CERTAME: WOOL | Festival de Arte Urbana da Covilhã 2021
Vários locais, Covilhã
26 Jun > 04 Jul 2021
A celebrar dez anos de vida, o mais antigo festival de Arte Urbana em Portugal voltou a assentar arraiais na Covilhã com o espírito de sempre: Trazer a Arte para o Interior, exaltar os valores do território e envolver a comunidade. Pinturas murais, residências artísticas, exposições, cinema, visitas guiadas, conversas com artistas e ações comunitárias, voltaram a preencher um programa que se estendeu de 26 de Junho a 04 de Julho, animando e enriquecendo ainda mais o miolo urbano da Cidade Neve. O resultado de uma década de intervenções está à vista de todos, constituindo um enorme prazer um passeio pela cidade, ao encontro de obras de grande qualidade saídas das mãos de alguns dos melhores artistas do mundo.
Orientada por Lara Seixo Rodrigues – juntamente com Pedro Seixo Rodrigues e Elisabet Carceller, uma das fundadoras do WOOL -, a Visita Guiada percorreu o “miolo” da cidade, permitindo evidenciar a extraordinária concentração de peças e o perfeito estado de conservação da esmagadora maioria. Foi, assim, possível (re)visitar trabalhos tão emblemáticos como os dos portugueses Bordallo II, ARM Collective, Mr. Dheo, Aheneah, Mário Belem, Pantónio, Samina, Tamara Alves, Regg Salgado, Third ou Half Studio, dos espanhóis KRAM, Alberto Montes, Jofre Oliveras ou BTOY, do belga Gijs Vanhee ou do argentino Bosoletti. Outra das boas surpresas foi poder ver como os originalíssimos trabalhos a que Catarina Glam de o nome de covilhocos, passaram do atelier para as portas e janelas de casas devolutas da cidade, preenchendo-as de cor e vida.
O grande atractivo desta edição do WOOL foi, como não podia deixar de ser, o conjunto de intervenções que, há semelhança das edições anteriores, ficaram a cargo de dois artistas nacionais e dois estrangeiros. Inspirados em elementos naturais e do património construído da Serra da Estrela, os dois murais de TheCaver evidenciam-se pela exuberância do traço e das cores, bem ao jeito único deste artista. Num mural de enorme beleza, dominado por tons de azul, Daniel Eime homenageia o papel da mulher no desenvolvimento da indústria dos lanifícios nesta região do País. O Colectivo Licuado, do Uruguai, opta pelo naturalismo para recuar 140 anos no tempo, ao encontro da primeira expedição científica à Serra da Estrela. Finalmente, a espanhola Marta Lapeña reflecte sobre o trabalho em torno da lã, num quadro intimista e introspectivo.
Neste verdadeiro périplo pelo que de mais belo a Covilhã tem para oferecer em matéria de Arte Urbana, foi possível apreciar o resultado de uma residência artística de Raquel Belli, fotógrafa e artista visual que aplica técnicas e padrões usados em cestaria e tecelagem e cujos trabalhos se encontram expostos em espaços de comércio local. O resultado da acção comunitária “Juntos por um Ponto”, conduzida por Aheneah, pode também ser visto em local de destaque. Foi igualmente interessante perceber que, por intermédio da leitura de um QR Code, muitos dos trabalhos dialogam com o visitante, quer falando de si e do seu criador, quer propondo um roteiro sonoro com dez paisagens sonoras da autoria do covilhanense Defski. Finalmente, no New Hand Lab, o artista catalão Jofre e a premiada fotógrafa Lucía Herrero expõem “Crisis”, um trabalho impactante e que merecerá uma abordagem em separado. O WOOL e os seus promotores estão, uma vez mais, de parabéns. E que mais dez extraordinários anos possam vir!
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