ARTES CIRCENSES: “Plaina”
Interpretação | Ariana Silva,
Douglas Melo, Fábio Constantino, Mauricio Jara e Telma Pinto
Direcção Artística | Jorge Lix
Cenografia | Arnold Von Rossum
Música Original | Luca Argel
Produção | Cia Umpor1
Cine-Teatro de Estarreja
06 Mai 2018 | dom | 17:00
Encerrando um fim de semana recheado de
propostas inovadoras e de enorme qualidade, as Artes Circenses
subiram ao palco do Cine-Teatro de Estarreja com o espectáculo
“Plaina”, da Companhia Umpor1. Inserida na Programação Cultural
em Rede da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, a peça
foi construída num pressuposto de relação entre território,
identidade e património, conjugando pessoas, saberes e tradições e
permitindo, desta forma, a construção de novas memórias sob
perspectivas artísticas contemporâneas.
Partindo das histórias e memórias
ligadas à ria e aos seus esteiros, Jorge Lix, o Director Artístico
da Cia Umpor1, constrói um espectáculo cuja linha dramatúrgica
persegue a construção naval como arte em vias de extinção,
encontrando no desaparecimento do moliço a razão para a morte dos
estaleiros. Neste trabalho de reconstrução da memória – a
remeter para os ambientes dum velho estaleiro nas margens da ria -,
“Plaina” serve-se dum dispositivo cénico versátil e dum
desenvolvimento inteligente para deixar uma mensagem de cariz
marcadamente ecológico, evocativa da importância da preservação
da natureza.
Fundindo as Artes Circenses com o
Teatro e a Dança, o espectáculo vive muito da enorme plasticidade
dos elementos cénicos – o contraste entre o “rijo” da madeira
e o “mole” do moliço proporciona momentos de grande beleza -,
mas vive sobretudo das prestações de cinco jovens em palco que
interpretam, de forma tocante, os dilemas, frustrações e
contradições daqueles que viram a vida no imenso manto de água
extinguir-se a cada dia, o mundo a desabar à sua volta, o futuro
carregado de incertezas. De todos eles, permito-me destacar Ariana
Silva numa estreia auspiciosa, rosto fechado sob um barrete
de lã, uma teatralidade invulgar, o palco cheio com a sua presença.
Adereços dum estaleiro que se
desmorona, varas, cordas, tábuas e redes voltam a ganhar vida
através do olhar e do gesto dos actores. São eles os arautos da
mudança. Saibamos nós – todos nós (!) - ser dignos depositários
da sua mensagem de esperança e agentes interventivos na reposição
dum mundo mais justo e equilibrado, mais digno e melhor!
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