O Guimarães Jazz cumpriu a tradição de encerrar o seu programa com a apresentação de uma renomada e competente orquestra do jazz europeu, cabendo essa responsabilidade, na edição do 30º aniversário, à Frankfurt Radio Big Band. Dirigida por Jim McNeely, prestigiado e experiente arranjador e diretor musical norte-americano, a formação germânica regressou ao festival oito anos depois de uma primeira presença com o projeto de interpretação das composições de John Abercrombie, sendo desta vez acompanhada pela jovem saxofonista chilena Melissa Aldana, na condição de solista. Foi um final de festa sensaborão, não pela competência da banda - a qual integrou o trompetista português Luís Miguel Macedo - mas pelo repertório escolhido, recaindo o alinhamento sobre o mais recente trabalho de Aldana, “Visions”, que viria a revelar-se de uma monotonia absolutamente desconsoladora.
A Frankfurt Radio Big Band construiu a sua reputação no jazz europeu em resultado do ecletismo da sua abordagem às múltiplas facetas deste género musical e pontuais incursões aos universos da pop e da world music. Atualmente considerada uma instituição da cultura alemã, esta orquestra promoveu, no decurso da sua atividade, programas ambiciosos e expansivos de colaboração não apenas com alguns dos nomes mais mediáticos do jazz contemporâneo, entre eles John Scofield, Django Bates ou Billy Cobham, entre outros, mas também com músicos e artistas provenientes dos mais diversos contextos criativos. À frente da orquestra esteve Jim McNeely, quatro décadas de carreira no jazz ao mais alto nível e unanimemente reconhecido como um dos mais distintos representantes da tradição jazzística orquestral, sendo disso prova as inúmeras nomeações para os Grammys que lhe foram concedidas ao longo do tempo. Por aqui fomos nós muito bem, os solistas da orquestra a pontuarem os vários temas, dando-lhes o vigor que pareceu escassear em Melissa Aldana.
Quanto a Melissa Aldana, são cinco os trabalhos discográficos em nome próprio editados até à data e que lhe vêm valendo notoriedade e reconhecimento. Introduzida no meio jazzístico norte-americano pelo pianista panamiano Danilo Pérez, Aldana estudou no Berklee College of Music de Boston, onde teve como professores grandes músicos como Joe Lovano, e está atualmente sedeada em Nova Iorque. Editou o seu primeiro álbum, “Free Fall”, em 2010 pela editora do saxofonista Greg Osby e, em 2013, tornou-se a primeira mulher sul-americana a ser galardoada com o reputado Thelonious Monk Music Award na competição de saxofone. Em paralelo à carreira como líder de formação e como solista, Melissa Aldana colabora regularmente com outros músicos de jazz como Peter Bernstein ou Christian McBride, entre outros. Em Guimarães não correspondeu às expectativas, mas qualquer artista tem direito a uma noite menos boa.
[Texto construído com base no programa do Guimarães Jazz 2021, em https://www.guimaraesjazz.pt/detail-eventos/20211120-frankfurt-radio-big-band-andamp-melissa-aldana/. Foto: Paulo Pacheco | https://www.facebook.com/CCVF.Guimaraes/photos/]
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