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sábado, 5 de outubro de 2024

VISITA GUIADA: Vitrais da Catedral de Sevilha



VISITA GUIADA: Vitrais da Catedral de Sevilha
Avenida de la Constitución, Sevilha
Horários | Quartas, quintas e sextas-feiras, às 11:30 (de Maio a Setembro); Sábados, às 12:45 (de Outubro a Abril)
Ingressos | Bilhete normal € 21,00; bilhete online € 20,00
Duração | 90 minutos (aproximadamente)


Bastião de épocas e culturas e pólo de confluência dos estilos almóada, mudéjar, gótico, renascentista, barroco e contemporâneo, a Catedral de Sevilha é a maior catedral gótica da Europa. Declarada pela UNESCO Património Mundial da Humanidade, juntamente com o Real Alcázar e o Arquivo das Índias, esta preciosa jóia é um testemunho vivo das grandes etapas da história urbana da cidade. O maravilhoso Pátio das Laranjas conserva a memória da Grande Mesquita, construída em 1172-98 pelo emir Yacub Al-Mansour, a Giralda ergue-se no lugar onde existia anteriormente o minarete da Grande Mesquita e a Capela de La Granada guarda ainda os capitéis de várias colunas que datam do período visigótico. De grande valor arquitectónico e artístico são os retábulos, cadeiral e vitrais, assim como a estatuária barroca e as obras de grandes pintores, casos de Zurbarán e Murillo, Ignácio de Ríes e Juan Valdés Leal. Mas foi nos vitrais que centrei a minha atenção, reservando antecipadamente uma visita guiada* e podendo apreciar, de forma privilegiada, não apenas as peças dos grandes mestres vitralistas dos século XV aos nossos dias, mas também a Catedral, de um plano superior, onde se destaca a profusão de detalhes estilísticos e a sua majestade arquitectural.

Os vitrais da Catedral de Sevilha constituem uma das colecções mais extensas, homogéneas e bem conservadas das catedrais espanholas. Os seus cento e trinta e oito vitrais representam também um magnífico capítulo da história desta técnica na Península Ibérica, desde o século XV até ao século XX. A forma das janelas e a iconografia das suas superfícies envidraçadas reflectem as diferentes encomendas e as fases de construção do edifício. De notar, por exemplo, que os vãos da metade ocidental da Catedral e da sua nave central correspondem ao período mais antigo da construção e são mais largos do que os do transepto para a capela-mor. Prepare-se o visitante para momentos de extraordinária beleza, numa explosão de luz e cor, mas também para uma hora e meia de alguma dureza ao longo de um percurso sinuoso, subindo e descendo infindáveis escadas de caracol, atravessando vãos estreitos algumas dezenas de metros acima do solo e percorrendo no exterior parte das cobertas da Catedral onde poderá ver de perto o minucioso trabalho de cantaria e o fascínio das suas gárgulas.

Do período gótico são os dezassete vitrais que fecham os vãos das capelas laterais e da nave principal ocidental, realizados pelo alsaciano Enrique Alemán, que também trabalhou na Catedral de Toledo e está documentado em Sevilha de 1478 a 1483. Neles se destacam as figuras perfeitamente individualizadas e de grande precisão gráfica, colocadas espacialmente sob dosséis góticos e dispostas de acordo com a sua iconografia: profetas, apóstolos e santos ligados à diocese e às devoções mais difundidas no final da Idade Média. Uma vez terminada a construção gótica, a Catedral encomendou os vitrais do altar-mor, do transepto e das naves orientais, bem como os que encimam as capelas e as entradas e a maioria dos que fecham os vãos das capelas perimetrais. Os mestres vitralistas renascentistas trabalharam continuamente nelas até à terceira década do século XVI, altura em que praticamente concluíram o programa geral ao fim de cem anos. O francês Jean Jacques realizou os dois vitrais do altar-mor (1511-1518), que são os primeiros vitrais renascentistas da Catedral.

Com a chegada de Arnao de Vergara, as propostas humanistas na técnica do vitral manifestam-se claramente, sendo de destacar a Assunção da Virgem que fecha o grande óculo do transepto sul (1525-1537). Poucos anos depois, o seu irmão Arnao de Flandres está documentado na catedral de 1534 a 1557, onde realizou o vitral da Ascensão do Senhor para o lado oposto da empena do transepto, treze vitrais com santos no transepto e todos os que mostram cenas da vida de Cristo nas naves orientais. O vitral que fecha o braço norte do transepto representa a Ressurreição do Senhor e é obra documentada de Carlos de Bruges (1558). Na segunda metade do século XVI, Vicente Menardo foi encarregado de realizar os três vitrais da fachada poente e outros vitrais dispersos. É aqui que vamos encontrar a imponente rosácea, figurando os Quatro Evangelistas (1577). Em 1578, aquando da morte deste vitralista maneirista, todo o programa de vitrais da Catedral estava praticamente concluído.

Nos séculos XVII, XVIII e XIX outros artistas realizaram vitrais de interesse que mostram a evolução do vitral durante os períodos barroco e neoclássico. Da época barroca destacam-se o vitral de Santa Justa e Santa Rufina na capela de Santo Antonio, realizado por Juan Bautista León em 1685 e reformado em 1813, e os anagramas que fecham as janelas laterais das capelas de S. Pedro e S. Paulo na década de 1780. O vitral da capela de S. Hermenegildo (1819) é praticamente o único testemunho de vitral neoclássico. No final do século XIX, o estado de conservação dos vitrais obrigou ao início uma campanha de restauro e a terminar outros pendentes na zona da capela-mor e das clarabóias. Zettler de Munique realizou o vitral de S. Fernando na capela de La Antigua, desenhado pelo historiador José Gestoso, um dos três destruídos no desmoronamento do transepto em 1888, e o vitral de Pentecostes na capela de Scalas (1880). Anos mais tarde, Otto Kruppel, da Casa Maumejean, projectou o vitral da capela de S. José, utilizando elementos ornamentais de um vitral do século XVI. Esta mesma casa fabricou mais três vitrais, levou a cabo a primeira campanha de restauro sistemático do século XX e contou entre os seus trabalhadores ou colaboradores com Vicente Prianes, cujas marcas aparecem em numerosos elementos arquitectónicos dos vitrais datados de 1930-1932.

* Recomenda-se a reserva da Visita Guiada online com a devida antecedência. Há visitas em castelhano e inglês. As horas e dias estabelecidos podem sofrer alterações por motivo de celebração de actos extraordinários. No preço está incluída a visita sem guia à Catedral, Giralda e Igreja do Salvador.

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