CONCERTO: “Encruzilhadas”
Orquestra de Jazz de Espinho com
Eduardo Cardinho e José Miguel Moreira
Academia de Espinho – Auditório
01 Jun 2019 | sab | 21:30
Numa altura em que se está a completar
uma década sobre a sua primeira apresentação pública, a Orquestra
de Jazz de Espinho voltou a subir ao palco do Auditório da Academia
de Música para uma grande noite. Uma vez mais não veio sozinha,
desta feita trazendo consigo o vibrafonista Eduardo Cardinho e o
guitarrista José Miguel Moreira, dois nomes que têm em comum o
facto de possuírem percursos intimamente ligados à Academia, o
primeiro porquanto faz parte do quadro de professores da casa e o
segundo porque foi precisamente aqui que, nos idos de 2002, concluiu
o curso de Percussão Clássica. Desta ligação íntima à Academia
e do cruzamento de interesses em torno do jazz nasceu
“Encruzilhadas”, confluência de composições inspiradas e de
orquestrações e interpretações de enorme nível, proporcionando um serão único que o público
sorveu com deleite e emoção.
Com um programa construído em torno de
temas da autoria de Eduardo Cardinho (“Lua” e “Bipolar
Hallucination”) e de José Miguel Moreira (“Airhead” e
“Coentros”), aos quais se juntou “LH422”, de Paulo Perfeito - director desta Orquestra em parceria com Daniel Dias -, “Encruzilhadas”
apostou sobretudo na originalidade. Ao público coube o privilégio
de escutar uma série de temas em estreia absoluta – isto se virmos
como um “ensaio geral” o facto de este mesmo programa ter sido
tocado algumas horas antes no “Serralves em Festa” -, servindo a
proposta para divulgar o trabalho de composição destes jovens
músicos, nos quais se deve reconhecer uma enorme qualidade e talento.
Características que se estendem por inteiro à Orquestra de Jazz de Espinho e
aos seus jovens músicos, de novo o suporte perfeito de dois
instrumentistas de eleição.
Entre as frases musicais de grande
riqueza harmónica e os momentos mais “free”, a musica a querer
saltar das pautas e a clamar pela grande improvisação, o que de
melhor há a reter em “Encruzilhadas” é o entendimento perfeito entre o vibrafone de Eduardo
Cardinho e a guitarra de José Miguel Moreira. E não estou a falar
de diálogo entre instrumentos, antes duma relação de
complementaridade, de cumplicidade única, como se cada um deles
vivesse de e para o outro. Prova disso é a parte inicial de
“Coentros”, a fechar o programa, com as lâminas do vibrafone
tocadas com arco e as cordas da guitarra postas a vibrar com a ajuda
duma baqueta. Foi um momento sublime, o público suspenso da
complexidade melódica que tomou conta do concerto, a música a fluir
de forma expressiva e totalmente livre. Inesquecível!
[Foto: Auditório de Espinho –
Academia | facebook.com/auditoriodeespinhoacademia/]
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