CONCERTO: Noiserv
Ovar Expande’21
Escola de Artes e Ofícios
15 Jul 2021 | qui | 22:00
“Eram 27 Metros de Salto”, um dos temas do seu mais recente álbum, “Uma Palavra Começada por N” (2020), abriu as hostilidades. “O caminho é sempre vão, se não tentares pisar o chão / Apreender o que entender do teu próprio cansaço / É vender o medo ao mar, arriscando ele voltar / É ter sempre um salto por dar”. Nas palavras e na voz, a mensagem torna-se clara e obriga-nos a olhar para o mais fundo de nós. É uma mensagem directa e carregada de força, como directas e carregadas dessa mesma força serão a próxima e todas as outras ao longo do concerto. Escute-se “Por Arrasto” – “eu só tentei ver-me de pé / a forma incerta para entender-me de cor” – ou “Parou” – no dia em que se pôs a pé, no dia em que se foi / nada mais havia dentro, parou”, para se perceber que o mundo de Noiserv é uma espécie de limbo, as memórias fragmentadas feitas peças de um puzzle que teima em não encaixar, o sonho estagnado, o futuro incerto.
Embora fazendo de “Uma Palavra Começada por N” a grande montra deste concerto (além dos temas referidos anteriormente, Noiserv tocou ainda “Neutro” e “Sempre Rente ao Chão”), o artista passou em revista alguns temas dos seus álbuns mais antigos, de “Almost Visible Orchestra” (2013) a “Everything Should Be Perfect Even If No One’s There” (2014) e “00:00:00:00” (2016). Esta partilha do seu universo viria a condensar uma experiência de viagem por outras paragens, cruzamento de sons e imagens onde encontramos, de forma intensa ou apenas fugazmente, Surma e os Velvet Underground, Sigur Rós e Leonard Cohen, Jeff Buckley, John Cale ou Samuel Úria, um “cheirinho” de Twin Peaks. “Talvez sejam estes os lugares onde os comboios vão dormir à noite. Ou talvez não. Não sei.”
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