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sábado, 9 de novembro de 2019

EXPOSIÇÃO: "Trabalho Capital - Ensaio Sobre Gestos e Fragmentos"


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EXPOSIÇÃO: “Trabalho Capital – Ensaio Sobre Gestos e Fragmentos”,
de vários artistas
Centro de Arte Oliva
Curadoria | Paulo Mendes
13 Abr 2019 > 02 Fev 2020


“A cultura é a regra, a arte é a excepção. Faz parte da regra querer a morte da excepção.”
Jean-Luc Godard

Em “Trabalho Capital”, exposição-instalação com curadoria de Paulo Mendes, coloca-se em diálogo a colecção Norlinda e José Lima com novas obras realizadas para este projecto, outras já produzidas e, igualmente, material documental e técnico do espólio museológico industrial relacionado com a história da Fábrica Oliva. Aprofundando, na sua pesquisa, diferentes ferramentas da antropologia, história ou arqueologia, através da pesquisa de terreno e da documentação em arquivo, “Trabalho Capital” pretende convocar a memória histórica, social e política da Oliva, ao mesmo tempo que o público, os criadores e investigadores são convidados a explorar a dimensão cultural do espaço físico pós-industrial.

A convocação desse património material e imaterial é uma das componentes importantes deste projecto, tendo como premissa a reunião de trabalhos relacionados, de forma mais directa ou indirectamente, com algumas ideias e conceitos que podem ser inventariados e debatidos com a ideia de “Trabalho”. Nesta Fábrica, fundada nos anos 20 do século passado e definitivamente fechada em 2010, existe agora um espaço cultural. Aqui se assistiu à fragmentação e recomposição de um espaço fabril que permite novos usos e sentidos performativos. Numa cidade com um grande parque industrial, fundamental se torna não obliterar essa memória, convocando-a para um projecto que confronta os habitantes da cidade e os visitantes que chegam de fora, com uma realidade industrial passada e presente.

Nesta exposição-instalação, a memória do espaço de trabalho, fabril e industrial é reactivada através de documentação fotográfica e fílmica. Foram realizadas um conjunto de entrevistas a antigos operários, iniciando, assim, um arquivo oral e de vídeo que é exibido na exposição como forma de devolver a Fábrica Oliva à cidade e restabelecer uma ponte com o passado. A cenografia da exposição remete para um espaço industrial em (re)construção, evocando-se as reminiscências do passado industrial em confronto com a produção contemporânea de cultura. A materialização dessas memórias é realizada através de propostas de transformação e práticas espaciais que exploram leituras interdisciplinares do património arquitectónico e dos espaços pós-industriais, mobilizando-se a participação das artes visuais, arquitectura e imagem em movimento.

Do diálogo entre artistas tão fundamentais como Mário Cesariny, Paulo Nozolino, João Tabarra, Fernando Lanhas, Maria Helena Vieira da Silva, Álvaro Lapa, Stuart Carvalhais, Pedro Calapez, Nan Goldin, Julião Sarmento, António Charrua, Eduardo Batarda ou José Pedro Croft, de um total de mais de cem nomes representados, resulta um momento de diálogo impressivo entre as várias obras expostas e entre estas e o espectador, interveniente activo no próprio projecto, porquanto são as suas próprias memórias que aqui se convocam. Uma exposição a não perder e que estará patente no Centro de Arte Oliva até ao próximo dia 02 de Fevereiro.

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