CONCERTO: Carminho
Avenida Maia Brenha, Espinho
Festival Oito24
14 Ago 2018 | ter | 22:00
Quase podia repetir neste texto as
palavras escritas no passado dia 18 de Fevereiro, a propósito do
concerto de Carminho no Cine-Teatro António Lamoso, em Santa Maria
da Feira [AQUI].
Com um alinhamento em tudo semelhante e apenas uma substituição na
composição da banda de suporte (Diogo Santos a substituir Rúben
Alves nos teclados e no acordeão), o concerto de Espinho voltou a
ser um momento de prazer e júbilo, o fado cantado na voz daquela que
é a sua melhor intérprete da actualidade.
De concerto para concerto, Carminho
está mais solta, a sua voz mais poderosa, a sua presença em palco
mais descontraída, a sua qualidade interpretativa em permanente
evolução. Foi aquilo que se viu e ouviu na noite de ontem, em fados
como “Contra a Maré” ou “As Pedras da Minha Rua”, “Meu
Amor Marinheiro” ou no exaltante “Fado Adeus”, o diálogo com o
acordeão a tecer lamentos de vidas que já não voltam. Gargantas ao
alto, “Bom dia, amor”, “Saia rodada” ou “Bia da Mouraria”
arrancaram palmas a compasso, mas o tom geral foi de intimismo,
“Escrevi teu nome no vento”, “Senhora da Nazaré” ou “Chuva
no Mar” a transformarem a longa Avenida, paredes meias com o mar,
numa gigantesca sala de fado.
A última referência vai para a mole
de gente que se juntou para ouvir Carminho e para a “religiosidade”
com que se escutou a cantora, um silêncio sepulcral quando, à
capella, se interpretou “As Minhas Penas”, um fado de D. António
da Câmara e Carlos da Maia, já no “encore”. À emoção não
contida na voz nua de Carminho, as lágrimas a soltarem-se dos seus
olhos vivos e doces, respondeu o público com a maior ovação da
noite. Ali ficou bem patente o poder do fado, desta música que é
nossa, quando cantado numa voz de excepção. Única, brilhante,
formidável!
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