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EXPOSIÇÃO: “Trabalho Capital –
Ensaio Sobre Gestos e Fragmentos”,
de vários artistas
Centro de Arte Oliva
Curadoria | Paulo Mendes
13 Abr 2019 > 02 Fev 2020
“A cultura é a regra, a arte é a
excepção. Faz parte da regra querer a morte da excepção.”
Jean-Luc
Godard
Em “Trabalho Capital”,
exposição-instalação com curadoria de Paulo Mendes, coloca-se em
diálogo a colecção Norlinda e José Lima com novas obras
realizadas para este projecto, outras já produzidas e, igualmente,
material documental e técnico do espólio museológico industrial
relacionado com a história da Fábrica Oliva. Aprofundando, na sua
pesquisa, diferentes ferramentas da antropologia, história ou
arqueologia, através da pesquisa de terreno e da documentação em
arquivo, “Trabalho Capital” pretende convocar a memória
histórica, social e política da Oliva, ao mesmo tempo que o
público, os criadores e investigadores são convidados a explorar a
dimensão cultural do espaço físico pós-industrial.
A convocação desse património
material e imaterial é uma das componentes importantes deste
projecto, tendo como premissa a reunião de trabalhos relacionados,
de forma mais directa ou indirectamente, com algumas ideias e
conceitos que podem ser inventariados e debatidos com a ideia de
“Trabalho”. Nesta Fábrica, fundada nos anos 20 do século
passado e definitivamente fechada em 2010, existe agora um espaço
cultural. Aqui se assistiu à fragmentação e recomposição de um
espaço fabril que permite novos usos e sentidos performativos. Numa
cidade com um grande parque industrial, fundamental se torna não
obliterar essa memória, convocando-a para um projecto que confronta
os habitantes da cidade e os visitantes que chegam de fora, com uma
realidade industrial passada e presente.
Nesta exposição-instalação, a
memória do espaço de trabalho, fabril e industrial é reactivada
através de documentação fotográfica e fílmica. Foram realizadas
um conjunto de entrevistas a antigos operários, iniciando, assim, um
arquivo oral e de vídeo que é exibido na exposição como forma de
devolver a Fábrica Oliva à cidade e restabelecer uma ponte com o
passado. A cenografia da exposição remete para um espaço
industrial em (re)construção, evocando-se as reminiscências do
passado industrial em confronto com a produção contemporânea de
cultura. A materialização dessas memórias é realizada através de
propostas de transformação e práticas espaciais que exploram
leituras interdisciplinares do património arquitectónico e dos
espaços pós-industriais, mobilizando-se a participação das artes
visuais, arquitectura e imagem em movimento.
Do diálogo entre artistas tão
fundamentais como Mário Cesariny, Paulo Nozolino, João Tabarra,
Fernando Lanhas, Maria Helena Vieira da Silva, Álvaro Lapa, Stuart
Carvalhais, Pedro Calapez, Nan Goldin, Julião Sarmento, António
Charrua, Eduardo Batarda ou José Pedro Croft, de um total de mais de
cem nomes representados, resulta um momento de diálogo impressivo
entre as várias obras expostas e entre estas e o espectador,
interveniente activo no próprio projecto, porquanto são as suas
próprias memórias que aqui se convocam. Uma exposição a não
perder e que estará patente no Centro de Arte Oliva até ao próximo
dia 02 de Fevereiro.
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