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sábado, 10 de março de 2018

CONCERTO: "Aldina Duarte"



CONCERTO: Aldina Duarte
Casa da Criatividade, S. João da Madeira
09 Fev 2018 | sex | 22:00


Quando a paixão pela poesia se junta a uma voz arrebatadora, crua, visceral, isso é Aldina Duarte. Cantando pela primeira vez em S. João da Madeira, a fadista deixou os presentes (cerca de meia sala) rendidos ao seu fado, oferecendo-lhes os poemas do seu novo álbum, “Quando Se Ama Loucamente”, ao mesmo tempo revisitando alguns dos temas mais aclamados dos seus álbuns anteriores. Fê-lo de forma intimista, com a força duma oração, transformando as palavra em espelho da alma e devolvendo-as como objecto de deleite.

Aldina abriu o concerto com “Conto de Fadas” - “uma veste de marfim / debruada de renda e uns olhos claros / por onde se veja” -, a voz apenas sussurrada, as guitarras caladas, o palco na penumbra. Este momento arrepiante [pode ser ouvido clicando na imagem] serviu de mote para um concerto marcadamente intimista, com uma carga poética de enorme intensidade e beleza, onde avultaram as palavras de Maria Gabriela Llansol e as letras de Maria do Rosário Pedreira, Manuela de Freitas, João Monge e da própria fadista, feitas de paixões ardentes, de pulsões telúricas ou apenas dessa enorme força de ser mulher.

Do lindíssimo “Antes De Quê?”, do seu primeiro álbum, a “Quando Se Ama Loucamente”, a canção que dá nome ao disco mais recente, foi todo um desfiar de emoções a derramar-se do seu canto, como um amor sereno vogando no mar calmo da felicidade. “Casa do Esquecimento”, “Senhora dos Meus Passos”, “Beijo Enganador”, “Fada do Lar”, “Não vou”, “A Estação das Cerejas”, “Xaile Encarnado” ou “Fora do Mundo (Fado Calixto)”, este último de novo nos “encores”, depois de ter sido cantado durante o alinhamento do concerto, provaram que Aldina Duarte interpreta, como ninguém, a essência do próprio fado. Palpitante e sedutora, ela foi um bálsamo de serenidade, uma lira apaixonada numa noite de tempestade.

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