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sexta-feira, 28 de junho de 2019

CONCERTO: Lisboa String Trio



CONCERTO: Lisboa String Trio
Festival Internacional de Música de Espinho
Biblioteca José Marmelo e Silva (Jardim Interior), Espinho
27 Jun 2019 | qui | 22:00


No arranque da segunda semana do FIME – Festival Internacional de Música de Espinho, o Lisboa String Trio partilhou com o público, na noite passada, o espaço do jardim interior da Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva para um concerto que viria a revelar-se memorável. Três adoráveis oliveiras e as estrelas do céu como elementos decorativos ofereceram o necessário ambiente intimista para este concerto, em cujo seio se veio abrigar um programa pleno de encanto e sedução. Em palco, Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Carlos Barreto (contrabaixo) e José Peixoto (guitarra clássica) lançaram mão de doze temas extraídos dos seus álbuns “Matéria” (2014) e “Lisboa” (2016), “salteando” o fado com o jazz, o todo “condimentado” com uma pitada de mornas, chorinhos e outros ritmos quentes e chamativos.

“Variações em Ré”, desse enorme compositor que foi Francisco Carvalhinho, foi o primeiro tema interpretado, lançando o concerto numa toada de fado “puro e duro”, Alfama e Mouraria abertas de par em par, os acordes a transportarem-nos para “A Severa”, casa onde o compositor falecido em 1990 por certo terá tocado esta que é uma das suas mais brilhantes composições. Carvalhinho não seria o único compositor lembrado ao longo do concerto, a ele se juntando Jaime Santos, Casimiro Ramos, Domingos Camarinha e José Nunes em temas todos eles extraídos do mais recente álbum do trio. Nestas, como nas restantes músicas, aquilo que de mais relevante se percebeu foi a enorme cumplicidade entre os três instrumentistas e a sua contagiante alegria em tocarem música instrumental, uma tendência que já conheceu melhores dias.

Todos com assinatura de José Peixoto, os restantes temas escutados ao longo do concerto provaram o eclectismo da música deste fantástico agrupamento, a paleta de sonoridades e ritmos a alargar-se e a diversificar-se, para gozo do público que não se cansou de aplaudir o trio. Exemplos maiores da maestria do compositor, “Impasse”, “Outubro 3” ou “Camel”, temas extraídos do álbum “Matéria” foram escutados com devoção, pese embora o irritante ruído dos aviões e de um ou outro escape aberto na avenida ali ao lado. Particularmente inspirado, “Cinzento” mostrou ter raízes árabes e “Desagarrado”, interpretado já na fase final do concerto, foi recuperado para um muito reclamado “encore”, conhecendo então uma versão mais livre, os músicos a darem asas à improvisação. Um excelente concerto numa 45ª edição do FIME que ainda tanto tem para oferecer!

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