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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

EXPOSIÇÃO DE CERÂMICA: "Paraíso Frágil"



EXPOSIÇÃO DE CERÂMICA: “Paraíso Frágil”,
de Ellen van der Woude
XVI Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro
Museu Arte Nova
28 Out 2023 > 28 Jan 2024


Ceramista holandesa a viver e a trabalhar no Luxemburgo há três décadas, Ellen van der Woude tem na criatividade um dos elementos-chave da sua existência. Desde criança que se viu rodeada de papel, lápis e tinta que lhe permitiam explorar as mais diversas formas de expressão. Quando foi apresentada ao barro, no início do seu percurso artístico, a ilimitada capacidade de expressão deste material fascinou-a a ponto de o ter achado incomparavelmente mais versátil, profundo e desafiante do que qualquer outro com o qual tivesse trabalhado anteriormente. O que se seguiu foi uma viagem contínua de exploração e pesquisa que alimentou a sua paixão crescente pela cerâmica e que faz dela, hoje, uma das mais reputadas ceramistas a nível mundial. A sua ligação à cidade de Aveiro não é de agora - com a peça “Big Smile I”, ela foi a grande vencedora do Concurso Internacional da anterior edição da Bienal - e este é um regresso em grande, trazendo desta vez consigo uma exposição individual e dando-nos a ver a maravilha que se abriga nos seus “paraísos frágeis”.

“Paraíso Frágil” explora a beleza única da natureza, a rica variedade de texturas e formas, o seu ritmo e composição, a sua vulnerabilidade. Refere-se também à frágil relação do mundo com a natureza e à nossa interdependência e dependência da biodiversidade. Assusta-a a perspetiva de que a humanidade possa vir a destruir uma só que seja das muitas maravilhas que se abrigam no nosso planeta. Daí que as suas peças reflictam a sua enorme ligação ao mundo natural, uma observação cuidada e íntima, a constatação da resiliência e fragilidade dos ecossistemas, ao mesmo tempo que evidenciam os laços entre a humanidade e a natureza. Uma ligação que tem vindo a perder-se e para cuja importância de uma maior compreensão e respeito pelo mundo natural a artista chama a nossa atenção, mostrando ser essa uma forma de promover o nosso bem-estar psicológico e físico. Esta visão é particularmente inspiradora e convida a abrandar, a reconectarmo-nos com a natureza e, acima de tudo, a contribuir para a sua preservação.

É bom ver Ellen van der Woude e o seu trabalho de novo em Aveiro, uma cidade com uma profunda ligação à ria e ao mar. O mundo aquático no seu respirar e na sua extraordinária biodiversidade surge aqui numa dimensão artística de enorme beleza e simbolismo. Detemo-nos nas suas borboletas azuis, nas memórias quebradas, na dança das ondas ou nos sonhos florescentes e parece-nos vê-la a misturar e combinar os materiais, servindo-se de texturas, óxidos, pigmentos e barro colorido. Adivinhamos a ternura com que manuseia o barro, na ânsia de recriar as formas naturais, tornadas ainda mais fascinantes graças ao prolongamento da sua imaginação. Entre a vulnerabilidade e a euforia, assim nascem as mais belas e delicadas peças, oferecendo-se à nossa fruição como um regalo para os sentidos. Uma exposição imperdível, para ver no espaço único do Museu Arte Nova até ao dia 28 de Janeiro de 2024.

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