CONCERTO: “Elevação de Estarreja
a Cidade”
Orquestra Filarmonia das Beiras
Maestro | Cláudio Ferreira
Solistas | Gabriel Antão
(trombone), Ricardo Antão (eufónio)
Cine-Teatro de Estarreja
26 Jan 2020 | dom | 16:00
É indiscutível que o dia 26 de
janeiro de 2005 permanecerá na história do Município de Estarreja.
Era então publicada no Diário da República a Lei nº 3/2005 que
oficializava a elevação de Estarreja à categoria de cidade. Daí
que o dia de hoje seja um dia de festa para o Município, ao
cumprirem-se 15 anos sobre a efeméride. A assinalar a data - e como vem sendo hábito -, a cidade
ofereceu à população um concerto de música clássica, ao mesmo
tempo mostrando que continua a valorizar os agentes culturais locais.
Assim, convidou para o palco do Cine-Teatro de Estarreja a Orquestra
Filarmonia das Beiras, sob a direcção do Maestro Cláudio Ferreira,
tendo como solistas o trombonista Gabriel Antão e o eufonista
Ricardo Antão, três talentos desta bonita quanto dinâmica terra e
que tiveram o merecido destaque neste dia de celebração.
Composto por Nino Rota e apresentado
pela primeira vez em 6 de Março de 1969 no Conservatorio di Musica
“Giuseppe Verdi”, em Milão, o Concerto para Trombone e Orquestra
abriu esta tarde de festa. Considerado uma das mais importantes obras
para trombone do repertório clássico, o concerto estende-se ao
longo de três curtos andamentos e é pontuado por um naipe de
instrumentos bastante ligeiro, nomeadamente ao nível dos metais,
deixando o caminho livre para o trombone solo, aqui tendo por
intérprete Gabriel Antão. Embora não muito expressivo, o
solista demonstrou um belíssimo controlo sobre toda a gama do
instrumento, mostrando-se particularmente à vontade na exploração
do registo alto do trombone no segundo andamento e nesse delicioso
divertimento que é o terceiro andamento, digno de uma comédia de
Fellini. Os aplausos pelo seu desempenho foram mais do que merecidos.
A segunda peça interpretada foi uma
estreia e resultou duma encomenda do Município ao
compositor estarrejense Alexandre Almeida. Intitulada “Antão e
quê...? Divertimento para Trombone, Eufónio e Orquestra”, com os
solistas Gabriel Antão e Ricardo Antão em trombone e eufónio,
respectivamente, a peça saldou-se por um momento delicioso graças às
suas inspiradas linhas melódicas e ao desempenho dos solistas. Ainda
que resumindo-se a um único andamento, neste “Antão e quê...?”
cabem os momentos de festa e de folia que pontuam a vida das gentes,
como cabem o dramatismo dos elementos e a dor da perda. Fruto dum
trabalho inspirado, os diálogos entre os dois instrumentos solistas
e destes com a orquestra são harmoniosos e de uma enorme riqueza
tímbrica e rítmica. Gabriel e Ricardo Antão mostraram-se ao mais
alto nível na interpretação deste “divertimento”, sabendo transmitir à plateia a felicidade do momento. No final o público não
se fez rogado, coroando músicos e compositor com uma enorme ovação.
E porque a tarde era de festa e de
celebração, foi em festa que se encerrou o programa com a magnífica
Sinfonia nº 4, Op. 90, “Italiana”, de Felix Mendelssohn. Sem
desprimor para as peças anteriormente apresentadas, é com as
alegres e festivas melodias do primeiro andamento desta sinfonia na
cabeça que deixamos o teatro. Mas o carácter introspectivo e o
bucolismo dos segundo e terceiro andamentos, associados ao enérgico
quarto andamento, um “saltarello”, dança leve e alegre típica
da Itália, fazem do todo um dos pontos altos do período romântico.
Parabéns Estarreja por este 15º aniversário e parabéns a quem faz
da cultura uma das prioridades do Concelho. A encomenda de uma peça clássica e a oferta do Concerto à
cidade são disso prova clara.
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