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quarta-feira, 5 de junho de 2019

CONCERTO: "Encruzilhadas"




CONCERTO: “Encruzilhadas”
Orquestra de Jazz de Espinho com Eduardo Cardinho e José Miguel Moreira
Academia de Espinho – Auditório
01 Jun 2019 | sab | 21:30


Numa altura em que se está a completar uma década sobre a sua primeira apresentação pública, a Orquestra de Jazz de Espinho voltou a subir ao palco do Auditório da Academia de Música para uma grande noite. Uma vez mais não veio sozinha, desta feita trazendo consigo o vibrafonista Eduardo Cardinho e o guitarrista José Miguel Moreira, dois nomes que têm em comum o facto de possuírem percursos intimamente ligados à Academia, o primeiro porquanto faz parte do quadro de professores da casa e o segundo porque foi precisamente aqui que, nos idos de 2002, concluiu o curso de Percussão Clássica. Desta ligação íntima à Academia e do cruzamento de interesses em torno do jazz nasceu “Encruzilhadas”, confluência de composições inspiradas e de orquestrações e interpretações de enorme nível, proporcionando um serão único que o público sorveu com deleite e emoção.

Com um programa construído em torno de temas da autoria de Eduardo Cardinho (“Lua” e “Bipolar Hallucination”) e de José Miguel Moreira (“Airhead” e “Coentros”), aos quais se juntou “LH422”, de Paulo Perfeito - director desta Orquestra em parceria com Daniel Dias -, “Encruzilhadas” apostou sobretudo na originalidade. Ao público coube o privilégio de escutar uma série de temas em estreia absoluta – isto se virmos como um “ensaio geral” o facto de este mesmo programa ter sido tocado algumas horas antes no “Serralves em Festa” -, servindo a proposta para divulgar o trabalho de composição destes jovens músicos, nos quais se deve reconhecer uma enorme qualidade e talento. Características que se estendem por inteiro à Orquestra de Jazz de Espinho e aos seus jovens músicos, de novo o suporte perfeito de dois instrumentistas de eleição.

Entre as frases musicais de grande riqueza harmónica e os momentos mais “free”, a musica a querer saltar das pautas e a clamar pela grande improvisação, o que de melhor há a reter em “Encruzilhadas” é o entendimento perfeito entre o vibrafone de Eduardo Cardinho e a guitarra de José Miguel Moreira. E não estou a falar de diálogo entre instrumentos, antes duma relação de complementaridade, de cumplicidade única, como se cada um deles vivesse de e para o outro. Prova disso é a parte inicial de “Coentros”, a fechar o programa, com as lâminas do vibrafone tocadas com arco e as cordas da guitarra postas a vibrar com a ajuda duma baqueta. Foi um momento sublime, o público suspenso da complexidade melódica que tomou conta do concerto, a música a fluir de forma expressiva e totalmente livre. Inesquecível!

[Foto: Auditório de Espinho – Academia | facebook.com/auditoriodeespinhoacademia/]

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