CONCERTO: “Miroirs Vénitiens”
Orquestra Barroca da Academia de Ambronay
Direcção Musical e violino | Amandine Beyer
Com | Laurène Patard-Moreau (violino), Paolo Martino Delmarco (violino), Enesh Dzhanykova (violino), Marta Guillen Pegueroles (violino), Joseph Lowe (violino), Hanna Crudele (violino), Tatiana Bechlitch-Szönyi (violino), Phaik Tzhi Chua (violino), Natascha Pichler (violino), Laura Vila Mayoral (violino), Mario Carpintero (viola), Mario Guedes Gutiérrez (viola), Luis Manuel Vicente Beltrán (viola), Moeko Aiba (violoncelo), Lucie Cazes (violoncelo), Nikita Ruzhavinskii (violoncelo), Ron Veprik (contrabaixo), Jorge Vela-Hurtado Sánchez (fagote), Jorge Silva (cravo), Giorgia Zanin (teorba)
FIME - Festival Internacional de Música de Espinho
Auditório de Espinho - Academia
06 Jul 2025 | dom | 18:00
Projecto de cooperação europeia de longo prazo, o S-EEEMERGING reúne mais de vinte organizações apostadas em apoiar jovens agrupamentos de música antiga na emergência e sustentabilidade das suas carreiras. O foco não reside apenas no incentivo à criação e desenvolvimento de novos projectos, no apoio à aquisição e desenvolvimento de competências e na construção de relações fortes com outros artistas, repertórios, públicos, lugares e instituições, mas também na sustentabilidade e preservação do meio ambiente, nas dinâmicas das culturas e lugares, na auto-suficiência e bem-estar dos artistas. Foi neste âmbito que um grupo de jovens talentos musicais rumou a Torroella de Montgrí para uma residência artística sob a direcção da violinista Amandine Beyer, numa co-produção entre o Ambronay - Centre culturel de rencontre e o Festival Torroella. O resultado pôde ser apreciado ao final da tarde de domingo no Auditório de Espinho - Academia, juntando a harmonia, a complexidade e os ornamentos musicais do Barroco, à graça, energia e talento de uma orquestra feita de jovens, todos eles com provas dadas e um enorme futuro à sua frente.
Torroella de Montgrí, Cidade da Música. Foi aqui, no extremo nordeste da Catalunha, à sombra de um dos mais renomados Festivais de Música Antiga da Europa, que vinte jovens de vários países se reuniram para trabalhar um exigente programa em torno do Barroco veneziano. Oriundos de países como França, Reino Unido, Espanha, Japão, Canadá, Rússia ou Portugal, abraçaram com entusiasmo o fulgor das composições de Dall’Abaco e Vivaldi, Hasse e Tomaso Albinoni, com a audácia própria da juventude, mas sobretudo a certeza das suas enormes qualidades. Coube ao português Jorge Silva, cravista deste agrupamento, dirigir as primeiras palavras ao público, focando-se na apresentação das várias partes do concerto e lembrando, com emoção, os quinze dias de trabalho conjunto, as relações estabelecidas no seio do grupo e a enorme cumplicidade em torno de um ideal que todos perseguem: Abraçar a música e espalhar por todos os quadrantes a sua mensagem de paz, tolerância e harmonia.
A música concertante do Barroco tardio constituiu o prato forte de um concerto que fundiu virtuosismo e artifício. Transcendendo fronteiras e marcando a música da época, a linguagem expressiva do Barroco italiano soube verter-se em teatralidade e expressividade, explorando os contrastes que permeiam o estilo concertante e misturando a arquitectura com a espontaneidade inventiva. O concerto da Orquestra Barroca da Academia de Ambronay foi disto um excelente exemplo, trazendo para diante Evaristo Felice Dall’Abaco, notável compositor deste período, mas muito pouco escutado. Dele foi interpretado, logo na abertura, o Concerto para violino e orquestra em Ré Maior, Op. 6 n.º 12 e, quase a fechar o alinhamento, o Concerto grosso em Ré Maior, op. 5 n.º 6, duas obras notáveis que fizeram as delícias do público. Num programa dominado por António Vivaldi - notável o Concerto para dois violoncelos em Sol Menor, RV. 531, com Lucie Cazes e Nikita Ruzhavinskii como solistas -, foi ainda possível escutar a “Sinfonia a 5 em Sol Maior, Op. 2 n.º 1, de Tomaso Albinoni, e a “Sinfonia a 4 em Sol Menor, Op. 5 n.º 6, de Johann Adolph Hasse. O “encore” traria ainda Vivaldi e o seu Concerto para violino RV. 372a, “Per Chiareta” - Andante, com Amandine Beyer como solista. Maravilhoso.
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