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terça-feira, 9 de julho de 2019

CONCERTO: Mozart Group



CONCERTO: Mozart Group
Festival Internacional de Música de Espinho
Auditório de Espinho – Academia
05 Jul 2019 | sex | 22:00


Provando o eclectismo da sua extraordinária programação, a 45ª edição do Festival Internacional de Música de Espinho propôs ao público, desta vez, uma combinação de virtuosismo musical com a mais pura diversão, convidando para o efeito o talentoso quarteto polaco Mozart Group. E a surpresa não poderia ser maior. Nos seus trajes absolutamente formais, Filip Jaślar, Michał Sikorski, Paweł Kowaluk e Bolesław Błaszczyk deram um recital de gargalhadas do primeiro ao último momento, mesclando a música de Haydn, Mozart ou Beethoven, com a de Michael Jackson, Beatles ou os Abba. Com a dose exacta de non sense, muito humor e imaginação e um domínio fabuloso dos respectivos instrumentos, lograram, assim, juntar o útil ao agradável, seduzindo os amantes da boa música, mas também os aficcionados da mímica e do burlesco, através duma explosão irresistível e contagiante de ritmos e de risos.

Com os acordes clássicos do Minuetto de Luigi Boccherini e da Pequena Serenata Nocturna de Mozart a ecoarem na sala a abrir o Concerto, rapidamente a música “resvalou” para as suas “versões” western, tirolesa, iídiche e flamenca. O mote estava dado, saindo reforçado com a revelação de que “o rock'n'roll nasceu nos anos 50... do século XVIII”. A prova disso foram a Toccata e Fuga de Bach ou a valsa Danúbio Azul de Strauss interpretadas como se de Chick Webb, Big Joe Turner ou Jim Allen e os seus Cometas se tratasse. Voltando-se para um repertório mais contemporâneo, o quarteto voltou a arrancar do público saborosas gargalhadas com My Heart Will Go On de Céline Dion para o filme Titanic, com uma versão muito própria de Beat It de Michael Jackson ou com o “sketch” Como Impressionar uma Mulher, vindo ao de cima uma enorme capacidade de arrancar aos instrumentos – que não apenas violinos, viola e violoncelo - os mais improváveis sons.

Evidenciando a universalidade da música nas suas formas mais variadas, o Mozart Group fez do tempo do concerto um tempo de boa disposição. Ainda que tocando os instrumentos como se de um grupo de Mariachis se tratasse, marcando o ritmo ao toque de uma bola de pingue-pongue, extraindo música de um balão, batendo os pés a compasso ou fazendo do violoncelo uma bela mulher com quem se dança o tango, nunca deixaram de impressionar pela qualidade da sua música, os excertos do Bolero de Ravel, do Peer Gynt de Grieg ou da ária da Rainha da Noite da ópera A Flauta Mágica de Mozart sendo disso a prova provada. O número final, já no encore, trouxe da plateia para o palco um muito aclamado “Luciano Pavarotti”, para uma interpretação estonteante de O Sole Mio, ao lado de outros dois “tenores”. Foi a cereja no topo do bolo de uma noite que não se irá apagar da memória por muito tempo.

[Foto: facebook.com/auditoriodeespinhoacademia/]

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