Páginas

domingo, 7 de abril de 2019

EXPOSIÇÃO DE GRAVURA E PINTURA: "Uma História de Linhas, Letras e Manchas"


[Clicar na imagem para ver mais fotos]

EXPOSIÇÃO DE PINTURA E GRAVURA: “Uma História de Linhas, Letras e Manchas”,
de Maria Afonso
Árvore – Cooperativa de Actividades Artísticas
29 Mar > 30 Abr 2019


Linhas, letras e manchas. Longas ou finas, curvas ou interrompidas, numa caligrafia escorreita ou tipografadas, polícromas ou esborratadas, não são elas a essência do desenho, da gravura ou da pintura? Não é da sua disposição ordenada sobre o papel ou na tela que a obra adquire forma e sentido, revelando-se ante o olhar – quantas vezes curioso, quantas vezes atónito - do criador? Transpondo estes ingredientes para um conjunto diversificado de suportes, Maria Afonso quis vincar o seu significado e importância, a sua essência, desconstruindo-os em pequenos retalhos pulsantes de vida. São eles a alma de uma bela história que, ao longo do mês de Abril, pode ser “escutada” na Cooperativa Árvore, no Porto.

Há, nos trabalhos de Maria Afonso, toda uma poética que remete para o ponto zero da criação, para aquele momento inicial do primeiro embate entre o lápis e o papel, da primeira pincelada na tela. Um momento que congrega em si todo o potencial criador, “big bang” pulsante e rebelde de cores, modos e emoções que, num contínuo, se organizam (arbitrariamente?), tomando formas que são a mais bela expressão de vida. É isso que faz com que seja impossível ficarmos indiferentes às magnólias que sabemos em flor no jardim da artista, à “espera” que se esconde nos retalhos gravados sobre etiquetas de avião F16, às subtis e delicadas composições que, da raiz à pétala, se unem para nos oferecer a mais graciosa flor.

Mas fechemos os olhos e deixemo-nos invadir pela harmonia e serenidade do espaço. “Em silêncio o rochedo vê chegar e partir as estações”. É silencioso, o rochedo, mas como expressa a matéria, escura e densa, que o consome? Ora em flor, a magnólia não era mais do que sofrimento, os braços secos vergastados pelos rigores do inverno, há pouco tempo atrás; a “espera” é a das mulheres em contexto de guerra; e, os trabalhos de pequenas dimensões, são “doses” de arte a baixo custo, remédios para a alma à venda em farmácias. A paz e a harmonia são-no apenas na aparência; de súbito, cedem lugar à inquietação e ao desconforto. Há questões a avolumarem-se nas nossas mentes, há razões que pedem conhecimento à razão, há causas que erguem a sua bandeira. No silêncio, o grito do rochedo faz-se ouvir!

Sem comentários:

Enviar um comentário