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sexta-feira, 23 de maio de 2025

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: MIRA Mobile Prize 2025



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: Mira Mobile Prize 2025
Vários artistas
Curadoria | Manuela Matos Monteiro, João Lafuente
MIRA Galerias | MIRA FORUM
10 Mai > 07 Jun 2025


Diariamente são partilhadas on-line 3,2 biliões de imagens (quase quarenta mil imagens por segundo) e 720 mil horas de vídeo. Importa acrescentar que estes números estarão seguramente ultrapassados, uma vez que remontam a 2020 e hoje a realidade será bem diferente. Serve isto para dizer que ter um telemóvel equipado com uma ou várias câmaras fotográficas, com qualidade capaz de fazer as delícias do fotógrafo ou videógrafo mais exigente, é prática corrente e que está à vista de todos. Atenta a esta realidade, a dinâmica e laboriosa equipa do MIRA - Manuela Matos Monteiro e João Lafuente, assistidos por Beatriz Vital – vem celebrando a fotografia mobile há uma década e voltou a lançar o repto aos artistas, na certeza do seu espírito de abertura em relação ao novo e que se traduz, sempre, num vastíssimo conjunto de imagens enviadas de todo o mundo. Assim foi, uma vez mais, nesta 19ª edição do concurso, na qual se destacou o trabalho de 50 artistas e que pode agora ser visto no MIRA Galerias | MIRA FORUM.

Primeiro de dois momentos anuais dedicados à fotografia Mobile – está já agendada para 8 de Novembro a inauguração da exposição do MIRA Mobile Prize Street Photography -, a mostra volta a promover e aprofundar essa nova ferramenta geradora de imagens que é a Inteligência Artificial, a par das habituais categorias de Arte Digital, Arquitectura, Minimal, Paisagem, Retrato e Vida Quotidiana. E se, no ano anterior, o espaço dedicado a esta particular arte de construir imagens era relativamente limitado, este ano a mostra atinge uma dimensão digna desse nome, com a proposta de uma shortlist que integra trinta e um fotógrafos nacionais e estrangeiros e o lançamento da 1.ª exposição de imagens geradas com recurso à IA. Além da projecção de um vasto conjunto de imagens geradas por IA, a mostra integra trabalhos de um número considerável de artistas convidados, destacando-se Carlos Garcia (Garcia Mann) com o seu trabalho “New Amerika””, série de oito imagens que se debruçam sobre traços da sociedade americana e alguns dos seus ícones, em que as cores vibrantes que os caracterizam dão lugar ao negro e a cinzentos pesados. 

O Júri deste ano - constituído por Andreia Bigiarini, Gina Costa, Giulia Baita, Joanne Carter e Rui Apolinário - decidiu atribuir o Prémio Mira Mobile Prize 25’ ao arquitecto madrileno Jose Luis Morales, destacado fotógrafo mobile, que sucede assim a Andrea Seligman, vencedora no ano passado. O português mais bem classificado foi Lara Plácido, também ela arquitecta. Ao lado destes dois trabalhos, o visitante pode apreciar um vasto conjunto de imagens igualmente muito belas e significativas da autoria de, entre outros, Adelino Marques, Andrea Seligman, Demetrio Jereissati, Diana N. Jeon, Erick Pereira, Filipe Neto, Gianluca Ricoveri, Isbela Mota, Jane Schultz, Linda Hollier, Marco Prado, Maria Castro, Maryjane Rosenfeld, Omur Mehmet ou Tete Lima. Entre a superficialidade e a profundidade crítica ou poética que envolve o acto de criar através da imagem, eis uma extraordinária oportunidade para apreciar o que de melhor se faz em duas áreas da fotografia com o maior futuro. As exposições podem ser visitadas até 07 de Junho.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Blur" | Lara Jacinto



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Blur”,
de Lara Jacinto
Curadoria | Susana Lourenço Marques
(In)visibilidades e Derivas
MIRA Galerias | MIRA FORUM
08 Mar > 03 Mai 2025


A complexidade da vida quotidiana nos países em redor do Adriático - uma região que, ao longo da História, tem passado por profundas alterações, com um passado de beligerância que engloba as guerras mundiais do século XX e a última guerra a ter lugar na Europa antes do novo milénio - está no centro de “Blur”, exposição de fotografia de Lara Jacinto, patente no MIRA Galerias | MIRA FORUM. “Blur” pretende apreender e transmitir a realidade de uma linha de fronteira tornada difusa graças a repetidas mudanças, determinadas por acontecimentos políticos de magnitude variável e com um forte impacto no tecido social e humano. Aos olhos daqueles que não pertencem à região e são alheios a esse forte sentido de alteridade que a história recente inculcou nela, em ambos os lados da fronteira, as semelhanças herdadas pelas travessias ao longo dos anos, a miscelânea de destinos de cada povo daquele território. As diferenças são superficiais e artificiais. “Blur” aborda esta identidade partilhada inconscientemente (pelo menos no que diz respeito aos hábitos culturais), a confusão entre fronteiras políticas e semelhanças entre povos e a dificuldade de estabelecer uma identidade que não seja, de certa forma, comum a todos.

“Blur” também aborda a incerteza do futuro - entre a tentação de criar fronteiras mais rígidas, a resistência à diferença, a ênfase dada àquilo que separa os povos e tudo aquilo que contraria o ideal europeu de unidade, agora perdido. É uma viagem emocional num território partilhado vulnerável, onde se agrupam diferentes influências culturais, religiosas e políticas, combinando-se e criando um universo tão fascinante quanto contraditório - belo e repulsivo, emocional e racional, seguro e hostil. Não se pode olhar para este universo sem pensar duplamente: por um lado, as questões que perturbam a Europa, a situação dos refugiados, a ameaça terrorista e a instabilidade política; por outro lado, a dispersão das fronteiras, a reconfiguração do território, as questões identitárias, a guerra e a disputa geográfica e étnica que ocorreu nos Balcãs. Embora se trate de uma região onde algumas políticas se esforçam por resistir à contaminação cultural e por apoiar a ideia de identidade e de diferença, a paisagem humana está, no entanto, a misturar-se por todo o lado. Neste contexto, é premente questionarmo-nos sobre o que define, de facto, a proximidade entre as pessoas.

Num primeiro contacto com um espaço cultural e geograficamente estranho, há uma tendência natural para reparar nas diferenças. As imagens tornam-se mais nítidas e destacam uma geração mais jovem com diferentes origens, etnias e religiões, uma sociedade que prepara o seu futuro na Europa. Alguns estudam ou trabalham, outros não têm profissão, mas todos vivem um quotidiano idêntico e têm objectivos de vida semelhantes. Vestem as mesmas roupas, usam os mesmos modelos de smartphones, ouvem a mesma playlist, aspiram aos mesmos luxos e aos mesmos divertimentos e adoptam comportamentos sociais recorrentes. Quando observamos estes europeus, tendemos a desenvolver alguma identificação, e a nossa proximidade e empatia aumentam à medida que as semelhanças se revelam. Apesar da distância, percebe-se que é muito mais o que os une do que aquilo que os separa. É esta realidade que pode ser apreciada no simpático espaço de Campanhã, até 03 de Maio.

domingo, 30 de março de 2025

EXPOSIÇÃO: “Um Olho Verde, Outro Azul: Herbário do Antropoceno” | Paula Roush



EXPOSIÇÃO: “Um Olho Verde, Outro Azul: Herbário do Antropoceno”,
de Paula Roush
(In)visibilidades e Derivas
MIRA Galerias | MIRA FORUM
08 Mar > 03 Mai 2025


“Um Olho Verde, Outro Azul: Herbário do Antropoceno” emerge do cenário mutável de Campanhã, onde infra-estruturas industriais abandonadas estão a ser apagadas e reaproveitadas para empreendimentos imobiliários de luxo. Através de uma abordagem experimental à criação de imagens, o projecto questiona quem e o que pode habitar estes espaços de transição. Vagueando pelas ruínas de antigas fábricas têxteis e pelos terrenos em redor da antiga central eléctrica, Paula Roush recolheu plantas com o intuito de criar um herbário do antropoceno, utilizando processos fotográficos baseados em energia solar, como cianotipias e fitogramas. A pesquisa estendeu-se ao Arquivo Histórico do Porto, ao encontro de plantas arquitectónicas de armazéns e centrais hidroeléctricas, a fontes digitais como blogues dedicados à arqueologia industrial e à memória urbana, bem como a pesquisas académicas encontradas nos portais da Universidade do Porto, onde materiais industriais obsoletos e documentos históricos circulam como vestígios da desindustrialização.

O recurso a um conjunto de agentes algorítmicos permitiu a geração de bio-imagens que funcionam como uma extensão especulativa desta pesquisa. As informações recolhidas foram codificadas em prompts para gerar novas imagens, ampliando a leitura do território através de processos de inteligência artificial. Estas imagens serviram também como base para o desenvolvimento de novos têxteis, produzidos em fábricas de impressão digital, acrescentando uma camada de materialidade e circulação aos vestígios de Campanhã. São imagens que desafiam a contínua reinscrição do vazio industrial - através do abandono, da especulação imobiliária e da estetização da ruína - e expõem a abstração da paisagem como um processo activo de exclusão. A lógica do vazio não se limita à ausência material, mas à sua reconfiguração como mercadoria, potencial de lucro e superfície estética. No entanto, a ruína não é neutra. Estes espaços têm as marcas da exploração laboral, da degradação ambiental e da resistência.

Se a abstração apaga as histórias dos lugares para as reinscrever como imagens especulativas de um futuro lucrativo, este projecto procura devolver o corpo e a lembrança ao que foi silenciado. Ao recuperar as ruínas como locais de memória e persistência, “Um Olho Verde, Outro Azul: Herbário do Antropoceno”' traz as histórias apagadas para o centro da narrativa, situando as transformações de Campanhã num contexto mais amplo de colonialismo, capitalismo e deslocação. Assim, talvez este projecto seja, também, sobre a escuta do visível, sobre a possibilidade de perceber o que já não soa, mas ainda vibra. Sobre um arquivo que não se fecha no silêncio, mas que continua a gerar novas frequências - como as ruínas, que nunca são vazias, mas habitadas por histórias, ecossistemas e resistências que se recusam a desaparecer. Contando com colaborações várias, nomeadamente ao nível da curadoria de conteúdos, agentes algorítmicos, cianotipias e instalação, entre outras, este é mais um projecto de enorme impacto visual e significado patente no MIRA para ser visto até 03 de Maio.

[Texto baseado na Folha de Sala da Exposição e na página da artista, em https://www.msdm.org.uk/project/olho-verde-outro-azul-herbarium-for-the-anthropocene-installation]

sábado, 28 de dezembro de 2024

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “MIRA Mobile Prize B&W 2024”



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “MIRA Mobile Prize B&W 2024”
Vários Autores
Ciclo de Fotografia Lesta e Lenta
MIRA Galerias | MIRA FORUM
16 Nov > 28 Dez 2024


Chega hoje ao fim a exposição internacional de fotografia mobile - captada e editada com dispositivos móveis -, uma iniciativa com a marca do projecto MIRA, dos incansáveis Manuela Matos Monteiro e João Lafuente. Naquela que é a 18ª edição do MIRA Mobile Prize B&W, os trabalhos apresentados resultam da escolha de um júri internacional composto por Armineh Hovanesian, Estêvão Lafuente, Gina Costa, Himanshu Roy e Sukru Mehmet Omur. Foram eles os responsáveis por eleger um conjunto de cinquenta fotografias, entre as muitas centenas que se ofereceram a concurso, e que se mostram ao público nas paredes do MIRA Galerias | MIRA FORUM. Simultaneamente, são projectadas em ecrã as 213 melhores imagens. Tempo para abraçar, através do olhar atento dos artistas, “pedaços de vidas que acontecem no grande cenário humano que é a rua onde as pessoas se movem ou estacionam os corpos: nos passeios das ruas, nos átrios dos edifícios, nas estações e carruagens de comboios, nos parques e jardins, nos cafés, nos museus, nas igrejas, numa grande avenida ou também numa rua estreita de uma aldeia”.

Olhando de perto os meandros de um Prémio que é já uma referência no panorama das iniciativas do género em Portugal, percebe-se que se contam por milhares as fotografias que em anos sucessivos são recebidas e que, contrariando a ideia de uma rotina instalada, não deixam de surpreender quem tem a missão de as analisar e avaliar. Nos motivos mais díspares, são elas que convidam à viagem para geografias distantes, diversas, habitadas por personagens que, partilhando a mesma biologia, são distintas na sua forma de vestir e estar, de se juntar, de celebrar, de sofrer. Os cenários variam e a luz nas arquiteturas desenha formas particulares enquadrando de modo único pessoas, veículos, animais, árvores, equipamentos, relevos. Em alguns casos, a fotografia de rua aproxima-se da fotografia abstrata, minimalista, enquanto que noutros o humano manifesta-se de forma exuberante. Pelo olhar do fotógrafo, percorremos ruas e praças, cruzamos o olhar com pessoas muito diferentes entre si, imaginamos as histórias de vida que se abrigam num gesto ou num olhar.

A propósito desta edição do MIRA Mobile Prize B&W, os organizadores realçam que “a fotografia a cores domina o mundo de hoje mas o preto e branco continua a ocupar um lugar especial porque a simplicidade do contraste mediada pelos cinzentos traz um foco maior à textura, forma e estrutura o que combinado torna as imagens mágicas. Não arriscamos muito se considerarmos que em muitas fotografias a poesia escreve-se com luz. A fotografia mobile captada e editada com dispositivos móveis calados, discretos, contidos asseguram a invisibilidade tão oportuna quando queremos captar a vida a acontecer em momentos únicos e irrepetíveis que acontecem num tempo e num espaço definidos pelos relógios e geografias. É neste mundo diverso e colorido pelas diferenças e semelhanças que se manifesta de forma mais genuína a Humanidade”. Uma última nota para a foto vencedora, da autoria de Mal McCann, que nos mostra um barbeiro em plena actividade numa movimentada rua de Galway. Numa restrita lista que inclui nomes como os de Adelino Marques, Augusto Lemos ou Óscar Valério, Cláudia Fernandes foi a portuguesa mais bem classificada.