CERTAME: 11.ª Bienal Internacional de Gravura do Douro 2023
Curadoria | Nuno Canelas
Alijó, Celeirós, Chaves, Favaios, Vila Nova de Foz Côa, Peso da Régua, S. Martinho de Anta e Vila Real
10 Ago > 31 Out 2023
Alicerçado na mais antiga região vinícola demarcada do mundo - laureado por dois patrimónios da humanidade atribuídos pela UNESCO e mundialmente reconhecido quer pela sua paisagem vinhateira, quer pelo património arqueológico do Vale do Côa (o maior santuário de gravura paleolítica do mundo) -, o Douro é palco, também na contemporaneidade, de um dos maiores eventos de arte gráfica do mundo. Falo da Bienal Internacional de Gravura do Douro, certame que reune dentro de si uma força e dimensão que ultrapassa as fronteiras do país e se projecta para horizontes infinitos. Fundado em 2001, o certame tem sobrevivido aos desafios da interioridade, das sucessivas crises económicas e da própria crise da gravura, mantendo vivos os pressupostos da arte e a autonomia da gravura no contexto da arte contemporânea. Para tal, muito têm contribuído os tributos da gravura tradicional e suas alquimias seculares, bem como as renovadas tendências da gravura digital e dos novos media ao seu dispor, garantindo-lhe a autonomia de que necessita para subsistir.
Assumindo a responsabilidade de ser única no género no nosso país, a Bienal Internacional de Gravura do Douro ombreia, hoje em dia, com as mais importantes Bienais do mundo. A comprovar tal fasquia, salientam-se as exposições de homenagem a artistas mundialmente reconhecidos como Antoni Tàpies, Paula Rego, Vieira da Silva, Octave Landuyt, Gil Teixeira Lopes, Nadir Afonso, David de Almeida, Bartolomeu do Santos, Júlio Pomar, José de Guimarães e agora Silvestre Pestana, mas também pela abrangência e internacionalidade alcançada ao longo de onze edições, registando a presença de mais de mil artistas de uma centena de países. Para que se perceba a dimensão do certame, atente-se nos números da presente edição: sessenta e cinco países, quinhentos artistas, oitocentas gravuras, e oito exposições distribuídos por vários núcleos centrados em Alijó, Celeirós, Chaves, Favaios, Foz Côa, Peso da Régua, São Martinho de Anta, eVila Real.
Atentando naquilo que me foi possível ver nesta edição da Bienal, começaria por referir os trabalhos que se encontram no Museu do Côa, onde se concentram as instalações. No Espaço Miguel Torga, em S. Martinho de Anta, pode o visitante encontrar uma vasto número de trabalhos, onde qualidade e variedade se combinam na perfeição (pessoalmente, foi aqui que encontrei os trabalhos mais desafiantes e imaginativos). Em Alijó, é na Biblioteca Municipal e no Complexo de Piscinas que se concentram os trabalhos mais interessantes ou, pelo menos, aqueles que se dão a ver em melhores condições, já que as condições de luminosidade no Auditório Municipal prejudicam grandemente a visualização da maior parte das obras. O mesmo acontece no Núcleo Museológico de Favaios, onde muitas das obras sofrem o efeito de múltiplos reflexos e deixam de poder ser apreciadas com detalhe. Finalmente, Celeirós e Vila Real reúnem um número interessante de obras com qualidade, merecendo também eles a visita. A Bienal de Gravura do Douro encerra já no próximo dia 31.
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