CONCERTO: “Músicas Brasileiras,
Músicos Portugueses”,
com Zuza Homem de Mello, Orquestra
Jazz de Matosinhos e Kiko Freitas (bateria)
Casa da Arquitectura (Espaço
Tanoaria), Matosinhos
12 Abr 2019 | sex | 21:30
No último fim de semana de um extenso
programa paralelo da exposição “Infinito Vão – 90 Anos de
Arquitectura Brasileira”, o Espaço Tanoaria da Casa da
Arquitectura encheu-se de um publico entusiasta e conhecedor para
“ouvir arquitectura”. Talvez isto possa soar estranho para
muitos, mas aqueles que já tiveram o privilégio de apreciar a
magnifica exposição, com curadoria de Fernando Serapião e Guilherme
Wisnik, percebem perfeitamente o que é isto de “ouvir
arquitectura”, tão fortemente sobressai da mostra a íntima relação entre as duas expressões artísticas. Da parte dos curadores houve essa clara
intenção de associar épocas e estilos arquitectónicos às
correntes musicais vigentes à época e Zuza Homem de Mello “bebeu” deste princípio. Daí, o concerto ter um
alcance muito maior, de tal forma ele se constitui uma extensão da
própria exposição e não um mero apanhado de músicas.
Com uma profunda ligação ao Jazz,
Zuza Homem de Mello foi o convidado de honra deste concerto,
cabendo-lhe “desenhar” o alinhamento de noventa minutos
verdadeiramente únicos, ao longo dos quais se evidenciou o seu
enorme talento e brilhantismo, mas também – não menos importante!
- o grande conhecimento e um gosto particularmente apurado pela
melhor música que se faz do lado de lá do Atlântico. Cobrindo um
espaço temporal que vai de “Carinhoso”, escrito por Pixinguinha
e publicado em 1917, aos recentes “Organdi e Gomalina” e “Só
Xote”, ambos de Nelson Ayres e lançados em 2017, o concerto
visitou, num século de música, géneros tão fundamentais como o
frevo ou o choro, o samba ou a MPB e nomes incontornáveis como os de
Moacir Santos, João Bosco, Nailor Proveta, Letieres Leite, António
Adolfo, K-Ximbinho ou o incontornável António Carlos Jobim, de quem
se escutou “Corcovado” e “Wave”.
Porque a noite era de “música
brasileira”, mas também de “músicos portugueses”, importa
referir mais uma notável prestação da Orquestra Jazz de
Matosinhos, sob a direcção do maestro Pedro Guedes. Brilhantes os
solos de trompete de Ricardo Formoso, Luís Macedo ou Javi Pereiro, de saxofone
tenor de José Pedro Coelho ou de trombone de Daniel Dias ou Andreia
Santos. E que dizer da qualidade de um Carlos Azevedo no piano, de
Demian Cabaud no contrabaixo ou de Andres Tarabbia nas percussões? Para o fim, propositadamente, deixo Kiko Freitas, baterista
profissional desde 1987, um homem que acompanha João Bosco há 19
anos e que já tocou com nomes como Michel Legrand, Gonzalo
Rubalcaba, Lee Ritenour ou a NDR Big Band. Ele veio propositadamente
do Brasil para este momento (na verdade, terá sido uma “exigência”
de Zuza Homem de Mello) e a sua actuação foi brilhante. A cereja no
topo do bolo de um concerto memorável!
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