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segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

CONCERTO: The Black Mamba



CONCERTO: The Black Mamba
Good Times Tour
Cine Teatro de Estarreja
30 Nov 2019 | sab | 21:30


A intenção não podia ser mais clara e resume-se em duas frases: “Revisitar os dois primeiros anos desta banda” e “fazer a festa com o trio”. Foi assim que o guitarrista Pedro Tatanka anunciou os propósitos da “Good Times Tour”, com a qual os The Black Mamba vêm para a estrada neste final de ano, num único e imperdível regresso às origens. Perante uma sala repleta de um público entusiasta, a música oferecida convidou a recuar quase uma década, “a um tempo em que fazíamos versões nos bares, nos clubs, nos botecos, nas casas de strip de Lisboa”. Com um carácter essencialmente revivalista, o concerto assentou as bases no álbum de estreia da banda, mas foi igualmente possível ouvir outros temas dos primórdios e que viriam a marcar os trabalhos posteriores.

Com Ciro Cruz no baixo eléctrico e Miguel Casais na bateria, os The Black Mamba empenharam-se, desde o primeiro tema, em pôr em prática as suas propostas, fiéis a um alinhamento onde as suas influências e a sua matriz, dos blues à soul e ao funk, ficaram bem vincadas. Originais como “Sweet Lies”, “Good Times”, “Canção de Mim Mesmo” ou “I’ll Meet You There”, ao lado das versões de “I Shot the Sheriff”, “Easy”, “Personal Jesus” ou um muito iniciático “Thriller”, permitiram perceber quanta emoção pode haver nessa espécie de redescoberta que é o voltar atrás, sacudir da poeira as músicas antigas e acrescentar-lhes novas sonoridades, mas sem esquecer a sua importância e em que medida são parte do caminho percorrido.

Para quem, como eu, não conhecia de todo esta banda, aquilo que fica, para além do talento dos instrumentistas e da excelente voz de Pedro Tatanka, é a sua enorme qualidade musical, o cuidado colocado no alinhamento dos temas e a forma como se encadeiam, como se de um medley gigante se tratasse. Para os fãs, este terá sido, seguramente, um concerto de emoções fortes, a alma lavada após uma hora e meia de convívio com um imaginário fascinante, feito de cowboys taciturnos, padres a arrastarem pelo pó a fímbria da batina ruça, grandes extensões desérticas onde correm novelos de palha tocados pelo vento e, à espera da presa, uma mamba negra, irresistível e mortal.

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