CONCERTO: “BBJ abraça
Sassetti”
Centro de Arte de Ovar
22 Abr 2018 | dom | 17:00
Com o “abraço” da Big Band Junior
a Bernardo Sassetti, chegou ao fim a primeira edição do Ovar em
Jazz, iniciativa no âmbito da programação em rede da comunidade intermunicipal da região de Aveiro. O evento - que
contemplou uma oficina de improvisação, uma masterclass, jam
sessions e quatro concertos em outros tantos dias consecutivos - viria a revelar-se um
verdadeiro maná para os amantes do jazz, quer pela variedade das propostas, quer sobretudo pela sua extraordinária qualidade. De parabéns está a
entidade organizadora do Ovar em Jazz, a Câmara Municipal de Ovar, e
sobretudo Fátima Alçada, a programadora dum evento que, em edição
de estreia, revelou conhecimento e ambição, logrando colocar Ovar no mapa da cena
jazzística nacional.
No último dia do Ovar em Jazz foi
possível escutar a música feita pela Big Band Junior – agrupamento de
20 crianças e jovens, conduzidas em palco pelo maestro Claus Nymark –,
que soube gerir da melhor forma um programa ambicioso, quase
integralmente dedicado a Bernardo Sassetti, desaparecido em 2012, aos
41 anos de idade. “Pescaria”, uma encomenda da Porto 2001 –
Capital Europeia da Cultura / Casa da Música e interpretada na
estreia pela Orquestra de Jazz de Matosinhos, abriu o concerto,
seguindo-se “Seja um caminho azul”, com música e arranjos de
João Godinho, um dos Directores Artísticos da Big Band Júnior.
Depois de “Azul é o Mar”, de Carlos Bica (do álbum “Azul”,
2007), regresso a Sassetti com dois temas extraídos do álbum
“Nocturno” (2002), “Quando Volta o Encanto” e “Olhar”,
reveladores da sensibilidade extrema do compositor. “Mali
M'Bule Baaba”, com música de Carlos Martins, Carlos Barreto,
Bernardo Sassetti e Cindy Blackman, revelou-se um delicioso
divertimento e “Algumas Coisas Nunca Mudam”, do álbum “Mundos”
(1997), encerrou o concerto da melhor maneira, realçando uma vez mais
o enorme talento de Sassetti e exaltando a sua capacidade única de
pintar paisagens sonoras de inigualável beleza.
Dizer que “BBJ abraça Sassetti”
foi um excelente concerto é dizer muito pouco. Não se remetendo aos
alinhamentos clássicos das Big Band – com Glenn Miller, Count
Basie, Tommy Dorsey ou Harry James à cabeça –, a BBJ revelou
ambição e apostou forte ao abraçar um projecto com tanto de exigente como de belo. Aposta ganha, já que a qualidade interpretativa do grupo
– reforçado pelo saxofonista alto Bernardo Tinoco, pelo trompetista
João Moreira e pelo “líder espiritual” da BBJ, o contrabaixista
João Fragoso – e a forma como soube captar a essência da música de Sassetti, ficaram bem patentes ao longo do concerto. Apesar da
sua juventude, há na Big Band Junior gente com um potencial enorme, que os responsáveis pelo projecto têm sabido trazer ao de cima. É uma nova geração
do Jazz a despontar, desejosa por se afirmar, por mostrar aquilo de que é capaz. Pois que possamos manter-nos por cá, a vê-los crescer
e a crescer com eles.
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