Páginas

sábado, 5 de outubro de 2024

CERTAME: Encontros da Imagem Braga 2024



CERTAME: Encontros da Imagem - Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais 2024
Braga, Barcelos, Guimarães, Porto e Avintes (vários locais)
20 Set > 03 Nov 2024

Os Encontros da Imagem de Braga estão de regresso ao convívio dos amantes da Fotografia e das Artes Visuais, com mais de 40 exposições de artistas dos quatro cantos do mundo. Omar Victor Diop, D. M. Terblanche, Augusto Brázio, Amilton Neves e Sofia Yala são alguns dos nomes que compõem o programa expositivo da edição de 2024 do mais antigo festival de fotografia de Portugal e um dos mais antigos da Europa. No ano em que celebramos o 50º aniversário da queda da ditadura portuguesa, uma parte do programa expositivo do festival propõe uma reflexão sobre a história e interroga o que é o colonialismo actualmente, vendo como se manifesta de forma transversal na sociedade e de que novas formas se reveste. Está dado o mote para a 34ª edição dos Encontros da Imagem, certame cujo programa, para além das exposições de fotografia, tem para oferecer projeções, conversas, apresentações de livros, leitura de portfólios e sessões de cinema, formando um verdadeiro roteiro turístico da cidade de Braga e estendendo-se às cidades vizinhas de Barcelos e Guimarães e, ainda, ao Porto e a Avintes.

À semelhança dos anos anteriores, o dia dedicado a Braga tem início no Mosteiro de Tibães. É aí que está patente a colectiva “Do Antropoceno: Antes, Ainda e Amanhã”, na qual Ana Rodríguez Heinlein, Luca Rotondo e Martin Tscholl repensam a relação do Homem com o ambiente e a paisagem, reflectindo sobre os fenómenos de intervenção, destruição, adaptação e sobrevivência. Ponto de paragem obrigatório na visita aos Encontros, a Galeria do Paço UMinho apresenta o trabalho de oito artistas que, numa perspectiva geográfica e historicamente alargada, partilham o seu olhar sobre a expansão imperialista e colonial europeia. “Legados do Colonialismo” é uma oportunidade única de apreciar um conjunto de exposições de enorme valor e interesse, das quais destacaria “Oran” de Margot Wallard, “Inglória” de Marques Valentim, “Memória & A Ordem do Rei” de Sammy Baloji e “Digitar Aqui para procurar & O corpo como arquivo” de Sofia Yala, esta última verdadeiramente preciosa. “Legados do Colonialismo” leva-nos ainda ao Museu Nogueira da Silva, onde Ayrson Heráclito e Ofir Berman apresentam, respectivamente, “O Sacudimento da Maison das Esclaves & O Sacudimento da Casa da Torre” e “Along the Separation Wall”. Enfim, no Teatro Circo pode ver-se “Diaspora”, de Omar Victor Diop, uma visão muito particular de um conjunto de personalidades negras que souberam impor-se ao preconceito e discriminação das sociedade colonialistas dos séc. XVII a XIX.

Para quem tem limitações de tempo numa sortida a Braga e não quer passar ao lado do que de melhor os Encontros têm para oferecer, deixo duas propostas incontornáveis e outras tantas a merecer, igualmente, uma visita. Começo pelo edifício que abriga a SOMA - Plataforma Cultural, onde se mostram os projectos de Aaryan Tinha, Amina Kadous e Olga Sokal, finalistas do Emergentes 2023. “As Veias Abertas” parte das histórias pessoais e familiares dos artistas, revelando a persistência das cicatrizes coloniais e a forma como, em nome do progresso, se perpetuam as desigualdades e a exploração de recursos. Também aqui pode ser visto “Holyday”, de D. M. Terblanche. Na Zet Gallery, Inês d’Orey toma como ponto de partida para esta exposição o trabalho fotográfico desenvolvido para o livro “Paisagens Construídas - O passado e o presente da arquitetura portuguesa em 16 obras +1”, de Valdemar Cruz. Mais do que simples registos formais, a artista desenvolve um audacioso trabalho de investigação sobre os edifícios e os seus contextos, construindo ela própria um discurso sobre as obras fotografadas que abre novas possibilidades de leitura. Resultado de duas residências artísticas, Augusto Brázio e Maria Oliveira mostram, na Casa Rolão, “O Pecado Mora ao Lado” e “Ensaio em Voo e Apneia”. Finalmente, o Palácio do Raio acolhe “Orixe”, de Glorianna Ximendaz, projecto vencedor do Prémio Galiza de Fotografia Contemporânea.

Sem comentários:

Enviar um comentário