Lisboa Film” e que era exibido nos principais cinemas pela agência “Belarte”, do seu amigo Alexandre Tavares da Fonseca –, o qual publicitava o seu atelier de alfaiataria.
A ligação forte de Pinheiro da Rocha à sua terra natal evidencia-se pelo conjunto de imagens que mostram a inauguração da Casa do Povo de Britiande, na primeira década dos anos 50, e a instalação do primeiro telefone em Melcões. Paisagens, cenas da vida rural ou retratos de personagens típicas do campo são exemplos do encontro entre a pintura naturalista e a fotografia, num todo marcadamente poético e inspirador. Numa secção dedicada ao retrato, é possível ver trabalhos de enorme beleza, neles se evidenciando a sensibilidade do autor nos rostos marcados pela passagem do tempo, na mulher a pose melancólica muito ao gosto da época. Por último temos algumas imagens do Porto, a cidade que o adoptou, nas quais se percebe a incessante busca pela identidade do lugar, transportando-nos por vielas estreitas e escorregadias e retratando as gentes e paisagens que caracterizam esta cidade. Para ver até 11 de Fevereiro.
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