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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

CONCERTO: Matthew Halsall



CONCERTO: Matthew Halsall
Misty Fest 2021
Museu do Oriente
11 Nov 2021 | qua | 21:00


Compositor, trompetista, produtor e DJ, Matthew Halsall deu no Museu do Oriente o primeiro de dois concertos agendados para o nosso país no âmbito do Misty Fest. Rodeado por seis outros músicos, trouxe com ele um jazz “espiritual”, reflectido num conjunto de temas de enorme força introspectiva que convidam à meditação e ao silêncio, a sentir o pulsar da energia vital, a saudar o sol e todos os espíritos do universo, a olhar as estrelas e a libertar a mente de tudo quanto de pernicioso e mau a possa preencher. Foi uma noite de felicidade em torno de temas cujo registo se mostrou profundamente enraizado nas concepções de vida de Halsall, ligadas à ecologia, ao ambiente, à natureza e à harmonia que dela se desprende.

Bem apoiado no saxofone e flauta de Matt Cliffe, com quem partilhou a frente de palco, Matthew Halsall ofereceu ao público que preencheu por completo o Auditório Dr. Stanley Ho uma hora e meia de música inebriante com temas extraídos do seu mais recente álbum, “Salute To The Sun”, mas também dos anteriores “Oneness”, “On The Go”, “Sending My Love” e “Colour Yes”. Esta abertura ao seu universo permitiu encontrar nele influências do jazz britânico das décadas de 60 e 70, bem como de grandes músicos como Alice Coltrane, Pharoah Sanders ou Miles Davis. Todavia, o seu registo foi revelador de uma dimensão mais global, a tocar franjas da world music, sublinhado por notas da música eletrónica tão ao seu gosto (uma “cover” da Cinematic Orchestra não poderia faltar).

Encorajado pelos aplausos do público, Matthew Halsall explanou a sua música com um misto de sensibilidade e energia, mergulhando os presentes em sons com uma grande dose de primitivismo, terrenos e orgânicos, sons da natureza, das profundezas da selva amazónica ou dos vastos campos de bambu do Japão, aos quais as percussões de Jack McCarthy emprestaram energia, ritmo e uma enorme verdade. Rendidos à força da música, os presentes deixaram-se levar numa espiral de arrebatamento e deleite, escutando o piano de Liviu Gheorghe, a harpa de Alice Roberts, o contrabaixo de Gavin Barras ou a bateria de Alan Taylor. Sentado no chão do palco, entre o expectante e o extasiado, Matthew Halsall deixava-se levar também.

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