CONCERTO: “A Música de Duke Ellington” | Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal convida Julian Argüelles
Ovar em Jazz 2021
Centro de Arte de Ovar
04 Set 2021 | sab | 22:00
Chegou ao fim a terceira edição do Ovar em Jazz. Ao longo de cinco dias, um vasto conjunto de espectáculos em sala e ao ar livre tomaram conta da cidade, oferecendo qualidade e variedade aos amantes desta particular forma de fazer e sentir a música. Com uma programação eclética, baseada em projectos suficientemente diferentes entre si de forma a puderem ir ao encontro de todos os gostos, o Ovar em Jazz voltou a constituir-se num dos mais relevantes momentos culturais do município, algo que continua a não ser entendido pelo público vareiro, as plateias a registarem números quase sempre aquém do desejável. Quero acreditar que o Festival continua a fazer o seu caminho e que tem uma boa margem para crescer, restando esperar pela próxima edição, supostamente em Abril do próximo ano, para que a tão desejada afirmação possa surgir em pleno.
A encerrar o ciclo de quatro concertos no Centro de Arte de Ovar, a Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal trouxe-nos um programa de festa e celebração integralmente dedicado à música de Duke Ellington. Dirigida por Luís Cunha e tendo como convidado especial o saxofonista britânico Julian Argüelles, a Orquestra interpretou um conjunto de catorze temas escritos entre os anos de 1930 e 1950, permitindo recordar algumas das peças mais icónicas do compositor, a par de outras menos conhecidas mas nem por isso menos preciosas. Ao longo de uma hora e meia, o público teve a possibilidade de se deliciar com temas como “Jack the Bear”, “Blue Cellophane”, “Boy Meets Horn”, “Sunset and the Mockingbird”, o tema do filme de John Huston “The Asphalt Jungle” ou “Chinoiserie”, a primeira de oito partes da suite “The Afro-Eurasian Eclipse”. The fora ficaram os imortais “Sophisticated Lady”, “Solitude”, “In a Sentimental Mood” ou “Take The A-Train” mas, enfim, não se pode ter tudo.
Julian Argüelles e a generosidade inspirada do seu saxofone foi, claramente, um dos pontos mais marcantes deste concerto. Distanciando-se das paisagens sonoras que fazem dele uma das referências maiores do jazz contemporâneo, soube acrescentar emoção e frescura à música de Ellington como a querer dizer-nos que a sua “zona de conforto” está onde está o jazz. Mas Argüelles não esteve só. Tomás Marques no saxofone alto, Paulo Gaspar no clarinete, Rui Ferreira no trombone e Tomás Pimentel e Johannes Krieger no trompete, raiaram o brilhantismo em solos plenos de inspiração e requinte. João Fragoso no contrabaixo e Pedro Felgar na bateria foram peças igualmente fundamentais na dinâmica de uma orquestra muitíssimo bem oleada e superiormente dirigida por Luís Cunha. Para o fim deixo Óscar Marcelino da Graça. Ele é, cada vez mais, um dos grandes pianistas que temos em Portugal. A sua prestação foi irrepreensível. Discreto ou exuberante, a sensação com que se fica é que por ele passou todo o concerto.
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