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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

CERTAME: WOOL | Festival de Arte Urbana da Covilhã 2020


 
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CERTAME: WOOL | Festival de Arte Urbana da Covilhã 2020
Vários locais, Covilhã
19 Set > 27 Set 2020


Um pouco mais tarde do que o habitual devido à actual pandemia, o WOOL – o mais antigo Festival de Arte Urbana de Portugal – regressou à Covilhã, instalando-se no seu centro histórico entre os dias 19 e 27 de Setembro. Seguindo o modelo habitual, a organização do certame convidou quatro criadores - dois nacionais e dois estrangeiros – cuja obra, para além de enriquecer o legado das edições anteriores, reforçou o objectivo de homenagear a história e identidade única deste território. Lara Seixo Rodrigues e a equipa da Mistaker Maker estão uma vez mais de parabéns pelo excelente trabalho desenvolvido, continuando a somar ideias, a congregar interesses, a apontar caminhos e a cativar adeptos para este fascinante mundo da Arte Urbana.

No Largo Infantaria 21, em diálogo franco com a peça criada por Sebas Velasco em 2019, o ilustrador Tiago Galo presta tributo à Banda da Covilhã, este ano a soprar centena e meia de velas. No seu jeito muito peculiar de se exprimir, o artista junta à regência da banda os naipes de sopro e percussão, oferecendo-nos uma peça fortemente estilizada, muito rica do ponto de vista visual e que transpira energia e animação. Catarina Glam expõe a sua arte em seis locais distintos da cidade. Usando a madeira como suporte principal, a artista desenvolveu peças de design multi-dimensionais cuja identidade convoca as mais variadas narrativas, colocando-as “à janela” de prédios devolutos e promovendo, desta forma, a sua interacção com o habitante local ou com o visitante ocasional.

No Largo Dr. Valério de Morais, à vista da peça de SAMINA que representa José Carlos Campos, o icónico “Sr. Viseu”, três figuras da terra impõem-se na fachada de um edifício: Entre os dois progenitores, um jovem com um vibrante vestido vermelho e de ar altivo parece desafiar quem passa. O espanhol Jofre Oliveras quis chamar a atenção para o preconceito de género que continua a grassar na nossa sociedade mas este é um trabalho cuja leitura não se esgota no tema, assentando num projecto mais vasto de recolha em colaboração com a fotógrafa Lucia Herrero e cujo resultado a organização espera poder desvendar na íntegra na edição de 2021, quando o WOOL celebrar uma década de vida. Finalmente, na Rua dos Bombeiros Voluntários, não muito longe da incrível peça de Bosoletti, o espanhol Alberto Montes oferece-nos um mural de grande beleza, num austero preto e branco, marcado pela relação geométrica das formas que o compõem e onde se percebe o trabalho agrícola como um vínculo forte entre as pessoas e todo o vasto interior do país.

Mas esta edição do WOOL foi muito mais do que o trabalho dos quatro artistas referidos. Entre visitas guiadas, workshops, uma exposição de fotografia intitulada “Serra ao Alto”, de Rui Gaiola, e as usuais conversas com artistas, destacaria dois momentos relevantes e sobre os quais falarei detalhadamente aqui no blogue nos próximos dias: o documentário de Selina Miles, “Martha: A Picture Story”, exibido no Salão da Banda da Covilhã na passada sexta feira à noite; e ainda, no mesmo local mas no dia seguinte, a apresentação do livro de fotografia de viagem e paisagem “I Wish I Could Drive These Roads Forever”, de Rui Gaiola. Em jeito de balanço, resta acrescentar que uma visita à “cidade neve” por altura do WOOL é sempre um prazer e a edição deste ano, apesar de todas as restrições, não foi excepção. Empenho, rigor, qualidade, disponibilidade e simpatia continuam a ser imagens de marca de um evento que tudo faz para agradar a todos e que insiste em trazer a Arte para a rua e em mostrá-la das mais variadas formas a todos os públicos.

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