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CERTAME: 3ª Bienal Internacional de
Arte Gaia 2019
Fábrica da Fiação de Lever
24 Abr > 20 Jul 2019
Sem ser necessário pensar muito,
encontraremos, seguramente, um belo punhado de razões para não deixar de visitar esta terceira edição da Bienal Internacional de Arte Gaia 2019. Uma
haverá, porém, que se sobrepõem a todas as outras: É que não é
todos os dias que, num mesmo espaço, qualidade e quantidade se
oferecem aos nossos olhos sob a forma de arte. Na Quinta de Fiação de Lever, aquilo
que espera o visitante é um conjunto vasto e riquíssimo de trabalhos artísticos
em diversos formatos, suportes e texturas, que nos dizem muito do
actual estado da arte em Portugal. E a conclusão a que se chega é
que se está a trabalhar muito, se está a trabalhar bem e que há um
sentido em cada trabalho, uma mensagem que se quer passar e que
reflecte preocupações muito concretas, das quais “paz e
refugiados” ou “mulheres e cidadania” são apenas dois exemplos
maiores.
Empenhada em construir pontes com as
questões de ordem política e social que estão na ordem do dia, a
Bienal Internacional de Arte Gaia 2019 apresenta um conjunto superior
a dois milhares de obras de 502 criadores, oriundos de 14 países.
Percorrendo os dois pavilhões da antiga fábrica, o visitante começa
por contactar com a obra do grande escultor que é
Zulmiro de Carvalho, “homem de imenso coração e gigantesca obra”
e que é o artista homenageado nesta edição da Bienal. Seguem-se as
exposições “Pares”, com curadoria de Norberto Jorge e Rui
Ferro, “(sub)missão”, com curadoria de Filipe Rodrigues, e “Na
Sombra do Infinito”, com curadoria de Albuquerque Mendes, todas
elas com belíssimas propostas, das quais destacaria os trabalhos dos
escultores Ana Fernandes, Alírio e Carlos Barreira, João Pedro
Rodrigues, Marta de Aguiar e João Ferreira e dos fotógrafos Sara
Carneiro e Luís Santos.
Com curadoria de Ilda Figueiredo e
Mirene, “Paz e Refugiados” reclama do visitante disponibilidade e entrega.
Mais do que a beleza e harmonia do conjunto exposto, há toda uma
onda de solidariedade que abraça os artistas aqui representados e
que une vontades contra as guerras, as opressões, as injustiças e
as desigualdades, em defesa da Paz, da emancipação e progresso da
Humanidade. Outras duas exposições que reforçam a ideia desta ser
uma “Bienal de Causas” são “Mulheres e Cidadania”, com
curadoria de Manuela Aguiar e Luísa Prior, e “Museu de Causas /
Coleções Agostinho Santos”, cada uma delas valendo, por si só,
uma deslocação a Lever. Mas há ainda para ver o trabalho de 89
artistas seleccionados no Concurso Internacional, as exposições
“Mínimo, máximo e assim assim”, com curadoria de Fátima
Lambert, e “Territórios do vinho”, com curadoria de Manuel
Cabral, um espaço “Viarco” e um espaço “Ateliê”, este
último apresentando exemplares das coleções de galeristas e particulares e
onde o visitante vai encontrar nomes consagrados como os de Siza
Vieira, Cruzeiro Seixas, Nadir Afonso, João Cutileiro, Rui Chafes,
Ângelo de Sousa ou Nikias Skapinakis,
entre muitos outros.
Para o final deixo propositadamente as
duas exposições mais inspiradoras, dum ponto de vista estritamente
pessoal, e sobre as quais falarei separadamente noutro espaço do
blogue. A primeira chama-se “Livre Mente”, é comissariada pelo
jornalista Sérgio Almeida e explora a relação entre várias formas
de arte, com ponto de partida na literatura. Desta forma, o visitante
tem a oportunidade de mergulhar noutras formas de expressão
artística, que não os livros, de escritores como Rui Machado,
Afonso Reis Cabral, João Rasteiro, Minês Castanheira, Paulo M.
Morais, Clara Haddad ou Aurelino Costa. Por outro lado, há esse
momento delicioso que nos é oferecido por Maria do Carmo Vieira e
que nos convida a “Desempacotar a Cultura”, uma exposição
individual na qual a artista representa, em embalagens de leite vazias, mais de três dezenas de nomes grandes da nossa literatura, de
Florbela Espanca a José Cardoso Pires, de Sophia de Mello Breyner a
Miguel Torga ou José Saramago. Imperdível!
Muito obrigado pela visita e, naturalmente, pela apreciação que faz à nossa Bienal Internacional de Arte Gaia 2019. É sempre um incentivo para prosseguirmos a nossa tarefa!...
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