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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

EXPOSIÇÃO DE CERÂMICA: "Aqua +32" | Carlos Enxuto


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EXPOSIÇÃO DE CERÂMICA: “Aqua +32”,
de Carlos Enxuto
XV Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro
Museu da Cidade de Aveiro
30 Out 2021 > 30 Jan 2022


Carlos Enxuto nasceu nas Caldas da Rainha no ano de 1963. Tinha aqui início uma viagem onde o artista e a cerâmica se cruzaram repetidamente, das visitas à olaria no velho moinho ao cimo da rua, às muitas oficinas e olarias que existiam na sua cidade ou à “sala de visitas” em que o Museu Malhoa acabaria por se transformar. Sem dar por isso, seguiu o ramo das ciências no Ensino Secundário”, a matemática, a física e a química a surgirem como fontes de inquietação para acabarem por se transformar na base interdisciplinar de conhecimentos que aplica hoje na sua cerâmica. Incessante busca pelo equilíbrio das formas e das cores, tendo na representação da água uma constante, a viagem de Carlos Enxuto no mundo da cerâmica toma forma numa nova exposição intitulada “Aqua +32”, integrada na programação da XV Bienal Internacional de Cerâmica Artista de Aveiro e que, até ao próximo dia 30 de Janeiro, pode ser vista no Museu da Cidade.

“Aqua” pretende constituir-se num momento de reflexão, de sentir o significado da água na vida de cada um de nós, tal como Carlos Enxuto a sente. Numa cidade banhada por água, os canais como veias que percorrem o corpo da cidade, a obra do ceramista adquire a dimensão do real, a força das suas mãos como as correntes que fluem ao sabor das marés. O objecto que nasce do barro banhado pela água vem contar uma história, olhando o tempo que traz e leva, momentos de vida das gentes da Água. Ora orgânicas, ora geométricas, as formas onde essa água continua a sua viagem transportam a um movimento onde o ceramista procura o equilíbrio na sua criação, como o intervalo entre as marés onde a luz na água reflecte o que a envolve. Nelas percebemos diálogos, narrativas, matéria-criador, objecto-observador, algo só possível porque resultado da união das águas com a matéria.

Em “+32”, os tempos de criação do objecto cerâmico são debatidos através das peças que acompanham a exposição. A caixa conta a história de quem trabalhou o bloco de grés, o vidrado que a cobre a deixar à vista as cicatrizes deixadas no barro pelas mãos do Homem e da Natureza. Transportado para um bailado entre o ocidente e o oriente, o visitante vê em “Bules” um convite à celebração da cerimónia do chá, à comunhão e à partilha. A porcelana aparece numa viagem em “Timeline”, mostrando a sua força como matéria enquanto percorre um rio negro. A instalação “À mesa” é uma história contada com milhares de anos, desde a primeira tigela em simples argila vermelha, até à delicada tijela de porcelana. O térmico da exposição é marcado pelo início da cerâmica, acentuando a viagem pela criação, onde o artista encontra o prazer de criar o arquétipo da cerâmica – a tigela -, o objecto cuja beleza e estética nos transporta para casa, cuja forma nos dá prazer e conforto e cuja função alimenta as gentes do mar e as gentes da terra.

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