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terça-feira, 23 de novembro de 2021

EXPOSIÇÃO DE DESENHO: "Uma Vida Desenhada" | Manuel Cargaleiro


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EXPOSIÇÃO DE DESENHO: “Uma Vida Desenhada”,
de Manuel Cargaleiro
Curadoria | João Pinharanda
Fundação Manuel Cargaleiro, Castelo Branco
Inauguração | 05 Jun 2021


“Principalmente, são formas de alegria e esperança de vida, ilhas de felicidade que Cargaleiro cultiva numa dimensão e persistência que raramente se encontra na produção artística portuguesa; que, de qualquer modo, em nenhum outro artista, se constitui como centro da acção criativa e como eixo de sentido do conjunto da obra.”
Siza Vieira, in “Manuel Cargaleiro, Vida e Obra”

Inaugurada no passado dia 05 de Junho e sem data definida para o seu término, está patente ao público na Fundação Manuel Cargaleiro a exposição “Manuel Cargaleiro — Uma Vida Desenhada”. A mostra é composta por cerca de 150 trabalhos, quase todos eles inéditos, selecionados a partir de um fundo de cerca de dois mil originais e reveladores de uma zona mais intimista e menos conhecida do trabalho de Manuel Cargaleiro. Apreciadas no seu conjunto, as obras  “permitem estabelecer uma viagem fascinante e muito diversificada entre os anos de 1950 do século passado e a década atual deste século – setenta anos de inesgotável vontade criativa, intensa e sempre rica nas suas propostas, abertura de novos caminhos, reiteração de uma poética de alegria e partilha”, de acordo com as palavras do historiador, crítico de arte, comissário e curador desta exposição, João Pinharanda.

Através dos seus desenhos, Manuel Cargaleiro lança pontes de interpretação para todas as dimensões da sua obra – da cerâmica e da azulejaria à pintura –,  e “a exposição prepara-nos para entender melhor a génese formal e temática do restante trabalho, os diálogos que estabelece quer com a tradição dos saberes artesanais, que tanto aprecia, quer com história da arte do seu tempo – amigo que foi dos grandes artistas da Segunda Escola de Paris, notoriamente de Vieira da Silva”. Ainda João Pinharanda: “A ligação íntima que estabelece com a natureza transmite-a Cargaleiro na captação da riqueza da luz, através da cor ou de integração dos ritmos e dinâmicas dos elementos naturais, numa tensão e diálogo permanentes entre a irrupção livre do vegetal e a disciplina do gesto geométrico, entre a sugestão figurativa e a aproximação não-figurativa, entre a mancha solta e a sua organização em padrões”.

São estes alguns dos fios de sensibilidade e racionalidade que a exposição pretende tornar evidentes, organizando longas séries de desenhos, estabelecendo aproximações formais e temáticas entre diferentes tempos, sublinhando as coerências e continuidades, as aberturas, desvios e retomas que ligam todo o conjunto. Para os menos familiarizados com a obra de Cargaleiro, valerá a pena começar por visitar as exposições permanentes patentes na Fundação, nomeadamente aquela dedicada às loiças que põe em evidência a faceta de coleccionador do artista. Será então interessante perceber o quão inspirada na arte popular se revela a sua obra, abrindo-se não apenas nas suas similitudes estéticas mas revelando também o uso de técnicas ancestrais, revalorizadas pela atitude e forma de pensar a arte tão intensas, alegres e vivas em Manuel Cargaleiro. Uma maravilhosa exposição num espaço de eleição. A não perder, absolutamente!

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