Páginas

domingo, 6 de maio de 2018

CONCERTO: "Celina da Piedade convida A Par d'Ilhós"



CONCERTO: Celina da Piedade convida A Par d'Ilhós
Cine-Teatro de Estarreja
05 Mai 2018 | sab | 21:30


Celina da Piedade regressou ao palco do Cine-Teatro de Estarreja para uma viagem, na voz e no acordeão, pelas memórias da música de raiz popular portuguesa. Mas não veio só. Com ela – ilustres convidados “na sua própria casa” - estiveram os A Par d'Ilhós, agrupamento que está a celebrar 35 anos de vida e que se dedica à recolha e divulgação da Música Tradicional Portuguesa. Um encontro de amigos que resultou numa noite com muita música e animação, algumas histórias saborosas contadas na primeira pessoa e a total entrega do público que, sempre que o momento se ofereceu, não se fez rogado a acompanhar modas, saias e corridinhos.

Fazendo a ponte com a sua última presença neste palco, Celina da Piedade abriu o concerto com a interpretação de “Tardes de Bolonha”, trazida ao mundo pelos “Madredeus” no seu álbum “Existir” (1990) e que a artista confessou interpretar “desde os 12 ou 13 anos”. Seguiu-se “Toada à Beira Mar” e “Fui ao Jardim Passear”, dedicada a uma muito jovem fã. Mas foi com “Altinho” que a plateia começou realmente a animar-se, depois dum “ensaio” que pôs toda a gente a cantar. “Se eu vos ensinar bem, para a semana fazem outro concerto, mas desta vez sem mim”, garantiu a cantora. E cantou-se, espécie de Facebook, “Eu quero ir para o altinho / Que eu daqui não vejo bem / Quero ir ver do meu amor / Se ele adora mais alguém”.

“Laranja da China”, “Assim sou Eu” - o single do seu segundo disco, “Sol” - “Saias da Moda” e “Primavera”, a música que a cantora levou ao Festival da Canção em 2017, preencheram os momentos seguintes. Já a bola deixara de rolar em Alvalade e o Futebol Clube do Porto fazia a festa de Campeão da I Liga quando “Rebola a Bola” se entoou em palco. De novo o público foi convidado a assistir a mais uma aula – desta vez com a promessa duma “bucha” de regueifa no final -, embarcando numa espécie de hip-hop com origem na Serra do Caldeirão e que se espalhou nas vozes de todos, entre verdade e mentira, de Loulé até Tavira.

Maria Emiliana Silva (violino) e Nuno Alexandrino Silva (piano, acordeão e voz) precederam em palco os restantes elementos do grupo A Par d'Ilhós para interpretarem, com Celina da Piedade, “A Aurora Tem um Menino” e “Ceifeira, Linda Ceifeira”. E foi já com toda a gente em palco que se percorreu um pouco do cancioneiro desta região do Baixo Vouga Lagunar, com “Vareira de Ovar”, “Linda Morena” e “Ribeira de Mourão”, estas duas últimas canções muito ligadas à festa do S. Paio da Torreira. O Cante Alentejano e a forma como todo os dias se renova voltou ao palco em “Roubei-te um Beijo” mas foi o “Aeroplano” - um tema estranhamente alegre sobre a queda dum avião no mar – que constituiu o ponto mais alto da noite, com toda a gente a cantar “É o 'erplano' / Caiu ao mar por engano / É o 'erplano' de Cascais / Caiu ao mar p'ra nunca mais”.

Já no “encore”, Celina da Piedade interpretou, de forma intimista, “A Roupa do Marinheiro” e, logo de seguida, “Limoeiro”, a propósito do qual referiu que a primeira vez que cantou esta música em palco foi em Estarreja e, justamente, com os A Par d'Ilhós. “Aqui semeámos o limoeiro”, disse, acerca duma canção que evoca um mundo perfeito, de comunhão e partilha, e em cujos arranjos sobressaíram acordes da “Avé Maria” de Gounod. Tudo acabou em festa com “Calimero e a Pêra Verde”, o publico convidado a por-se de pé, a cantar e a dançar. “Deste-me uma pêra verde / Estava a meio de amadurar / Pêra verde minha verde pêra / Não me venhas enganar”. Já está!

Sem comentários:

Enviar um comentário