CONCERTO: Club Makumba
Ovar Expande!
Escola de Artes e Ofícios
20 Ago 2020 | qui | 22:0
Há pouco mais de um ano, tive a oportunidade de escutar Tó Trips e João Doce num belíssimo concerto integrado na programação do WOOL – Festival de Arte Urbana da Covilhã. Na altura, vivi a música de ambos como uma experiência imersiva em paisagens sonoras de enorme riqueza, cuja geografia se estende do Norte de África à América do Sul, dos espaços gelados do Ártico aos desertos do Texas ou do Arizona. Num embalo bom, escutei nessa altura “Baía das Negras”, “Makumba das Foncas” e “Migratória” – do álbum “Guitarra Makaka – Danças a Um Deus Desconhecido”, que Tó Trips havia gravado a solo em 2015 –, temas que, no seu conjunto, funcionaram como um convite à viagem interior e imaginária, tornada real pelas memórias convocadas e pela certeza da melodia e dos ritmos a abraçar o planeta. Voltei a ouvi-las no passado dia 20, na Escola de Artes e Ofícios, numa noite de festa e de celebração. Que dizer? Sendo as mesmas músicas, são completamente diferentes. Tudo é muito diferente. Para melhor.
De Tó Trips e da sua história sabemos o suficiente para reconhecer que o seu nome é indissociável do projecto Dead Combo. Com Pedro Gonçalves, a banda alcançou níveis de qualidade e de sucesso que a colocaram no patamar das mais influentes de toda uma geração recente. Mas, como bem sabemos, também, os Dead Combo chegaram ao fim e Tó Trips há muito que ensaiava novos modelos. Na Covilhã, era isso que se percebia e se acolhia com entusiasmo, embora fosse ainda o aroma dos Dead Combo aquilo que mais sobressaia daquele cozinhado, Tó Trips e as suas guitarras incapazes da tão desejada emancipação. Afinal, a solução revelou-se bem simples, a cadência do contrabaixo de Gonçalo Leonardo e a ondulação vibrante do saxofone de Gonçalo Prazeres a juntarem-se à dupla e a fazerem toda a diferença. Nascia o Club Makumba. Com ele o todo tornou-se mais forte e espesso, a sua matriz ganhou uma outra harmonia, uma nova liberdade.
Depois da estreia em finais de Novembro do ano passado e de um segundo concerto já no início deste ano, o Club Makumba viu a sua agenda ser suspensa graças à pandemia e o lançamento do seu disco de estreia adiado “sine die”. Voltaram a emergir com o desconfinamento, o concerto na Escola de Artes e Ofícios marcando o tão desejado regresso. Para uma plateia reduzida, ao encontro das regras de segurança impostas pela Direcção-Geral de Saúde, a banda arregaçou os braços e deu o que tinha e o que não tinha. Em temas como “Med Swing”, “Hurghada Honeymoon”, “Black Berbere” ou “Jimmy Habibi” mostraram ser no Norte de África que se encontra uma boa parte da sua identidade, a outra parte a abandonar sonoridades mais próximas da world music e a virar-se para o rock puro e duro, sendo “Going Somewhere”, “Crazy Lizzard” ou “Maze” três belos exemplos. Ficamos a aguardar ansiosamente o álbum já pronto e com saída prometida para o primeiro trimestre de 2021. Para já, fica a certeza de que há uma banda a nascer com a força dos predestinados e que muito irá dar que falar num futuro que se adivinha já ao virar da esquina.
Ovar Expande!
Escola de Artes e Ofícios
20 Ago 2020 | qui | 22:0
Há pouco mais de um ano, tive a oportunidade de escutar Tó Trips e João Doce num belíssimo concerto integrado na programação do WOOL – Festival de Arte Urbana da Covilhã. Na altura, vivi a música de ambos como uma experiência imersiva em paisagens sonoras de enorme riqueza, cuja geografia se estende do Norte de África à América do Sul, dos espaços gelados do Ártico aos desertos do Texas ou do Arizona. Num embalo bom, escutei nessa altura “Baía das Negras”, “Makumba das Foncas” e “Migratória” – do álbum “Guitarra Makaka – Danças a Um Deus Desconhecido”, que Tó Trips havia gravado a solo em 2015 –, temas que, no seu conjunto, funcionaram como um convite à viagem interior e imaginária, tornada real pelas memórias convocadas e pela certeza da melodia e dos ritmos a abraçar o planeta. Voltei a ouvi-las no passado dia 20, na Escola de Artes e Ofícios, numa noite de festa e de celebração. Que dizer? Sendo as mesmas músicas, são completamente diferentes. Tudo é muito diferente. Para melhor.
De Tó Trips e da sua história sabemos o suficiente para reconhecer que o seu nome é indissociável do projecto Dead Combo. Com Pedro Gonçalves, a banda alcançou níveis de qualidade e de sucesso que a colocaram no patamar das mais influentes de toda uma geração recente. Mas, como bem sabemos, também, os Dead Combo chegaram ao fim e Tó Trips há muito que ensaiava novos modelos. Na Covilhã, era isso que se percebia e se acolhia com entusiasmo, embora fosse ainda o aroma dos Dead Combo aquilo que mais sobressaia daquele cozinhado, Tó Trips e as suas guitarras incapazes da tão desejada emancipação. Afinal, a solução revelou-se bem simples, a cadência do contrabaixo de Gonçalo Leonardo e a ondulação vibrante do saxofone de Gonçalo Prazeres a juntarem-se à dupla e a fazerem toda a diferença. Nascia o Club Makumba. Com ele o todo tornou-se mais forte e espesso, a sua matriz ganhou uma outra harmonia, uma nova liberdade.
Depois da estreia em finais de Novembro do ano passado e de um segundo concerto já no início deste ano, o Club Makumba viu a sua agenda ser suspensa graças à pandemia e o lançamento do seu disco de estreia adiado “sine die”. Voltaram a emergir com o desconfinamento, o concerto na Escola de Artes e Ofícios marcando o tão desejado regresso. Para uma plateia reduzida, ao encontro das regras de segurança impostas pela Direcção-Geral de Saúde, a banda arregaçou os braços e deu o que tinha e o que não tinha. Em temas como “Med Swing”, “Hurghada Honeymoon”, “Black Berbere” ou “Jimmy Habibi” mostraram ser no Norte de África que se encontra uma boa parte da sua identidade, a outra parte a abandonar sonoridades mais próximas da world music e a virar-se para o rock puro e duro, sendo “Going Somewhere”, “Crazy Lizzard” ou “Maze” três belos exemplos. Ficamos a aguardar ansiosamente o álbum já pronto e com saída prometida para o primeiro trimestre de 2021. Para já, fica a certeza de que há uma banda a nascer com a força dos predestinados e que muito irá dar que falar num futuro que se adivinha já ao virar da esquina.
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