CONCERTO: Lisboa String Trio
Festival Internacional de Música de
Espinho
Biblioteca José Marmelo e Silva
(Jardim Interior), Espinho
27 Jun 2019 | qui | 22:00
No arranque da segunda semana do FIME –
Festival Internacional de Música de Espinho, o Lisboa String Trio
partilhou com o público, na noite passada, o espaço do jardim
interior da Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva para um concerto que viria a revelar-se memorável. Três
adoráveis oliveiras e as estrelas do céu como elementos decorativos
ofereceram o necessário ambiente intimista para este concerto, em
cujo seio se veio abrigar um programa pleno de encanto e sedução.
Em palco, Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Carlos Barreto
(contrabaixo) e José Peixoto (guitarra clássica) lançaram mão de
doze temas extraídos dos seus álbuns “Matéria” (2014) e
“Lisboa” (2016), “salteando” o fado com o jazz, o todo
“condimentado” com uma pitada de mornas, chorinhos e outros ritmos quentes e chamativos.
“Variações em Ré”, desse enorme
compositor que foi Francisco Carvalhinho, foi o primeiro tema
interpretado, lançando o concerto numa toada de fado “puro e
duro”, Alfama e Mouraria abertas de par em par, os acordes a
transportarem-nos para “A Severa”, casa onde o compositor
falecido em 1990 por certo terá tocado esta que é uma das suas
mais brilhantes composições. Carvalhinho não seria o único
compositor lembrado ao longo do concerto, a ele se juntando Jaime
Santos, Casimiro Ramos, Domingos Camarinha e José Nunes em temas
todos eles extraídos do mais recente álbum do trio. Nestas, como
nas restantes músicas, aquilo que de mais relevante se percebeu foi a
enorme cumplicidade entre os três instrumentistas e a sua
contagiante alegria em tocarem música instrumental, uma tendência
que já conheceu melhores dias.
Todos com assinatura de José Peixoto,
os restantes temas escutados ao longo do concerto provaram o
eclectismo da música deste fantástico agrupamento, a paleta de
sonoridades e ritmos a alargar-se e a diversificar-se, para gozo do
público que não se cansou de aplaudir o trio. Exemplos maiores da
maestria do compositor, “Impasse”, “Outubro 3” ou “Camel”,
temas extraídos do álbum “Matéria” foram escutados com
devoção, pese embora o irritante ruído dos aviões e de um ou outro escape
aberto na avenida ali ao lado. Particularmente inspirado, “Cinzento”
mostrou ter raízes árabes e “Desagarrado”, interpretado já na
fase final do concerto, foi recuperado para um muito reclamado
“encore”, conhecendo então uma versão mais livre, os músicos a
darem asas à improvisação. Um excelente concerto numa 45ª edição do
FIME que ainda tanto tem para oferecer!
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