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CERTAME: Festival Literário de Ovar
Alberto Sousa Lamy, Luis Carlos
Patraquim, Álvaro Laborinho Lúcio, Bruno Henriques, Daniel
Maia-Pinto Rodrigues, Jacinto Lucas Pires, Joana Bértholo, Rodrigo
Magalhães, João Morales, Aurelino Costa, Manuela Leitão, Miguel
Borges, Carlos Nuno Granja, Fernando Pinto do Amaral, Fernanda Mira
Barros, Marcelo Teixeira, Anabela Dias, Manuela Gonzaga, Isabel Nery,
Joel Neto, João Rios, João Paulo Sousa, André Domingues, José
Gardeazabal, Cristina Marques, Clara Haddad, Pedro Seromenho, Sofia
Fraga, Carlos Fiolhais, Maria João Cantinho, Carla Anjos, Filipa
Martins, Pedro Guilherme-Moreira, Rodrigo Guedes
de Carvalho, Victor Oliveira Mateus
Jardim do Cáster, Ovar
13 Set > 16 Set 2018
O que distingue a boa da má
literatura? Como é que o escritor se relaciona com o mundo? Há
liberdade na escrita? É necessário para o escritor o reconhecimento
da crítica? Também há bons e maus leitores? À boleia destas e
doutras questões, dúvida e rigor, inquietação e certeza,
liberdade e consciência passearam de mãos dadas por essa
verdadeira “oficina do pensamento” que constituiu a 4ª edição
do Festival Literário de Ovar. Ao longo de quatro dias, o certame
preencheu a agenda cultural do Concelho, mobilizando as atenções de
escritores, leitores, ilustradores, editores, contadores de
histórias, críticos literários, livreiros e público em geral. Com onze mesas programadas por onde
passaram mais de três dezenas de oradores e oito moderadores, às quais se juntaram workshops de ilustração, sessões de contos para os mais novos, interpretações de poesia e mesmo um extraordinário momento de histórias contadas, protagonizado por Clara Haddad, o FLO
teve tudo para agradar a todos.
O “pontapé de saída” não poderia ter sido mais auspicioso, encerrando um momento particularmente importante para Ovar e para os ovarenses, por aquilo que acrescenta à sua memória colectiva. Tratou-se da apresentação pública do 4º volume do “Dicionário da História de Ovar”, da autoria de Alberto Sousa Lamy, no qual o historiador revê e actualiza importantes passagens dos volumes anteriores, lançados em 2009. Seguiu-se outro grande momento do Festival Literário de Ovar, com Bruno Henriques a moderar a conversa entre os escritores Luís Carlos Patraquim e Álvaro Laborinho Lúcio, duas personalidades enormes mas que, curiosamente, não reclamam para si o título de “escritor”. “Não é escritor quem quer, não é escritor quem escreve. É escritor quem é reconhecido como tal. (…) Por enquanto sou escrevente e vou tentando perceber se há maneira de poder vir a ser escritor”, referiu Laborinho Lúcio a propósito deste assunto. Luis Carlos Patraquim, por seu lado, confessou-se “um erro de casting”: “Ter chegado à ficção foi um acaso. Eu queria ser era empreendedor, ter um cabaret literário que se chamasse 'Chez Baudelaire' ”, disse, provocando uma gargalhada geral na numerosa plateia.
O “pontapé de saída” não poderia ter sido mais auspicioso, encerrando um momento particularmente importante para Ovar e para os ovarenses, por aquilo que acrescenta à sua memória colectiva. Tratou-se da apresentação pública do 4º volume do “Dicionário da História de Ovar”, da autoria de Alberto Sousa Lamy, no qual o historiador revê e actualiza importantes passagens dos volumes anteriores, lançados em 2009. Seguiu-se outro grande momento do Festival Literário de Ovar, com Bruno Henriques a moderar a conversa entre os escritores Luís Carlos Patraquim e Álvaro Laborinho Lúcio, duas personalidades enormes mas que, curiosamente, não reclamam para si o título de “escritor”. “Não é escritor quem quer, não é escritor quem escreve. É escritor quem é reconhecido como tal. (…) Por enquanto sou escrevente e vou tentando perceber se há maneira de poder vir a ser escritor”, referiu Laborinho Lúcio a propósito deste assunto. Luis Carlos Patraquim, por seu lado, confessou-se “um erro de casting”: “Ter chegado à ficção foi um acaso. Eu queria ser era empreendedor, ter um cabaret literário que se chamasse 'Chez Baudelaire' ”, disse, provocando uma gargalhada geral na numerosa plateia.
Sob o manto diáfano de alguns dos
maiores nomes da literatura portuguesa e universal – de Raul
Brandão a Herberto Hélder, de José Régio a Agustina Bessa-Luís -, o FLO pautou-se por um conjunto de considerações e inquietações
lançadas à discussão – umas mais leves ou mais cómicas, outras
mais sérias ou mais profundas – das quais, para reflexão no presente e para memória futura,
destacaria as seguintes: “Ao fim de tantos anos,
aquilo que mais conheço de verdadeiro ou que mais nos aproxima da
verdade é a ficção” (Álvaro Laborinho Lúcio”); “Escrever é
estar contra a barbárie” (Luís Carlos Patraquim); “Interessa-me imaginar o passado sendo esta, talvez, a
melhor forma de projectar o futuro” (Jacinto Lucas Pires); “O que me interessa é a fisicalidade de certos
gestos. Quanta força é necessária para partir um braço?”
(Rodrigo Magalhães); “A criatividade excessiva acaba ali, é uma
anedota. A literatura que interessa é aquela que acrescenta algo ao
mundo” (Fernanda Mira Barros); “A literatura dá-nos a liberdade
de sair do eixo do 'eu', que é um tirano, e tirarmos férias de nós
mesmos” (Manuela Gonzaga); “O objectivo do escritor é o
labirinto e não a solução para sair do labirinto” (Joel Neto); ou, “As palavras é que dão olhos ao mundo” (João Rios).
Num certame que, a cada nova edição,
se afirma como sendo de todos e para todos, a adesão do público fez
a diferença, impondo, por si só, o Festival Literário de Ovar como
um momento da maior relevância num concelho com uma oferta cultural
apenas sofrível. Foi muito bom ver entre o público figuras
importantes como o artista plástico Emerenciano, a poetisa Aurora
Gaia, o escritor Valter Hugo Mãe ou o fotógrafo Jorge Bacelar, mas
foi melhor ainda ver como o público anónimo aderiu de forma
incondicional, escutando, intervindo e convivendo neste abraço
caloroso à literatura. A extraordinária qualidade dos moderadores
foi outro aspecto diferenciador da edição deste ano do Festival,
algo que parece importante relevar. Finalmente, uma palavra de
reconhecimento e apreço ao grande obreiro deste encontro à roda dos
livros, Carlos Nuno Granja, um homem que devota um amor incondicional
à literatura e que, de forma abnegada, corajosa e profundamente
altruísta, faz com que as coisas acontecem. Da melhor forma, o
Festival Literário de Ovar aconteceu uma vez mais, ficando aqui um
enorme obrigado ao Carlos e um “até para o ano”!
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