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terça-feira, 22 de abril de 2025

CERTAME: 6.ª Bienal Internacional de Arte Gaia 2025



EXPOSIÇÃO: 6.ª Bienal Internacional de Arte Gaia 2025
Vários artistas
Quinta da Fiação de Lever
05 Abr > 12 Jul 2025


“A Bienal é uma escada. Em cada edição subimos mais um degrau.” Quando se cumprem dez anos sobre a primeira edição da Bienal Internacional de Arte de Gaia e quarenta anos da Cooperativa Cultural de Gaia, abrem-se as portas para uma sexta edição que é o reafirmar da certeza que “a arte de causas corresponde a um exercício de criação e de liberdade”. Pelas causas que defende, enorme diversidade e qualidade artística, a Bienal é sempre um momento dos mais relevantes em termos de oferta no nosso país e um dos mais aguardados pelos apreciadores das mais variadas manifestações artísticas. De regresso à Quinta da Fiação de Lever, espaço que vem ocupando desde 2019, esta edição da Bienal traz com ela um conjunto de propostas absolutamente irrecusáveis. Distribuídas por três imensos pavilhões, as mais de meia centena de exposições permitem apreciar cerca de 1500 obras de 350 artistas, estendendo o seu âmbito à pintura e ao desenho, escultura e arte textil, cartoonismo e fotografia, instalação e livros de artista.

No primeiro pavilhão, o destaque vai para os trabalhos de perto de uma centena de artistas que integram o Concurso Internacional, com propostas que reflectem, em muitos casos, as preocupações dos criadores com o meio ambiente, a instabilidade económica e social e os conflitos armados. Duas outras exposições da maior relevância são “A Comemoração dos 50 anos de Abril de 1974 vai às Escolas”, colectiva que reúne os trabalhos de vários alunos de escolas do Grande Porto, e Um Hino à Liberdade”, exposição colectiva de quarenta cartoonistas de vários países no âmbito do Porto Cartoon – World Festival. Em matéria de exposições individuais, são imperdíveis as mostras “Inteligência”, na qual o artista plástico Emerenciano olha os efeitos da Revolução dos Cravos na nossa sociedade, e “Perfis no Horizonte da Humanidade”, um olhar sobre figuras marcantes da história recente, de Miriam Makeba a Desmond Tutu, de Nelson Mandela a Amilcar Cabral. É também possível ver “Contra a Superfície”, de Domingos Loureiro, e uma belíssima instalação, “Marcas de Liberdade”, iniciativa da Liga para a Inclusão Social e que reúne trabalhos de utentes de um conjunto de instituições de apoio social, como os Albergues Nocturnos do Porto ou a Unidade de Deficiência de Alfena.

No segundo pavilhão, espaço onde está instalada a Recepção e onde decorrem as muitas tertúlias que integram o programa da Bienal, o destaque vai, naturalmente, para o artista homenageado Lagoa Henriques (27/12/1923 - 21/02/2009) e para uma parte do seu extraordinário espólio, onde se incluem os desenhos que foi possível resgatar de um atelier destruído por um violento incêndio no início da década de 1970, e um conjunto de moldes que serviram de base a algumas das mais icónicas esculturas em espaço público do nosso país. Outro dos momentos altos da programação da Bienal é a mostra de livros de artista, com onze exposições individuais e uma coletiva, reunindo nomes como os de Celeste Ferreira, Evelina Oliveira, Agostinho Santos, Miguel de Carvalho, Valter Hugo Mãe, Rui da Graça, Carmo Diogo ou Nazaré Álvares. “Bandeiras pela Paz”, com curadoria de Ilda Figueiredo, é outra mostra preciosa neste pavilhão, com trabalhos de Rafi Die Erst, Maria Rosas, Nazaré Álvares, Agostinho Santos ou Rosa Bela Cruz. “Revisitações”, exposição individual de Jaime Silva, completa a oferta deste espaço.

Contíguo ao espaço anterior, na planta alta, o último pavilhão da Bienal tem para oferecer dez exposições individuais e uma colectiva, para além do habitual “Espaço Viarco”, onde os visitantes podem dar largas à sua veia criativa. Com curadoria de Agostinho Santos, a exposição dedicada aos artistas convidados concita o grosso das atenções, não só pela sua dimensão como pela oferta que cruza artistas consagrados e emergentes, num misto cativante e de enorme sofisticação. É lá que encontramos Elizabeth Leite e Paulo Neves, Ricardo Campos e Zulmiro de Carvalho, Adias Machado e Albuquerque Mendes, Cabral Pinto e Nadir Afonso. Numa escolha muito pessoal, destacaria nas exposições individuais o trabalho “Activia-40”, de Rui Carvalho, através do qual faz uma aproximação ao Dia da Liberdade com um conjunto de desenhos cujo conceito podemos incluir na chamada Arte Bruta. “Voz da Luz e da Água”, de Alexandre Rola, “Entre-Linhas”, de Rosa Godinho, “Psicodelia”, de Tito Canicoba e “Luminescências Latejantes (Na Sombra Que Ama)”, de Miguel de Carvalho, são outras exposições de enorme qualidade e interesse. Para ver até 12 de Julho.

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