CONCERTO: Aldina Duarte
Casa da Criatividade, S. João da
Madeira
09 Fev 2018 | sex | 22:00
Quando a paixão pela poesia se junta a
uma voz arrebatadora, crua, visceral, isso é Aldina Duarte. Cantando
pela primeira vez em S. João da Madeira, a fadista deixou os
presentes (cerca de meia sala) rendidos ao seu fado, oferecendo-lhes
os poemas do seu novo álbum, “Quando Se Ama Loucamente”, ao
mesmo tempo revisitando alguns dos temas mais aclamados dos seus
álbuns anteriores. Fê-lo de forma intimista, com a força duma
oração, transformando as palavra em espelho da alma e devolvendo-as
como objecto de deleite.
Aldina abriu o concerto com “Conto de
Fadas” - “uma veste de marfim / debruada de renda e uns olhos
claros / por onde se veja” -, a voz apenas sussurrada, as guitarras
caladas, o palco na penumbra. Este momento arrepiante [pode ser ouvido clicando na imagem] serviu de mote
para um concerto marcadamente intimista, com uma carga poética de
enorme intensidade e beleza, onde avultaram as palavras de Maria
Gabriela Llansol e as letras de Maria do Rosário Pedreira, Manuela
de Freitas, João Monge e da própria fadista, feitas de paixões ardentes, de pulsões telúricas ou apenas dessa enorme força de ser
mulher.
Do lindíssimo “Antes De Quê?”, do
seu primeiro álbum, a “Quando Se Ama Loucamente”, a canção que
dá nome ao disco mais recente, foi todo um desfiar de emoções a derramar-se do seu canto,
como um amor sereno vogando no mar calmo da felicidade. “Casa do
Esquecimento”, “Senhora dos Meus Passos”, “Beijo Enganador”,
“Fada do Lar”, “Não vou”, “A Estação das Cerejas”, “Xaile Encarnado”
ou “Fora do Mundo (Fado Calixto)”, este último de novo nos
“encores”, depois de ter sido cantado durante o alinhamento do
concerto, provaram que Aldina Duarte interpreta, como ninguém, a
essência do próprio fado. Palpitante e sedutora, ela foi um bálsamo
de serenidade, uma lira apaixonada numa noite de tempestade.
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