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FESTIVAL: ESTAU – Estarreja Arte Urbana 2020
Vários locais
12 Set > 20 Set 2020
Após um ano de interregno, o ESTAU está de volta para a sua quarta edição. Ao longo de nove dias, o museu de arte urbana a céu aberto que é a cidade de Estarreja vê-se enriquecido com cinco novas peças que voltam a unir a identidade cultural do território, o seu património cultural e ambiental, as histórias que marcam a história deste singular território e, neste ano tão atípico, as pessoas que a fazem. É sobre elas, e em particular sobre este período que vivemos, que as obras de Gonçalo Mar e Daniel Padure nos falam, o primeiro homenageando os profissionais de saúde e o segundo reflectindo sobre os estados de alma durante a quarentena. Mais orgânicos, os trabalhos de Mariana Rio, Los Pepes Studio e Pedro Podre vão ao encontro das questões ambientais, reflectindo sobre este magnífico espaço de luz e cor que é o Baixo Vouga Lagunar, e sobre a coabitação entre o homem e a natureza. Refira-se que a curadoria destes trabalhos pertence a Lara Seixo Rodrigues, figura maior do universo da arte urbana e a quem se deve muito da projecção que certames como o ESTAU têm vindo a adquirir num contexto nacional e internacional.
Na parede virada a Este do Centro de Saúde de Estarreja, não longe dos trabalhos legados em edições anteriores por Akacorleone, Mohamed L’Ghacham e Add Fuel, Gonçalo Mar presta um tributo sentido aos profissionais de saúde, oferecendo-lhes o melhor da sua arte. Num trabalho de grande escala e de inegável beleza, o visitante deparar-se-á com uma figura identificável pela bata e pelo estetoscópio, em cujo rosto afloram um conjunto de elementos surrealistas onde predominam as plantas e que são a actual imagem de marca do artista. Juntando num mesmo quadro os “guerreiros da linha da frente” e a natureza, Gonçalo Mar lança um apelo à consciencialização colectiva para o impacto que os nossos gestos têm sobre o ambiente e lembra de que forma as dinâmicas criadas nos podem afectar tão contundentemente.
À entrada da Rua da Agra, em Salreu, na rotunda de acesso a Estarreja vindo de Sul, o romeno Daniel Padure dá-nos a ver os efeitos do confinamento sobre as pessoas. Com um estilo de linhas simples e limpo, o artista aproveita as três faces do imóvel onde implantou o seu trabalho, desenvolvendo nove quadros que interagem entre si e que vão do silêncio da leitura, da alegria de uma música ou da energia do exercício físico ao mais profundo dos desânimos. É como um “manual para pessoas em quarentena”, mas cuja cor e vida transmitem optimismo e nos ajudam a encarar o futuro com a esperança de que vai ficar tudo bem.
Rumando mais a Sul, à localidade de Fermelã, vemos como Pedro Podre tira o melhor partido do Posto de transformação da EDP localizado na Avenida da Igreja para desenvolver a sua própria fábula em torno das cegonhas, essas aves elegantes que desde tempos imemoriais alimentam o nosso imaginário e que aqui enchem os ares com as sua beleza e elegância. É igualmente um trabalho de grande escala, com cores muito vivas e onde a interacção do homem com a natureza se revela de forma muito evidente.
Na Rua Desembargador Correia Teles, bem no centro da cidade, como que dialogando com o enorme mural que Millo nos legou em 2018, Mariana Rio dá-nos a sua visão do meio envolvente a Estarreja. Num trabalho de enorme minúcia, particularmente influenciado pela sua base como ilustradora, a artista oferece-nos uma multiplicidade de elementos onde o mundo real, feito de campos de cultivo do arroz, duma vegetação luxuriante e dos esteiros da ria, se mistura e confunde com o imaginário pessoal, resultando numa peça de enorme significado e alcance. Finalmente, na freguesia de Veiros, junto ao polidesportivo local, os portugueses Margarida Prata e Francisco Leal, que formam a dupla Los Pepes Studio, apropriam-se das doze lâminas que se encontram no exterior do imóvel para desenvolver um trabalho com uma matriz marcadamente aritmética, feito de formas abstractas e oferecendo ao visitante a liberdade para fazer a sua própria interpretação. No caso concreto, as formas giram quase exclusivamente em torno de circunferências e linhas muito simples, cujos padrões sugerem o sol, os pássaros, as árvores, as ondas do mar. De novo o homem e a natureza na sua relação mais pura e simples.
O ESTAU prossegue até ao próximo domingo e o programa do fim de semana é rico e variado. No sábado, pelas 11h00, está prevista uma visita guiada ao roteiro de arte urbana para crianças dos 6 aos 12 anos, enquanto às 18h00, a visita terá a particularidade de ser acompanhada com linguagem gestual, tal como sucederá no dia seguinte, pelas 17h00. No domingo, pelas 10h00, a visita guiada é dirigida ao roteiro de arte urbana nas freguesias e, por certo, levará os participantes ao encontro de Tiago Galo (Pardilhó), Samina e Ana Maria (Salreu), The Empty Belly (Avanca), para além dos já citados Pedro Podre (Fermelã) e Los Pepes Studio (Veiros). Mas há mais, do percurso sonoro pelas ruas da cidade a um workshop de arte urbana ministrado por Gonçalo Mar, da animação de rua pelas bandas Visconde de Salreu e Bingre Canelense aos contos para a infância, da conversa sobre “Arte e Espaço Público” à apresentação da App Smart City “Sentir Estarreja”, do cinema com o documentário “Vertical Conquests”, de Rosa Chiara Scaglione aos concerto de Júlio Resende ou de Ana Mariano, é todo um mundo de propostas aliciantes que se oferece aos visitantes nesta festa da Arte Urbana. A programação completa pode ser encontrada AQUI.
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