EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “Entre a
Síntese e o Detalhe”,
de Rodrigo Costa
Museu de Ovar
14 Abr > 12 Maio 2018
Toda a intuição artística autêntica
ultrapassa o que os sentidos captam e, penetrando na realidade,
esforça-se por interpretar o seu mistério escondido. O seu fluxo
brota das profundezas da alma humana, lá onde a aspiração de dar
um sentido à própria vida se une com a percepção fugaz da beleza
e da unidade misteriosa das coisas. Foi isto que Rodrigo Costa
conseguiu transmitir no workshop de pintura que ministrou no Museu de
Ovar no passado sábado, 21 de Abril, e que serve de base a uma
leitura mais rica e detalhada do conjunto de obras que compõem a
exposição “Entre a Síntese e o Detalhe”, da sua autoria.
Das paisagens amplas duma natureza que,
na sua placidez aparente, encerra o germe da fúria e da destruição,
à calma do atelier, espaço de conforto transformado em desconforto
pelo impulso criador, o conjunto expositivo contempla uma viagem
entre o real e o imaginário, abrindo ao espectador a possibilidade
de fruir o que é dito e de intuir o tanto que fica por dizer em
cada uma das obras apresentadas. A dimensão da arte de Rodrigo
Costa transcende o belo e coloca-se além do juízo estético de cada
um. Cada obra sua revela que o artista é pensamento, inteligência,
razão, mas também é emoção. O meio envolvente, a natureza, o que
observa “sob céu de silêncios” ou num “poema do princípio
sem fim”, é transmitido ao espectador de forma emocional, lançando-o nas mesmas dúvidas e certezas perante emoções de prazer ou desagrado, gosto ou tristeza, beleza ou fealdade.
Rodrigo Costa não é alguém
preocupado em criar rupturas, porque, como o próprio afirma, nunca
viu na Pintura, ou na Arte em geral, mais do que poesia, espaço de
expressão do que se sente, contando segredos tornados histórias que
não quer deixar caladas. Que há de novo, então, que possa
oferecer, se não o move o interesse de percorrer caminhos diferentes
ou, mesmo, fazê-los ao contrário? A resposta não poderia ser mais
eloquente e está nas palavras do artista: “Novo é o caminho que
fizermos, sendo o nosso; é o destino que desenharmos com o nosso
gesto; é a integridade com que nos aceitamos, sem nos desvirtuar a
obsessão por um lugar na História... Novo é o que fizermos ser
nosso reflexo – que a História está farta de quem não se aceita
na imagem que o espelho mostra”. É esta carga de verdade que
atravessa “Entre a Síntese e o Detalhe”, conjunto de dezasseis trabalhos de enorme beleza e alcance e que pode ser apreciado até ao próximo dia 12 de Maio na Sala dos Fundadores do
Museu de Ovar.
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