CONCERTO: “Big Band Estarrejazz
convida João Mortágua”
Cine-Teatro de Estarreja
29 Abr 2018 | dom | 17:00
Quando se assinala, em 190 países à
volta do Mundo, mais um Dia Internacional do Jazz, recuamos doze
horas na linha do tempo, ao encontro do concerto da Big Band Estarrejazz e do seu
convidado, o saxofonista João Mortágua, que ontem mesmo, num
Cine-Teatro de Estarreja despido de público, fez questão de,
antecipadamente, marcar a efeméride. Pela segunda vez no seu
historial, a Big Band Estarrejazz teve a dirigi-la Carlos Azevedo, um
homem que se define acima de tudo como compositor mas que tem sido um
importante protagonista do movimento jazzístico português, tanto no
campo educativo – associou-se à fundação da Escola de Jazz do
Porto nos anos 80 e criou a primeira Licenciatura em Jazz do país,
na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (ESMAE), em
2001 – como performativo – partilha com Pedro Guedes, desde 1999,
a Direcção Musical da Orquestra Jazz de Matosinhos.
Assente na enorme qualidade dos seus executantes que, embora muito jovens, são já uma certeza da cena
jazzística nacional - casos do trombonista Rui Bandeira, dos
saxofonistas Ricardo Rosas, Tiago Silva, Domingos Henriques, Miguel
Valente e Tomás Marques, do pianista José Diogo, do guitarrista
Ricardo Alves ou do contrabaixista João Fragoso - a Big Band Estarrejazz ofereceu um concerto de grande nível, interpretando alguns
standards de maneira absolutamente genial. De “Just In
Time”, do compositor britânico-americano Jule Styne ou “Do
Nothing Till You Hear From Me”, do fabuloso Duke Ellington, as duas
peças que abriram o concerto, a “Straight, No Chaser”, de
Thelonious Monk, com direito a repetição, já no “encore”, o
público foi brindado com momentos de grande qualidade e intensidade
interpretativa, ao encontro de temas indelevelmente gravados na memória de todos e cujas sonoridades remetem para a sofisticação dum Cotton Club, para as Noites Escaldantes de Gere e Turner, para Nicolas Cage,
perdido de bêbado, em Leaving Las Vegas ou para o que se quiser, desde que com o Jazz em pano de fundo.
Ainda antes da presença de João
Mortágua em palco, foi possível escutar “Flight Of The Foo
Birds”, de Neal Hefti e o já referido “Straight, No Chaser”,
para logo de seguida o saxofone alto do “convidado-estrela”, como foi definido por Carlos Azevedo, começar a debitar magia. “Long Ago (And
Far Away)”, de Jerome Kern, voltou a convocar o grande ecrã e
Cover Girl, com Rita Hayworth e Gene Kelly. “There Will Never Be
Another You”, de Harry Warren, imortalizado na voz de Chet Baker e aquele que foi o grande momento da tarde, com “Skylark”, de Hoagy Carmichael,
num arranjo fabuloso de Bob Brookmeyer, completaram um concerto que
teve uma revelação – com Carlos Azevedo a assumir-se como “o
Mourinho das Big Band” -, uma provocação – com “vivas” reiteradas ao Tondela - e uma explosão (!) ... que não magoou ninguém!
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