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ARTE URBANA: Helen Bur
Fazunchar 2020
Vários locais, Figueiró dos Vinhos
Em tranquila caminhada ou num passo mais ligeiro, quem percorre as ruas de Figueiró dos Vinhos não pode deixar de se deparar com o trabalho que a britânica Helen Bur espalhou pela vila, no que pode ser visto como uma das mais belas heranças da segunda edição do Fazunchar. Trata-se de figuras de pequena escala que retratam pessoas da terra ou visitantes ocasionais, sempre de costas, pintadas com minúcia nos locais mais diversos, sejam eles a ombreira de uma porta, o cimo de uma escadaria ou a esquina de um coreto. No seu traço preciso, atenta ao mais ínfimo detalhe, Helen Bur faz do acto de criação uma homenagem à vida naquilo que de mais simples tem para oferecer, transformando em arte os gestos banais do quotidiano. Os quais apreciamos, nos quais nos revemos.
Percorrer o trabalho da artista é folhear as páginas de um livro que bem podia chamar-se “Helen no País das Maravilhas”. Observar cada uma destas pequenas peças é mergulhar em pedaços de vida que, para além da história implícita que os liga a um momento preciso e que, na maioria dos casos, podemos apenas intuir, remetem para as nossas próprias vivências. Não isento de humor, o seu trabalho resulta na fusão da arte com a vida, convocando memórias e, de forma implícita, concorrendo para a construção de narrativas, as mais das vezes delicadas e sensíveis, sobretudo fecundas e livres. Afinal, quem nunca se abrigou sob um guarda-chuva, carregou um filho sobre os ombros, passeou de mochila às costas ou, pontualmente, foi obrigado a usar uma canadiana?
Importa dizer que este “livro” oferece dois capítulos: um que podemos designar por “Figueiró dos Vinhos” e outro chamado “Campelo”, uma freguesia deste concelho do Pinhal Interior e que mereceu, igualmente, a atenção de Helen. No primeiro, são dezasseis as páginas a folhear, às quais se juntam seis no segundo capítulo. A grande particularidade deste “Helen no País das Maravilhas” é que as páginas não estão numeradas, o que faz dele um convite à descoberta ou, se assim o quisermos, uma “caça ao tesouro”. Aos mais curiosos e interessados em conhecer na íntegra o legado de Helen Bur pede-se muita atenção. Pode suceder que só à segunda ou terceira passagem por um mesmo local sintam a emoção da descoberta. Entretanto, muito mais descobrirão, certamente: uma cruz de ferro oitocentista, batentes de porta que são verdadeiras obras de arte, reminiscências do medievo na arquitectura da vila, belíssimos miradouros e fontanários, murais e cartazes resultantes de duas edições do Fazunchar. Tudo isto sob o olhar atento de uma catrefada de gatos.
Fazunchar 2020
Vários locais, Figueiró dos Vinhos
Em tranquila caminhada ou num passo mais ligeiro, quem percorre as ruas de Figueiró dos Vinhos não pode deixar de se deparar com o trabalho que a britânica Helen Bur espalhou pela vila, no que pode ser visto como uma das mais belas heranças da segunda edição do Fazunchar. Trata-se de figuras de pequena escala que retratam pessoas da terra ou visitantes ocasionais, sempre de costas, pintadas com minúcia nos locais mais diversos, sejam eles a ombreira de uma porta, o cimo de uma escadaria ou a esquina de um coreto. No seu traço preciso, atenta ao mais ínfimo detalhe, Helen Bur faz do acto de criação uma homenagem à vida naquilo que de mais simples tem para oferecer, transformando em arte os gestos banais do quotidiano. Os quais apreciamos, nos quais nos revemos.
Percorrer o trabalho da artista é folhear as páginas de um livro que bem podia chamar-se “Helen no País das Maravilhas”. Observar cada uma destas pequenas peças é mergulhar em pedaços de vida que, para além da história implícita que os liga a um momento preciso e que, na maioria dos casos, podemos apenas intuir, remetem para as nossas próprias vivências. Não isento de humor, o seu trabalho resulta na fusão da arte com a vida, convocando memórias e, de forma implícita, concorrendo para a construção de narrativas, as mais das vezes delicadas e sensíveis, sobretudo fecundas e livres. Afinal, quem nunca se abrigou sob um guarda-chuva, carregou um filho sobre os ombros, passeou de mochila às costas ou, pontualmente, foi obrigado a usar uma canadiana?
Importa dizer que este “livro” oferece dois capítulos: um que podemos designar por “Figueiró dos Vinhos” e outro chamado “Campelo”, uma freguesia deste concelho do Pinhal Interior e que mereceu, igualmente, a atenção de Helen. No primeiro, são dezasseis as páginas a folhear, às quais se juntam seis no segundo capítulo. A grande particularidade deste “Helen no País das Maravilhas” é que as páginas não estão numeradas, o que faz dele um convite à descoberta ou, se assim o quisermos, uma “caça ao tesouro”. Aos mais curiosos e interessados em conhecer na íntegra o legado de Helen Bur pede-se muita atenção. Pode suceder que só à segunda ou terceira passagem por um mesmo local sintam a emoção da descoberta. Entretanto, muito mais descobrirão, certamente: uma cruz de ferro oitocentista, batentes de porta que são verdadeiras obras de arte, reminiscências do medievo na arquitectura da vila, belíssimos miradouros e fontanários, murais e cartazes resultantes de duas edições do Fazunchar. Tudo isto sob o olhar atento de uma catrefada de gatos.
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