CONCERTO: Música de Câmara
Escola Profissional de Música de Espinho
Direcção musical | Trevor McTait
ReabilitaSons 2025
Centro de Reabilitação do Norte
15 Mai 2025 | qui | 17h30
O envolvimento com a arte é altamente benéfico para a saúde mental e física do ser humano. Quem o diz é a Organização Mundial de Saúde, num Relatório publicado em 2019 e que se baseia na interpretação de mais de novecentas publicações globais, a mais abrangente análise sobre o assunto até então. Nas instituições de saúde, por exemplo, o estudo indica que actividades como a música ou a leitura constituem um excelente complemento aos protocolos de tratamento, sendo vários países a trabalhar no desenvolvimento de sistemas de prescrição, mediante os quais os doentes são direccionados para actividades de âmbito social, cultural e artístico. No Centro de Reabilitação do Norte, há muito que a tomada de consciência para a importância da Arte e da Cultura nas dinâmicas e processos reabilitadores dos doentes é uma realidade, com a consequente promoção de iniciativas que congregam interesses e vontades e proporcionam momentos de união e partilha verdadeiramente enriquecedores e reabilitadores. Está neste caso o ciclo de concertos “ReabilitaSons”, resultado de uma parceria do Centro de Reabilitação do Norte com a Escola Profissional de Música de Espinho.
Iniciada no passado mês de Março, o ReabilitaSons viu cumprir-se, na tarde da passada quinta-feira, o quarto de cinco momentos musicais que o integram, voltado desta feita para a Música de Câmara. Perante um auditório cada vez mais vasto e atento, o concerto contou com a direcção musical de Trevor McTait e distribuiu-se por quatro momentos distintos, ligando a chamada música erudita à música de raiz tradicional, superiormente representada pelo Fado. Com Dinis Coimbra e Trevor McTait no violino e Dinis Augusto no contrabaixo, o primeiro momento trouxe Tomaso Albinoni ao encontro dos presentes, com dois andamentos - Adagio e Allegro - da Sonata n.º 1, Opus 8. O barroco voltou a ser a figura de proa do segundo momento da tarde, com a interpretação de excertos de duas peças de Johann Sebastian Bach. Leonor Colaço (flauta), Pedro Castro (violino) André Fernandes (vibrafone) e Beatriz Santos (fagote) trouxeram-nos, numa conjugação de instrumentos deliciosamente entrosados, o Contrapunctus VII, de “A Arte da Fuga”, e Fuga n.º 1 em Dó Maior, de “O cravo bem temperado”, duas peças reveladores do virtuosismo daquele que é considerado por muitos como o maior compositor de todos os tempos.
Um quarteto formado por Miguel Martins (violino), Leonor Cirne (violino), Marta Monteiro (viola d’arco) e Joana Pinto (violoncelo) foi responsável pelo momento seguinte, dando a escutar um andamento do “Quarteto de cordas, Opus 20 n.º 3 em Sol menor”, de Joseph Haydn, com ele expondo a rica e harmoniosa paleta de sonoridades do compositor vienense, uma das figuras mais marcantes do período Clássico. Integrando-se com graça e beleza num programa que teve na música erudita a sua pedra de toque, o Fado irrompeu na sala pela voz de Joana Pereira, devidamente acompanhada por Marta Alecrim (guitarra portuguesa) e Rodrigo Lopes (guitarra). O momento abriu com um tradicional “Fado Menor”, seguido de dois instrumentais, “Canto do Rio”, de Carlos Paredes e “Variações em Lá menor”, de João Bagão. “Fado do Ciúme” e “Naufrágio”, de, respectivamente, Frederico Valério e Alain Oulman - imortalizados na voz de Amália Rodrigues -, colocaram o ponto final num programa com direito a “encore” e que viu os presentes juntarem as suas vozes às da fadista na interpretação de “Uma Casa Portuguesa”. O final perfeito de uma tarde de música, com tudo para agradar a todos.
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